Viagem ao Irão

A minha viagem ao Irão avança e espero fazê-la durante o mês de Maio.

Na sua preparação tenho tido contactos com diversas entidades e é sempre importante ir antecipando as dificuldades que encontrarei, o que é natural, dado que se trata de um país que esteve largo número de anos sem contactos directos com a cultura dos países ocidentais.

É avisado que se faça um esforço para entender a cultura local, e perceber que apesar da recente abertura ser encorajante, ainda não passou o tempo necessário para que se enraizassem ao nível das Autoridades, entidades públicas e privadas bem como o sector financeiro, um conjunto de práticas que são correntes desde há muito nos países, ditos, civilizados.

Esta circunstância não permite que aqueles sectores de actividade, que potencialmente têm bastante futuro, possam ainda ser desenvolvidos para o mercado exterior. Refiro-me, nomeadamente, aos projectos de lazer e de luxo, desejosos de atrair um mercado internacional ávido de novidade e de diferença mas que por razões culturais e de hábitos "religiosos", tornam a abertura, por enquanto impossível.

Creio e espero que chegue o tempo de respeito mútuo total por outros hábitos sem ser obrigatório que uns e outros renunciem aos seus próprios: o que não é aceitável é a imposição de práticas, nomeadamente de vestuário feminino, que jamais serão cumpridas por um mercado estrangeiro apetecível e desejoso de colaborar na reinvenção do Irão, mas sem ter que se vergar a costumes ultrapassados e medievais.
Trata-se, numa palavra, do respeito pela liberdade de cada um.

Há, no entanto, muitos outros sectores de actividade que merecem desde já uma abordagem directa e sem quaisquer obstáculos, exigindo trocas de informações, conversações directas e visitas recorrentes ao país para bem se entender o tecido empresarial do Estado e privado.

Por isso, e a terminar, um novo caminho das pedras se nos propõe para fazermos, mas cimentado por uma cultura milenar e embrionária das nossas. Mais do que motivos para o encetarmos.