sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Características da amizade


 

Muitas vezes apelida-se alguém de amigo sem atentar a um conjunto de qualidades/características que devem existir entre homens e mulheres, homens e homens e mulheres e mulheres.

Nada disto disto tem a ver com a definição de géneros.

1.     Gostar um do outro – é essencial que com o tempo vá existindo um crescente sentimento de ter prazer em estar juntos, conversar, sair de casa, fazer programas até com novidade para alguma das partes, dar presentes, acarinhar, estar atento ao que o outro precisa, estender a mão quando está mais em baixo, abraçar, beijar e vice-versa.

2.     Cooperar na felicidade da vida do outro, ou seja, é contribuir para que com as capacidades de cada um possa quer a vida pessoal, quer a vida profissional ser um prazer, e uma melhoria da situação patrimonial. A entreajuda e participação em equipe, do estudo e planificação de qualquer tarefa que possa vir a resultar num êxito é uma forte razão para se ter mais confiança um no outro e gostar-se mais ainda por se sentir que há uma sintonia.

3.      Haverá vezes em que a discórdia ou desencanto possam advir, mas neste caso há sempre a reserva afectiva que ajuda a superar a dor, ou zanga ou desilusão. É como se fosse uma “bazooka” que estimula, refresca e faz repensar os aspectos que há a considerar para não causar desencontro.

4.      Finalmente, como o amor, a amizade é agradável, excitante, prazenteira, refrescante e inovatória, implica uma vivência natural, mas com redobrada atenção para dar prazer ao outro. Esse prazer mútuo é um bálsamo nas dificuldades do dia-a-dia e ajuda a superar momentos de tristeza, solidão e incompreensão.

Muito mais haverá a dizer, mas penso ter deixado uma parte substancial daquilo que penso.

Há que, sobretudo, praticar a amizade com todos quantos se cruzam nas nossas vidas, evitando assim os dissabores de incidentes com pessoa hipócritas e más, desprezíveis e que são incapazes de encontrar no outro ser humano uma imagem de si próprio, com as características de cada um que deverão ser respeitadas, mas servem de desafio para espicaçar a vivência da amizade.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

O autocarro

Instantâneo
 
Fui de autocarro no Porto, na 6f, ter com um amigo que me convidou para almoçar.
 
Como não tenho passe por lá não residir, pensei que me cobrariam no autocarro.
 
Sentei-me ao lado de uma Senhora respeitável.
 
Veio o pica-bilhetes e dei-lhe uma nota de €10 para que me desse o troco.
 
Fiquei a olhar para ele à espera.
 
Nisto desata nuns berros a dizer que eu o fitava por não ter uma orelha.
 
Fiquei pasmado e disse-lhe que estava tão-só à espera do troco.
 
- Qual troco? Ainda por cima mente!
 
Virei-me para a Senhora ao meu lado e perguntei-lhe se não tinha visto eu dar uma nota para pagar o bilhete!?
 
Com grande espanto meu, negou e estava com uma cara indignada por concordar com o pica-bilhetes.
 
 A Senhora tinha um pequeno embrulho de papel ao colo, que aparentava serem bolos ou bolachas.
 
Fiquei calado e dei como perdidos os €10.
 
Entretanto a Senhora levanta-se e sai. Deixou esquecido o embrulho.
 
Pensei - ora toma, fica para mim e como eu os bolos!
 
Todas as vezes que passava por mim o pica-bilhete rosnava indignado por eu fazer troça de ele não ter uma orelha!
 
Finalmente, cheguei ao meu destino e saí do autocarro aliviado.
 
Sentei-me num banco de jardim e disse: - vou comer um bolo do embrulho da Senhora.
 
Abri cuidadosamente o embrulho e sabem o que tinha dentro?
 
- A ORELHA DO PICA-BILHETE.....ahahahahah


 

sábado, 18 de setembro de 2021

O metro


 INSTANTÂNEO - O METRO 

 O que se observa no metropolitano logo de manhã! Tive que ir e vir cedo na passada semana à hora em que não estando cheio ainda vinha com muita gente. 

Rapaziada nova topa-se à distância quem tomou banho ou saiu da cama de mochila às costas para a escola. Depois hoje vinha muita gente com uma cara crispada de máscara, de quem detesta a 2f. 

Mas o que me fez reflectir como os dias podem ser rotineiros e chatos, foi ver muita, mas mesmo muita gente, de todas as idades com estes "marmiteiros" (que transportam o "comer") a tiracolo e um olhar vazio e vago sem chama nem interesse. 

 Estou a imaginar a chegada, mais ou menos dentro do horário, ao open space, um bom-dia meio grunhido, e com as mais tagarelas ter que ouvir a descrição do fim-de-semana ou as dores de ouvido da Carlinha! Um horror, isto todos os dias. 

E pior, quando à hora do almoço, num acanhado espaço todos aquecerem as vitualhas, a conversa será inevitavelmente sobre um de três temas: o colega Amaro que fez isto e aquilo e entram num detalhe aterrorizador de burocracia do escritório aonde convivem todo o dia, ou sobre futebol ou sobre as tragédias familiares. 

 Nothing else...até porque é gente que nas suas vidas pessoais, sexuais, espirituais são zen, nichts, nada, nulas ou nulos e pouco olham e sabem da vida, muito menos do país, ou até eventualmente do seu próprio emprego. 

 Então para isto é melhor emigrar para o Polo Norte aonde há frio, igloos e silêncio ou ficar em casa com o subsídio de desemprego. 

 Li hoje que os USA têm 30 triliões de dívida. Que venha lá o tal fim-do-mundo no dia 23, ao menos seremos elevados ao Céu - aposto que numa grande confusão - e começa uma outra vida ou não! 

 Isto tudo a propósito do metropolitano: 

Haja Deus, Vicente Mais ou Menos de Souza! (nome do meu blogue)

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Buttlers

 


Fui hoje à Caparica ao restaurante aonde costumo ir e encontrei só o Duarte e o Gonçalo.

No meio das conversas entre pratos, falei-lhes do meu palácio aonde vivo no Senhor Roubado e convidei-os para irem trabalhar como Mordomos. Um tipo de salário entre €10,000 a €15,000 por mês, librés de luxo (uma maravilha de bonitas) e outras de trabalho igualmente elegantes.

Também o convite se extende ao Martim e ao Pedro.

As tarefas são mais do que suficientes para todos. 

Prepararem as minhas viagens ao estrangeiro e internas, jantares e almoços a importantes dignatários de Estado, Reis e Rainhas e Presidentes tudo isto são tarefas diversas, detalhadas, exigindo inteligência e bom gosto e motivação.

Há a melhor escola do mundo de que vos deixo o site por curiosidade.




Erro



Um velho professor passou um velho aluno burro que nunca concluiu o curso. Deu-lhe 14 onde devia estar 4. Comentário do mestre: "vocelência foi vítima de um erro filho da pauta".

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

A moleza


A moleza 

 Eu hoje estou mole. O calor faz-me mole. Mas é boa a moleza, é sensual e prazenteira. Não apetece dar as mãos. Está calor. Mas sabe bem brincar com as pontas dos dedos Sobre o teu corpo nú ao meu lado. Tens cócegas? O que importa é a sensação de tentação, de tentativa, de avanço. 

 Depois fica-se mole de novo. Voltas a chegar-te junto a mim e a tua nudez desperta-me os sentidos E a boca com moleza procura a tua e um beijo mole pode tornar-se em um beijo teso, com força e intrusivo. Volto a estar mole e adormeço e sem cuidares de me acordar exploras o meu corpo da cabeça aos pés e acordo com um arrepio bom. 

Isto aplica-se para acordar os mortos, dizes, com moleza a sorrir. E é verdade, só que não é preciso morrer assim tanto e durante muito tempo. Voltamos a estar moles e o calor incita ao amor e antes de sair ficamos os dois um sobre o outro, roçando-nos com moleza. 

De saída ainda me dizes: oxalá. Viro-me para o outro lado mole e adormeço sem antes beijar o lugar mole aonde estiveste.

In “ cogitações de um dia de Setembro” por Vicente Mais ou Menos de Souza

 

domingo, 5 de setembro de 2021

Conversa no escritório do circo com o Pedro

 



Conversa no escritório do circo com o Pedro

O Pedro tem todas as qualidades de poder ser o manager do circo Chan. Hoje tive uma conversa séria com ele e provou-me saber tratar com critério dos assuntos importantes do funcionamento do circo: salários, contratação dos palhaços, compra dos animais selvagens tipo burro e zebras e de um leão para o número do Gonçalo.

Simpático e sorridente e talvez atrás do seu profissionalismo e rigor se esconda uma vocação de palhaço narigudo que faça rir os espectadores…vamos ver.

O Bernardo lá estava sempre em actividade: um dia destes com o seu cabelo apanhado atrás, parecendo mais um toreador do que um bailarino de sevilhanas e de sapateado hei-de falar-lhe em castelhano e fazer umas perguntas sobre o futuro se quer ser um investidor de milhões nas minhas empresas off-shore ou no fundo, dançar sapateado num “tablao”…ahahahhah

O Martim não apareceu nos escritórios do circo pois teve sequelas da vacina do Covid e o Bernardo disse-me que ele ficara de boca à banda como o Miranda…ahahahah…claro que não, foi mais ao nível do motor do sapateado.

O Gonçalo andava esbodegado pois tinha vários grupos de circos soviéticos e queria agradar ao inimigo e por isso não pude tratar com ele sobre os descontos para a Segurança Social do seu confortável salário prometido.

Mas o Pedro saberá fazê-lo, tenho a certeza, quando chegar a altura.

Hoje apareceu um novo candidato de cabelo cenoura, mas iniciante, de qualquer maneira não precisará de maquilhagem no cabelo para a função de palhaço, excepto na cara….ahahaah

Uma boa equipe que fará muito sucesso e ganhará muito dinheiro para o Circo Chan.

PS: achava simpático receber qualquer sinal vosso para os elementos de contacto que deixei ao Bernardo.

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

O Gonçalo foi convidado para trabalhar no meu circo

 

Fui de novo à praia de S.João na Caparica. Estava uma tarde de sol com algum vento, mas um dia glorioso.

Almocei no mesmo restaurante aonde já me habituei à qualidade do serviço e da comida e desta vez foi o Gonçalo e não só pois outras e outros estão sempre atentos, mas com quem conversei e o desafiei para vir trabalhar para o meu circo Chan, como malabarista.

Servia os pratos aos Clientes com movimentos de malabarismo extraordinários....ora ia um bitoque para cima enquanto com a outra mão apanhava as batatas fritas, ou umas ameijoas que transportava num ombro e noutro uma salada de frutas...

Sempre sonhei ter um circo e neste caso chama-se Chan pois o apresentador é um chinês chamado Harold Chan que vivia nos USA antes de vir para cá.

O salário que lhe propus foi de € 4, 500 mensais com a condição de tratar de um leão e de pôr a cabeça dentro das goelas quando o leão abrir a boca, durante o espectáculo, bem como ser malabarista de estrelas do Céu e de nuvens do infinito.

Começaram bem as negociações pois com o Bernardo e o Martim a fazerem sapateado, o circo Chan vai ter um elenco de luxo!

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

O Peninha regressa a Lisboa e é recebido por Marcelo e o PM


 

O Peninha regressa a Lisboa e é recebido por Marcelo e o PM

Peninha foi procurar um veterano americano que conseguia fazer sair de Cabul, cidadãos estrangeiros.

Chamava-se John Spitzgerald. Era um homem entroncado dos seus 70 anos de cabelo rapado loiro e tinha estado como militar em Cabul durante os 20 anos e conseguia fazer sair gente através de túneis, que davam directamente para o aeroporto.

John mandou o Peninha tirar aquelas roupas todas e o Peninha vestiu-se de caqui militar americano.

O túnel era comprido, com pouca ventilação e não se podia voltar para trás, mas no fim valia a pena pois estava a salvação. Iam em grupos de 10, de joelhos a quatro-patas, a uma distância de 2 metros cada um, em silêncio e a travessia duraria cerca de 20 minutos.

Peninha, que tinha claustrofobia, quase desmaiou. Mas pensou que ser morto pelos talibãs ou tentar salvar-se, não havia dúvidas, mesmo que tivesse que passar por grandes momentos de aflição.

O que mais lhe custava era não poder dar meia-volta se se sentisse mal. Era um horror só de pensar nisso.

Os lugares na fila eram tirados à sorte com um pião de madeira, daqueles da escola. Para azar do Peninha ficou no meio da fila entre dois afegãos. O detrás era um matulão de barbas e cabelo preto (pois tinham que tirar o turbante e ir o menos despidos possíveis) e o da frente era um rapaz sueco de nome Hans que estava com tanto medo quanto ele.

Iam então com umas calças de caqui e umas camisolas interiores sem mangas. A do Peninha já tinha sido usada várias vezes e estava com cheiro a suor e tinha gravado: No Continente, encontra tudo para ficar contente! Como raio teria ido parar a Cabul um produto do Continente?

Lá se puseram em fila e depois de se despedirem de John e ouvirem os últimos conselhos, entraram no túnel como se fossem uma manada de elefantes.

Ao fim de 5 minutos, já doíam os joelhos ao Peninha pois tinham de manter um ritmo constante.

Começou a pensar na sua vida passada e no que tinha feito e de repente viu que o sueco tinha caído desmaiado à sua frente. Nada disto tinha sido previsto.

Passou por cima dele com custo e continuou, mas com um peso na consciência por não ter ajudado, ter tentado reanimá-lo. De repente, ouviu ao fundo a voz dele que gritava que já estava bem e tinha passado para o último da fila pois todos os outros tinham passado por cima dele.

O novo companheiro que tinha à frente era um afegão ordinário que se peidava com frequência e Peninha apanhava na cara com o cheiro.

Pelo relógio do Peninha, faltariam talvez uns cinco minutos e enchendo-se de coragem e animado pelo sucesso que antevia, começou a cantar o hino da Internacional Comunista, que tinha aprendido na Festa do Avante.

Acontece que o tal afegão que estava à frente mandou-o calar e começou a cantar o Deutschland uber alles, hino do Hitler e Peninha respondeu-lhe com o Hino da Mocidade Portuguesa, de Salazar.

Acabaram por chegar a um enorme cano de esgoto e ao fundo viram as luzes do aeroporto de Cabul.

Abraçaram-se uns aos outros e como John lhes tinha dito viria ao seu encontro um militar americano. Assim se fez e dali a pouco um jeep militar grande veio buscá-los.

Depois de muita papelada e burocracia Peninha viu-se sentado num avião da TAP a caminho de Lisboa. Reparou que a tripulação o tratava com toda a deferência e lisonja, e pensou que seria por ser português.

Peninha dormiu um sono justo todo o tempo da viagem e quase antes de aterrarem vieram sugerir-lhe que vestisse um uniforme de soldado do Exército Português. Peninha já tinha feito a tropa na Guiné há anos e sabia que tinha acabado em Sargento-Ajudante.

O Comandante e toda a tripulação vieram despedir-se à porta e Peninha sentiu-se muito honrado.

Quando começou a descer as escadas para um grande hangar aonde o avião tinha parado, reparou que havia um batalhão de soldados formados, que a uma voz de comando, apresentaram armas. Peninha pensou que viria também no avião alguma alta individualidade.

Ao chegar quase ao fim das escadas, viu com espanto num palanque o Presidente Marcelo, o Presidente da Assembleia da República, o Ministro da Defesa e o Primeiro-Ministro que vinha ao seu encontro de braços abertos.

Ficou sem palavras e siderado e perguntava-se a si próprio o que teria feito assim de tão importante…

Quando PM o abraçou perguntou-lhe baixinho ao ouvido: aonde está a cassete para o Rui Pinto com as provas todas contra o Benfica?

Peninha ficou pasmado e não percebeu. O PM meteu-lhe as mãos nos bolsos e triunfante tira a cassette.

Nesse momento tocou o hino nacional, Marcelo fez um discurso político e Peninha foi evado por dois polícias da PSP para fora do aeroporto e pondo-o na plataforma do Metropolitano.

Que injusta é a política!