terça-feira, 27 de julho de 2010

Recados ao meu primo Luis Bernardo



Meu Caro Luis Bernardo,

Hoje acordei cedo e tinha-me deitado ontem tarde.

Se estiveres com os meus Pais, diz-lhes que me fazem uma falta danada. Tenho imensas saudades de voltar a ser filho sem complicações, sem grandes responsabilidades.

Isto por cá está uma barra pesada de levar, comparado com o que me descreveste ser isso por aí.

Não é muito justo irem-se embora assim, sem mais nem menos, aqueles de quem gostamos, deixando-nos sem regaço aonde pousar a cabeça cansada de preocupações, sem mãos para entrelaçar nas nossas e afagar em silêncio.

É que isto de ficarmos sozinhos a ter que gerir a nossa vida, sem um bom conselho de vez em quando, sem um porto aonde nos abrigarmos quando há tormenta, é mesmo muito difícil.

Repito-te, isto por cá anda difícil, nem tu imaginas.

Cada um com os seus problemas, sem tempo para olhar para os dos outros. E eu quando te escrevo, sinto-me bem, pois sei que o que te digo vai ao teu encontro num ambiente em que já nada faz sofrer e permite-te observar, reflectir e aconselhar com calma e tranquilidade.

É tremendo quando se acorda de noite e se constata que é a nós agora a quem compete transmitir tudo isto que te estou a dizer, para os que nos seguem na linha da vida.

Bem, por hoje é tudo.

Um abraço amigo do

Manuel

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