domingo, 29 de abril de 2018

O amor é tanta coisa


Hoje a falta de sono deu-me para escrever sobre este texto

da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios:


A caridade é paciente, a caridade é benigna;

não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa;

não é inconveniente, não procura o próprio interesse;

não se irrita, não guarda ressentimento;

não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade;

tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor é paciente: tantas vezes a falta de paciência para a família, pais, sogros, irmãos, filhos, cunhados, amigos, empregados, patrões - no fundo para aqueles a quem seria mais fácil amar ou estimar por estarem mais perto, por ser mais cómodo e directo mas dando menos nas vistas. São os amigos importantes, os de fóra que trazem prestígio, dinheiro e vã exteriorização da vaidade que merecem curvaturas de espinha, lisonjas, louvaminhices. Falta de paciência para a idade, para a doença, às vezes até crueldade, tom áspero. E então para com os estúpidos ou menos cultos, para os pobres, para os inferiores toda uma infinidade de razões para fugirmos ou darmos o mínimo do nosso tempo, fazer-nos ausentes.
O amor é benigno : é este calor interior que se sente quando se faz o bem, a noção de praticar a bondade, de nos sentirmos confortados em ir ao encontro dos outros sem intuitos interesseiros e sabermos que pudèmos contribuir para lhes minorar o sofrimento ou dar alegrias, agir sem olhar a quem. Não significa piedade no sentido negativo do termo, mas compaixão amorosa, e solidariedade, bonomia e serenidade.
O amor não é invejoso : alegra-se com as vitórias dos outros, encoraja e aconselha para que obtenham o sucesso. Não ri só nos cantos mas abre a boca escancarada de satisfação pelo bem que acontece aos outros, promove até o êxito e rejubila e partilha com sinceridade a felicidade que sentem e prega a concórdia e evita a intriga, como não pratica a vingança.
O amor não é altivo nem orgulhoso: actua com modéstia, cultiva o dom da simplicidade, não se guinda aos píncaros da superioridade, não se vangloria nem humilha os mais fracos, reconhece os defeitos e com doçura faz a correcção fraterna e aceita que lha façam.
O amor não é inconveniente: é prudente nos juízos, não julga os outros com maldade ou vingança, estuda e analisa as causas da prática do mal, é atento, compassivo e guarda o silêncio quando seja mais aconselhável do que falar, não interfere desnecessariamente, não é maledicente nem intriguista e cultiva a paz entre as pessoas.
O amor não procura o próprio interesse: é generoso no dar, não é egoísta e reparte com os mais necessitados, os doentes, os presos, entrega-se e esquece-se de si mesmo, utiliza os bens da natureza ou os frutos do seu trabalho com prudência e dignidade sem esbanjamentos e exerce a simplicidade no comportamento em sociedade.
O amor não se irrita e não guarda ressentimento: é amoroso, compreensivo e aceita com bondade e paciência os comportamentos dos outros, sabe perdoar e esquecer e vai de braços abertos e coração sincero ao encontro do prevaricador. É verdadeiro, sincero e magnânimo no entendimento da culpa dos outros e mostra-se reconhecido a quem lhe perdoa.
O amor não se alegra com a injustiça: protesta e indigna-se com a perseguição, com a deslealdade, com o abuso e com a violência e luta ao lado dos mais desfavorecidos e desprotegidos e contra aqueles que violam a liberdade.
O amor alegra-se com a verdade: preza a pureza da voz do justo e do arrependido, opõe-se à mentira e sofre com o fingimento, com o falso testemunho, com a acusação vil e inverdadeira, a calúnia, o rumor, o boato, a intriga e a prática do vício da opressão como justificação do uso desmesurado do poder.
O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta : é a panaceia para todos os males, é o consolo dos aflitos, o apoio dos necessitados da cura das dores da alma, do corpo ou do espírito. É a solução para a paz, para a concórdia, para o bem viver. É o ingrediente inteligente e único para a obtenção da felicidade, seja ela qual for.
Este amor, nunca acaba.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

grain de folie


J'ai longtemps pensé qu'en vieillissant, on en arrivait à mieux comprendre les choses, les personnes ou les événements.
C'est faux.
Avec le temps, on s'en fout.

Jordan Ray

não morra vossa mercê, meu senhor


"Ai - respondeu Sancho, chorando - não morra vossa mercê, meu senhor, mas aceite o meu conselho e viva muitos anos, porque a maior loucura que um homem pode fazer é deixar-se morrer, sem mais nem aquelas, sem que ninguém o mate, sem que outras mãos o acabem além das da melancolia."

Miguel de Cervantes
in "D. Quichote de La Mancha"

terça-feira, 24 de abril de 2018

Viver é...

Viver é...

Viver é uma peripécia. Um dever, um afazer, um prazer, um susto, uma cambalhota. Entre o ânimo e o desânimo, um entusiasmo ora doce, ora dinâmico e agressivo.
Viver não é cumprir nenhum destino, não é ser empurrado ou rasteirado pela sorte. Ou pelo azar. Ou por Deus, que também tem a sua vida. Viver é ter fome. Fome de tudo. De aventura e de amor, de sucesso e de comemoração de cada um dos dias que se podem partilhar com os outros. Viver é não estar quieto, nem conformado, nem ficar ansiosamente à espera.
Viver é romper, rasgar, repetir com criatividade. A vida não é fácil, nem justa, e não dá para a comparar a nossa com a de ninguém. De um dia para o outro ela muda, muda-nos, faz-nos ver e sentir o que não víamos nem sentíamos antes e, possivelmente, o que não veremos nem sentiremos mais tarde.
Viver é observar, fixar, transformar. Experimentar mudanças. E ensinar, acompanhar, aprendendo sempre. A vida é uma sala de aula onde todos somos professores, onde todos somos alunos. Viver é sempre uma ocasião especial. Uma dádiva de nós para nós mesmos. Os milagres que nos acontecem têm sempre uma impressão digital. A vida é um espaço e um tempo maravilhosos mas não se contenta com a contemplação. Ela exige reflexão. E exige soluções.
A vida é exigente porque é generosa. É dura porque é terna. É amarga porque é doce. É ela que nos coloca as perguntas, cabendo-nos a nós encontrar as respostas. Mas nada disso é um jogo. A vida é a mais séria das coisas divertidas.

Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'

sábado, 21 de abril de 2018

INSTANTÂNEO no Hotel Ritz


INSTANTÂNEO

Um casal de russos na sala do Ritz. Estou sentado num sofá ao lado. Estranho estar a perceber a conversa deles em russo. Será um dom de que nunca me tinha apercebido?

Falam sobre um político português que há de vir ter com eles.

O Presidente Putin disse que era preciso ajudá-lo com dinheiro e influência nos media.

Nem quero crer em mim em estar a entender tudo isto.

Com espanto vejo entrar Sócrates no Ritz e ser cumprimentado com deferência pelos porteiros. Vem de jeans e com um pull-over roxo e procura à volta como se quisesse encontrar alguém.

Não resisti: levantei-me e dirigi -me a ele e apresentei-me dizendo-lhe:

- Bom dia meu Primeiro-Ministro. Chamo-me Luís Paixão (o meu nome de código).

Sócrates ficou agradado pelo tratamento de posse: " meu Primeiro-Ministro"!

Disse-lhe num murmúrio enquanto a Diana Krall, cantava "squeeze me":

- russos, Putin?

Ele ficou a olhar para mim pasmado e eu pegando-lhe afectuosamente no braço conduzi-o até ao casal russo.

Uns em frente dos outros, ouvi uma palavra de código dita baixinho por Sócrates: - glasnost!

Grande sorriso e abraços e eu escapuli-me não sem alguma pena de não ter pensado em qualquer aproximação ao Vladimir.... são negócios garantidos e dinheiro em caixa.

Fiquei a pensar como raio eu tinha entendido o russo! Só pode ter sido por estar vaticinado pelos deuses para uma missão neste mundo.

sábado, 14 de abril de 2018

ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE UM POSSÍVEL ATAQUE À SÍRIA


ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE UM POSSÍVEL ATAQUE À SÍRIA

Recebi um vídeo do YouTube em que no Sky news um oficial do exército britânico quando pretende denunciar que foi o exército britânico que utilizou as armas químicas e escondeu essa utilização para que o Governo Sírio seja atacado como tendo sido o autor, foi-lhe cortada a palavra para não informar os espectadores.

Outras fontes internacionais também citam esta versão e fico perplexo pela hipocrisia mais uma vez demonstrada pelos USA e os seus aliados de quererem justificar um ataque à Síria tal como foi como no Iraque a qualquer preço.

O comércio de armamentos, as vultosas comissões e o emprego na indústria do armamento justificam infelizmente o uso das armas e das guerras.

Trump está completamente desorientado com as "bombas" que lhe rebentam em casa. Parece uma barata tonta que para cada lado que vira a cara leva um chapadão inesperado.

Estamos de facto num momento muito complicado da história do mundo.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Mark Zuckerberg de novo


FACEBOOK E O CONTROLO DO MUNDO

Estive de novo a ver as declarações de hoje de Zuckerberg no Congresso.

Fiquei chocado quando respondeu a perguntas claras, precisas e directas dizendo " que quem não quiser estar no Facebook, pode sempre sair ".

Arrogância, e uma indicação subtil, de que vai fazer mais uma série de promessas que não irá cumprir, como nos casos anteriores, pois o objectivo é ganhar dinheiro e no fundo vender informações a quem mais pagar.

Os cidadãos do mundo julgam que são livres, mas na realidade são escravos de grandes grupos que os manipulam e lhes dão enganosamente a sensação de liberdade de escolha.

Percebe-se que haja quem se revolte, que faça revoluções para afastar impostores e monopolistas, só que infelizmente a maioria das pessoas tem dois grandes defeitos: comodistas e não pensam.

Trump diverte-se no recreio com uma cambada de idiotas de yes men


Trump diverte-se no recreio com uma cambada de idiotas de yes men


Estive a acompanhar o desenvolvimento da situação das ameaças de Trump pelo twitter de que vai fazer a guerra. Parece a "guerra do Solnado"!

Estando em causa a vida de novas pessoas que irão morrer nos bombardeamentos, mulheres e crianças que fazem parte do povo sírio e não são de certeza terroristas, sendo que o querem é paz e poderem viver uma vida de família, como é possível esta ligeireza de Trump que espanta o mundo normal mas cujos políticos não se atrevem a discordar com coragem e determinação.

Situações como na Venezuela e em outros países do mundo em que seria fácil aos USA pôr fim ao tormento de milhões de cidadãos, não merecem sequer um minuto de atenção.

Trump diverte-se no recreio com uma cambada de idiotas de yes men que têm vindo paulatinamente a ser escolhidos por esta condição em detrimento de outros que ao discordarem são corridos por twit.

Como é possível que o povo americano tolere isto?

quarta-feira, 11 de abril de 2018

AUDIÇÃO NO CONGRESSO DOS USA DO CEO DO FACEBOOK


AUDIÇÃO NO CONGRESSO DO CEO DO FACEBOOK

Estive a ouvir até agora a audição no Congresso dos USA do CEO do Facebook, Mark Zuckerberg.

Algumas considerações:

1. Zuckerberg confirmou a sua inteligência nas respostas dadas;

2. A maioria dos Senadores não têm uma vivência pessoal ou compreensão técnica para um debate sobre plataformas tecnológicas, sem embargo de terem assistentes ou familiares que a têm e veicularem algumas das dúvidas suscitadas;

3. Existe no sector Republicano um desejo absoluto de criar legislação apertada para controlar os conteúdos e informações dos usuários, instalando um clima de censura que vai matar ainda mais o Facebook. A maioria dos utilizadores americanos são básicos , aliás como em muitos outros países incluindo Portugal, e as "conversas" facebookianas não interessam nem ao Menino Jesus, pois não põem em perigo nenhum regime. São de carácter paroquial e pessoal. É o que é.

4. Não obstante, é preciso constatar e reconhecer o poder, a influência, os lobbies, e o desempenho de Zuckerberg de um papel no mundo que não é despiciente. Pouco se sabe e se saberá do modelo de negócio por muito que ele diga o contrário. No entanto foi correcto e inteligente nas respostas (evitando mentir mas não se comprometendo) por forma a defender a independência do Facebook e da sua rentabilidade.

5. Como primeiras conclusões que tiro:

a) não temos realmente controlo sobre os nossos dados quer no Facebook quer em outros fora (para quem não sabe, é o plural latino de forum) pelas nossas limitações e pequenez face ao galopante avanço da IA (inteligência artificial);

b) o modelo de negócio do Facebook, cuja adesão é gratuita, e cujos resultados e proveitos são arquibilionários, deriva de uma série de algoritmos que projectam para fora do facebook através de developers e apps o nosso pensar e sentir sendo objecto de tratamento de marketing e não só, que podem condicionar mercados, eleições, opiniões públicas, etc.. O lucro está aqui para o Facebook ao interagir com o mercado das app que a cada dia aparecem no Facebook e que vendem...por exemplo ténis, de várias marcas e cores e de diversos fornecedores.

c) não tenho segredos a esconder, defenderei como sempre fiz a minha liberdade de expressão e acho compensatório tudo quanto o que o facebook me traz: amizades novas, conhecimento, pessoas interessantes e também desinteressantes, boas oportunidades e já vou no meu 3º casamento desde que aderi ao Facebook...tinha que vir a asneira...ahahah

Por isso foi instrutivo, agradável de ver um rapaz de 34 anos genial e brilhante a defender a sua vida profissional e com grande espanto meu, constatar que muitos das dezenas de Senadores diziam abertamente que precisavam da colaboração do Zuckerberg para fazerem leis que regulem o sector.

Fiquei a pensar para mim, que o Zuckerberg, vai com todo gosto cimentar o que pretende para a sua empresa, ao ajudar na regulação e criar dificuldades aos seus concorrentes.

Tenho muitas dúvidas que tenha havido muitos meus concidadãos que tenham assistido e se interessem por estes temas que são actuais, fascinantes. Aposto que estiveram a ver tudo que tem a ver com o Sporting ou futebol...

Tão verdadeiro o ditado: "albarda-se o burro, à vontade do seu dono.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

óculos escuros de sol


INSTANTÂNEO

Tive que ir a uma reunião com uns estrangeiros perto do Rossio e por isso deixei o carro no parque dos Restauradores e fui a pé.

Ia de óculos escuros pois estava sol de manhã e sempre é estiloso…ahahahah…e de repente no passeio sou interpelado por uma mulher que me diz em inglês:

- Want sunglasses? You english?

- I am Ucranian. I have sunglasses already as you see. – disse eu, divertido.

Mostra-me um par de óculos escuros e aponta para a “marca” nas hastes.

- Very good, Porsche! E de repente atira-se-me à cara, arranca os meus e sem eu ter conseguido impedi-la, pranta-me os Porsche na cara.

Tirei-os com cuidado e ela diz-me : you look very nice sunglasses. Only € 18,00 e num sufoco de me querer vender foi baixando até aos € 10,00. Eu calado e com uma cara bem-disposta.

Às tantas falei em português e disse-lhe: - como vê já tenho uns óculos escuros e não preciso de outros, e esses não são da Porsche mas são bonitos.

Afastei-me para não ter que ouvir, coitada, baixar o preço a um montante escandaloso para ela.

Fui andando e fui cogitando como não sabemos, mesmo, o que pode significar para esta e para tanta gente vender, ao menos, um dos produtos com que andam a arrastar-se por ruas e praças sem nenhum curso de marketing, mas com aquele que é o resultante da experiência da vida e do desespero da fome e da miséria.

Triste mundo este em que se gasta tanto dinheiro com armas e guerras e mortos de inocentes e não conseguimos alimentar convenientemente os seres humanos nossos próximos.

domingo, 8 de abril de 2018

Instantâneo


INSTANTÂNEO

Saí a seguir ao almoço para caminhar e como vi sol, não levei, imprevidente, chapéu de chuva. Estava frio e sobre uma camisa de lã aos quadrados escoceses em tons de azul de várias tonalidades, um leve gilet de malha com um fecho éclair, que puxei para cima, levantando a gola.

Arrependi-me logo ali, mas tive preguiça de voltar a casa.

Passei pela botica a aviar um remédio contra a tosse e ao descer por uma avenida abaixo, desatou a chover.

Fui-me abrigando tanto quanto pude debaixo de beirais salientes, mas a chuva que caía generosa, ia-me ensopando o casaco e molhando os jeans.

Não há nada de menos romântico do que apanhar uma molha sem pretender dansar nem cantar o " singing in the rain" considerando sobretudo que nesse cenário sempre havia um chapéu de chuva!

Entrei desaforado na Bertrand e a praguejar baixinho. Já lá sou conhecido dos empregados: um rapaz novo sorrindo sempre às minhas graças e uma rapariga rondellette que é a chefe da livraria.

Andei a miroscar as novidades, fiz perguntas e alguns comentários amalucados mas sem mal, pois estávamos só os 3 nessa manhã de chuva.

Fixei-me no último livro do Pedro Mexia, "Lá fora" que folheei e me interessou. Tinha lido a entrevista dele ao Observador bem como tendo já estado umas vezes com ele, é um escritor que me agrada ler.

Ainda folheei outros livros e revistas e jornais estrangeiros, mas a molha moderou-me os gastos!

Estava com fome pois tinha tido um frugal pequeno-almoço. Decidi-me a ir comer um croissant e beber um galão.

Ao dirigir-me porém, para a pastelaria, cruzei-me com uma antiga namorada.

Ela não me viu, mas eu sim. Estava diferente. Todos estamos.

No caminho de regresso a casa pus-me a pensar como seria se a tivesse desposado! E fiquei convencido que a minha escolha de não o ter feito, fora avisada.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

BRASIL e CATALUNHA







BRASIL e CATALUNHA

Lula é indiscutível que para além de pessoalmente ser corrupto deu origem a um conjunto de situações em que o seu Governo tornou a imagem do Brasil lastimável.

O facto de ser um combatente de esquerda e populista e pretensamente defender os mais desfavorecidos (veja-se como enriqueceu à custa de desonestidades) não o dispensa de honrar o cargo que desempenhou e dar o exemplo de um Presidente impoluto e sem recriminações. Tal como qualquer outro cidadão, pode-se defender, foi condenado, paga a pena na prisão. Armar-se em vítima e utilizar o povo analfabeto, emocional e como todos os povos, manipulável é um truque baixo e qualifica muito mal os políticos brasileiros e a Justiça se não tiver força para mandar cumprir a sentença.

Quanto à Catalunha, quer na vida pessoal de cada um quer e sobretudo na política há ganhar e perder. Puigdemont perdeu e também para além de agumas acusações de corrupção, desobedeceu à lei em vigor e por isso terá que pagar o preço da sua atitude.

Em ambos os casos, com a democracia abriliana, tornou-se claro que "o povo é quem mais ordena" conceito que desde há muito tem vindo a ser aplicado em vários países do mundo em que se deram reviravoltas democráticas. Não aquelas em que a coberto do nome do povo, se instauraram ditaduras.

Por isso se no Brasil e na Catalunha, o dito povo quiser que triunfem estas personalidades e os seus ditames e interesses, façam o favor....é claro que para quem esteja contra e creia vir a sofrer perseguição por ter ideias opostas, o caminho é o exílio.

Não penso que uma nova ditadura militar no Brasil sirva os interesses das gentes e da Nação Brasileira. Ditaduras de um sentido ou de outro são sempre más.

Mas o mundo aguarda com ansiedade e algum espanto como vai o poder judicial ter força e conseguir por Lula na cadeia.

Se não conseguir será um péssimo precedente e temo que o Brasil passe a um país ingovernável.

Quanto a Puigdemont, a sua sorte dependerá também da coercibilidade que o Governo Espanhol consiga ter para executar o mandato de detenção, sem tumultos de vulto que já estão a afectar a economia Catalã e a de Espanha.

Mas isso as minorias que cegamente protestam, nunca vêm que um grupo minoritário, prejudica o todo.

Há mais vida para além disto, mas estou pendente do desfecho em ambos os países.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Constatações


Constatações:

1. O Brasil, país irmão e formidável, está numa podridão, confusão e insegurança que desde há muito não se via. Não há buracos no mapa e por isso não vai desaparecer. No entanto, no momento presente, para aqueles que lá vivem, trabalham e lá têm as suas famílias, tornou-se num pesadelo.
Torna-se difícil prever o futuro próximo. O PT é um partido poderoso e fará tudo para libertar Lula o mais depressa que puder e o impor como candidato a Presidente. O povo brasileiro revê-se no personagem Lula e se no seu inconsciente culpa-o de corrupção e de enriquecimento fraudulento, como são pobres na sua maioria, ele aparece qual Che Guevara a prometer luta e a defesa dos mais desfavorecidos. 

Por outro lado a classe média e alta, endinheirada e com fortes investimentos namora candidatos de direita radical e militarista para controlar o país e como sempre, proteger os seus interesses.
Como foi possível deixarmos o Brasil colonizado sem aquela marca de civilização? Não gostam especialmente de nós a viver e a concorrer com eles no Brasil, mas emigram sem hesitação para Portugal.


2. TRUMP continua a provocar o mundo e internamente as instituições e pessoas que qualquer pessoa com bom senso e inteligência evitaria afrontar: os generais do Exército, o FBI, o seu próprio gabinete da Casa Branca e assessores de prestígio, correndo com eles paulatinamente a cada dia e por twitter. Não pode acabar bem! Era desnecessário.

3. A China e a Rússia cada um nos seus territórios de conveniência ganham terreno, influência e desprestigiam o papel dos USA. A China promete descaradamente e por voz oficial que não tem medo do aumento das tarifas anunciadas por TRUMP por twitter e irá retaliar. É de uma imprudência enorme não negociar. Estou de acordo que a China monopoliza o comércio mundial e que é preciso por um basta, mas não por esta maneira ligeira e não preparada de um Presidente que parece não reflectir nas consequências dos seus impulsos.

A Rússia vai fortalecendo o poder do seu novo czar Putin que se alia conforma as conveniências estratégicas ao Irão, à Síria, à Turquia e não deixará pedra sobre pedra a quem a afrontar.

A Europa contra a Rússia vale zero pois não tem o seu próprio exército dissuasor e a própria NATO veio hoje dizer que não pretende uma escalada de armamento bélico contra a Rússia.

Apetece pois, por a cabeça debaixo de um edredon e deixar que o sono nos invada e esperar que amanhã seja um outro dia.


Dois apontamentos


Dois Apontamentos:

1. A Monarquia em Espanha corre sèriamente perigo. Não pela história de hoje entre a Rainha Letizia e a Rainha Sofia, que é um incidente que revela uma expectável diferença de educação entre uma modesta roturière que chegou a Rainha e que ainda não aprendeu as regras básicas do respeito e cumprimento das boas-maneiras que as funções exigem e uma Rainha verdadeira e com provas dadas. Na história da Cinderela nunca este tema foi abordado e só sabemos que no fim foram felizes para sempre.
Creio que o príncipe da Cinderela terá tido os mesmos problemas!
Mas o que me leva a eventualmente ser pessimista para o futuro da Monarquia em Espanha é o facto de o povo votante assistir a uma cada vez maior irrelevância da instituição e verificar que neste caso da Catalunha o papel de árbitro independente dos órgãos de soberania que compete ao Rei foi mal exercido e nos dois discursos que fez endossou o seu apoio ao Governo e a Rajoy. Ainda a procissão vai no adro e antevejo que a vítima expiatória possa começar no Rei e prosseguir em outras direcções com graves consequências se o curso da intervenção real não mudar.

2. Lula no Brasil.
A situação no Brasil está explosiva e pode degenerar numa nova ditadura militar. Lula pressiona abertamente o Supremo Tribunal de Justiça para não ser preso apesar de uma sentença condenatória. Para não falar da falta de segurança e de total descontrolo político. Lastimável e perigoso.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

THE IMPORTANCE OF BEING EARNST


THE IMPORTANCE OF BEING EARNST

Neste caso quero referir-me à importância de se ser cada um, não tanto no conceito literal de “importância” seja a que título for, mas no sentido de guardarmos respeito por nós próprios.

Ao crescermos desde muito novos há os que são “Maria ou Manuel vai com os outros” e durante anos e anos, mantém-se sem personalidade, sem marcarem as suas posições em relação a nada de nada, em suma num silêncio que pode ter várias razões: timidez, estupidez, desinteresse da vida em geral desde que os mínimos estejam assegurados, preguiça de pensar e observar, traumas familiares, etc.

Há os que ao contrário, tendo crescido em famílias vivas, com interesse em formar os filhos proporcionando-lhes o acesso à cultura e ao ensino qualificado, à leitura, à música, às viagens ao convívio social com pessoas da mesma idade e com mais velhos seja da Família ou de fora, à liberdade e responsabilidade, ao direito de ter opinião, são o oposto dos outros.

Os primeiros são umas osgas, umas minhocas, que não suscitam interesse em serem conhecidos pelos segundos que podem ser, às vezes, um pouco excitados, convencidos e “speedy gonzález”, com desejo de se evidenciarem e opinarem a todo o momento.

“In medio virtus est”, um bom princípio de ascética, que condena o relaxamento, ao mesmo tempo que o rigorismo.

Este tema da personalidade pode ser abordado por muitas vertentes, mas hoje quero sobretudo fixar-me na consciência cívica, ou seja no comportamento perante a política, os ideais que defendem e o conhecimento aturado e profundo da "res publica", que se deseja que exista.

Os tempos estão mais fáceis desde a democracia e só quem não quer é que não principia a envolver-se ou na vida partidária, ou preferindo ser independente, em outras organizações ou instituições estudantis, ou querendo, fazê-lo por outro meio menos exposto, ou não fazendo rigorosamente nada.

Deixando para outros a dicotomia esquerda e direita, queria agora referir-me ao que sempre me atraiu: a liberdade em todas as vertentes, a cultura, o contacto com todos “os outros” sem preconceitos nem excepções. Devido não só à minha estadia vários anos na China e o trabalho com muitos tipos de nacionalidades, criei um aguçado interesse pelo "novo".

Observo o passado com interesse, justiça e rigor, e o mais objectivamente que consigo e dele tiro lições para o presente, mas sobretudo para o futuro: o que não quero e o que, actualizado, me faz lutar por.

Infelizmente em Portugal no seio das próprias famílias assiste-se a disputas políticas quase insanáveis, nos empregos, na vida social a beber uma cerveja vem a inevitável discussão política e a conversa extrema-se. Sai tudo carrancudo e não se adiantou um "pimento".

Pelas características de alguns e não poucos políticos portugueses dos últimos tempos, a apetência para servir a coisa pública por pessoas responsáveis e capazes, diminuiu estrondosamente e deu causa a que corruptos, impreparados, falsificadores e outros epítetos desagradáveis, trepassem ao poleiro do poder.

Por isso a juventude alheia-se da política e não entende que os sérios e competentes serão ou deverão ser aqueles que constroem o futuro do seu país e o dos seus filhos. Este comodismo em se oferecerem para ocupar postos, mesmo modestos, ( ao nível das freguesias ou assembleias municipais) mas importantes porque são a base das instituições políticas locais, é eventualmente compatível com o desempenho principal da sua vida laboral e no momento em que é preciso imperar o bom-senso, a seriedade e a dedicação os cidadãos sabem que estão bem representados. Naturalmente que há muitas excepções honrosas quer de todos os partidos quer de independentes, mas não chega!

A finalizar, eu próprio que fiz durante a minha vida profissional e em mais novo, uma caminhada paralela na política, e por isso sei do que falo, tenho horror a discussões carismáticas com pessoas que se julgam bem informadas, e não conseguem ver para além “du bout de son nez”. E estou a falar dentro das famílias e de meios civilizados mas ou de uma direita passiva, bolorenta, inculta e não actualizada, que ao serem preconceituosos não aportam nem soluções nem o reconhecimento factual de soluções eficazes dos seus oponentes e por outro lado de uma esquerda festiva ou ortodoxa e fechada que vai se insidiando no poder através de militantes activos, preparados para vencer e sem temerem o descaramento de posições que qualquer
“bonus pater familiae” (bom pai de família - refere-se a um padrão de cautela, análogo ao do homem razoável no direito inglês) condenaria sem hesitação por ser contrário à maioria do interesse e legitimidade dos seus concidadãos.

Nestas ocasiões de festas do calendário aonde há mais tempo para um convívio social entre amigos, familiares e terceiros que se vão conhecendo, os “sábios de copo de bebidas alcoólicas na mão” são às dezenas e não passam daí. Esta ausência de perspicácia e a teimosia em não saírem das suas posições inflexíveis cria um incentivo a que quem assim não pensa, deixe de perder tempo com o seu “latim” e "guarde de Conrado o prudente silêncio".

Por isso eu digo que é importante ser-se cada um e não fazer parte de carneiradas que levam a redis com cercas.

domingo, 1 de abril de 2018

Páscoa


PÁSCOA

Decidi esta noite ir com a família à missa da Vigília Pascal a Schonstaat. Gosto sempre muito da simplicidade e do grande número de jovens que participam activamente nas celebrações. Hoje os cânticos foram especialmente bonitos e espirituais pois estava o Coro Grande.

A liturgia da missa da Vigília Pascal é muito rica nos textos bíblicos que são lidos com a igreja em silêncio e só com a luz das velas. Há rituais muito bonitos e quando no desenrolar da celebração se chega ao Glória, acendem-se as luzes todas e os pequenos sacristães tocam campainhas quando se entoa o Aleluia da Ressurreição.

Faz-me muito bem ir quando me sinto capaz de participar em celebrações escolhidas e com as comunidades que me dizem algo, quer na forma como actuam quer nos cânticos que entoam.

A obrigatoriedade de ir à missa sempre me custou cumprir quando estava em casa dos meus Pais e com os meus 7 irmãos. Bem sei, que em termos canónicos e sobretudo em termos humanos, sendo a celebração da Eucaristia uma dupla celebração, a da palavra em comunidade e da visita ao Ser Amado, presente na Eucaristia, faz sentido.

O que seria amarmos alguém, uma namorada ou namorado e nos esquecermos de o/a visitar com uma certa frequência, partilhar o nosso amor, a nossa entrega e com ele/a estarmos.

Por outro lado o exemplo da Eucaristia, pressupõe ter-se a fé viva para acreditar que no pão/hóstia repartida se está a comemorar a Última Ceia e no fundo estarmos a seguir aquilo que Jesus disse quando repartiu pelos Apóstolos.

A Páscoa é isto para mim: o relembrar como os Homens podem ser cruéis e mesquinhos e fazerem-se mal uns aos outros - veja-se o rol de guerras sangrentas que agora têm lugar e as do passado de séculos - e uma Paixão cruel e dolorosa a Jesus e por outro lado uma espécie de reequilíbrio e forças que vou buscar para continuar a tentar ser melhor pessoa a cada dia e ter este espírito de amar os outros sem deles me esquecer, enquanto estou vivo.

Este é verdadeiramente o preceito mais importante para mim da Igreja.