quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

todos temos um preço!




Muitos discordam quando se diz que “todos os seres humanos têm o seu preço”... Eu defendo a teoria de que, claro, todos temos um preço!

Definir premissas que servirão como base para as escolhas que teremos que fazer é o nosso preço, é o nosso valor pessoal, é o que estaremos dispostos a ceder em cada situação.

Nem sempre concordarão com as nossas escolhas e decisões, mas isso não significa que estejamos certos ou errados, significa simplesmente que temos um preço diferente dos outros, que somos capazes de fazer maiores ou menores concessões dependendo dos nossos interesses e valores.

Mais importante do que nos atermos à expressão “preço”, é saber a profundidade deste conceito.

Um exemplo que considero muito claro é a oferta de um emprego. Ao recebermos uma oferta para um novo emprego, temos várias questões para analisar: salários, benefícios, cargo, responsabilidades... Mas será que estas questões são realmente as mais importantes para uma tomada de decisão?

E se eu dissesse que não são?

Que é muito mais importante, por exemplo, saber se os valores da empresa ofertante coincidem com os meus valores pessoais, se a actividade que será por mim desenvolvida irá de encontro à minha ética pessoal ou se a minha qualidade de vida será prejudicada ao aceitar este novo desafio...

Questões como estas determinam o meu preço, pois quando partimos para uma negociação de um novo emprego, devemos ter plena consciência de tudo aquilo de que abriremos mão por um salário maior. Devemos pensar muito antes de deixar a ambição tomar conta das nossas decisões, respeitando o nosso preço, o que significa defender os nossos valores, coisa que é muito mais importante do que um aumento salarial.

Não sei se já repararam, mas quanto mais infelizes somos no nosso trabalho (seja por que motivo for), mais temos a certeza de que o nosso salário é baixo. E sabem por quê?

Porque ser feliz custa muito caro...

A “lei da oferta e da procura”, diz que quanto mais procurados somos, mais super valorizados nos sentimos e consequentemente, mais procurados continuaremos a ser. Por quê?

Porque defenderemos a ideia de que valemos muito e isso chamará a atenção das outras pessoas.

Sabem aonde está o erro? Na situação inversa.

Se não estivermos a ser procurados, não nos devemos desvalorizar, devemos antes investir no nosso preço, devemos fazer-nos mais valorizados, notados e principalmente, procurados.

Não importa, na realidade, quantas vezes somos procurados, mas sim o que sabemos que valemos.

Desta forma, todos estarão dispostos a pagar o nosso preço... Sempre!

E então? Qual é o teu preço?

“Na nossa vida, não importa quanto tempo é possível mantermo-nos vivos, mas sim o quanto tempo conseguimos permanecer humanos”

George Orwell

domingo, 16 de janeiro de 2011

vou calar-me durante uns tempos


Já me fiz a pergunta várias vezes: porque escrevo num blogue?

E acho que já sei o porquê...

Para escrever sobre banalidades, graçolas quando não tenho alguém com quem conversar; para deitar para fora o stress de cada dia; para reunir coisitas interessantes (pelo menos para mim) que encontro por aí; para compartilhar ideias, opiniões, dicas, livros, filmes... Para esvaziar a cabeça quando ela fervilha... Enfim, um blogue serve para muita coisa...

Aprendi a sorrir às pessoas que não gostam de mim, para mostrar-lhes que sou diferente do que elas pensam.

Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, e para que eu possa acreditar que tudo vai mudar e a não temer o futuro.

E como o tempo passa...com cerca de 400 leitores diários, já faz um ano de blogue!!!

Por isso vou calar-me durante uns tempos para ouvir, aprender que afinal posso ser sempre melhor e também para vosso sossego.

Obrigado pela vossa constante paciência e estímulo.

Até lá!

Vicente Mais ou Menos de Souza/Pu-Jie

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Nunca diga te amo se não te interessa


Nunca diga te amo se não te interessa.
Nunca fale sobre sentimentos se estes não existem.

Nunca toque numa vida se não pretende romper um coração.
Nunca olhe nos olhos de alguém se não quiser vê-lo se derramar em lágrimas por causa de ti.

A coisa mais cruel que alguém pode fazer é permitir que alguém se apaixone por você quando você não pretende fazer o mesmo.

Mário Quintana

As sem-razões do amor




Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

An elderly Chinese woman had two large pots


An elderly Chinese woman had two large pots, each hung on the ends of a pole which she carried across her neck.

One of the pots had a crack in it while the other pot was perfect and always delivered a full portion of water.

At the end of the long walks from the stream to the house, the cracked pot arrived only half full.

For a full two years this went on daily, with the woman bringing home only one and a half pots of water.

Of course, the perfect pot was proud of its accomplishments.

But the poor cracked pot was ashamed of its own imperfection, and miserable that it could only do half of what it had been made to do.

After two years of what it perceived to be bitter failure, it spoke to the woman one day by the stream.

'I am ashamed of myself, because this crack in my side causes water to leak out all the way back to your house.'

The old woman smiled, 'Did you notice that there are flowers on your side of the path, but not on the other pot's side?'

That's because I have always known about your flaw, so I planted flower seeds on your side of the path, and every day while we walk back, you water them.'

For two years I have been able to pick these beautiful flowers to decorate the table.

Without you being just the way you are, there would not be this beauty to grace the house.'

Each of us has our own unique flaw. But it's the cracks and flaws we each have that make our lives together so very interesting and rewarding.

MARIDO RICO


Saiu numa edição do Financial Times

Uma jovem mulher enviou um e-mail para o jornal a pedir dicas sobre "como arranjar um marido rico". Contudo, mais inacreditável que o "pedido" da rapariga, foi a resposta do editor do jornal que, muito inspirado, respondeu à mensagem, de forma muito bem fundamentada.

E-mail da rapariga:

"Sou uma garota linda (maravilhosamente linda) de 25 anos. Sou bem articulada e tenho classe. Quero casar-me com alguém que ganhe no mínimo meio milhão de dólares por ano. Há algum homem que ganhe 500 mil ou mais neste jornal, ou alguma mulher casada com alguém que ganhe isso e que possa me dar algumas dicas? Já namorei homens que ganham por volta de 200 a 250 mil, mas não consigo passar disso. E 250 mil por ano não me vão permitir morar em Central Park West. Conheço uma mulher (do meu grupo de ioga) que casou com um banqueiro e vive em Tribeca! E ela não é tão bonita quanto eu, nem é inteligente. Então, o que é que ela fez que eu não fiz? Qual a estratégia correcta? Como chego ao nível dela?"

(Raphaella S.)

____________________

Resposta do editor do jornal:


"Li a sua consulta com grande interesse, pensei cuidadosamente no seu caso e fiz uma análise da situação. Primeiramente, eu ganho mais de 500 mil por ano. Portanto, não estou a tomar o seu tempo à toa...

Posto isto, considero os factos da seguinte forma: Visto da perspectiva de um homem como eu (que tenho os requisitos que procura), o que oferece é simplesmente um péssimo negócio.

Eis o porquê: deixando o convencionalismo de lado, o que sugere é uma negociação simples, proposta clara, sem entrelinhas: Você entra com a beleza física e eu entro com o dinheiro.

Mas há um problema.

Com toda a certeza, com o tempo a sua beleza vai diminuir e um dia acabar, ao contrário do meu dinheiro que, com o tempo, continuará a aumentar.

Assim, em termos económicos, você é um activo que sofre depreciação e eu sou um activo que rende dividendos. Você não somente sofre depreciação, mas sofre uma depreciação progressiva, ou seja, sempre a aumentar!

Explicando, você tem 25 anos hoje e deve continuar linda pelos próximos 5 ou 10 anos, mas sempre um pouco menos a cada ano. E no futuro, quando se comparar com uma fotografia de hoje, verá que se transformou num caco.

Isto é, hoje você está em 'alta', na época ideal de ser vendida, mas não de ser comprada.

Usando a terminologia de Wall Street, quem a tiver hoje deve mantê-la como 'trading position' (posição para comercializar) e não como 'buy and hold' (comprar e manter), que é para o que você se oferece...

Portanto, ainda em termos comerciais, casar (que é um 'buy and hold') consigo não é um bom negócio a médio/longo prazo! Mas alugá-la, sim!

Assim, em termos sociais, um negócio razoável a ponderar é, namorar.

Sem ponderar... Mas, já a ponderar e, para me certificar do quão 'articulada, com classe e maravilhosamente linda' você é, eu, na condição de provável futuro locatário dessa "máquina", quero tão-somente o que é de praxe: fazer um 'test drive' antes de fechar o negócio... podemos marcar?"

(Philip Stephens, associate editor of the Financial Times - USA)

sábado, 8 de janeiro de 2011

quem quase vive já morreu!!!


Ainda pior que a convicção do não, a incerteza do talvez, é a desilusão de um "quase". É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que se escaparam pelos dedos, nas oportunidades que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no Outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.

Sobra cobardia e falta coragem até para se ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.

Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Para os erros há perdão; para os fracassos, oportunidades; para os amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixes que a saudade te sufoque, que a rotina te acomode, que o medo te impeça de tentar.

Desconfia do destino e acredita em ti. Gasta mais horas fazendo do que sonhando, vivendo do que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu!!!

Sara Batista

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Falas de civilização...


Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!

Alberto Caeiro

Às vezes, podes sentir-te deprimido com a tua vida


Meu Caro Vicente,

Às vezes, podes sentir-te deprimido com a tua vida. As coisas podem correr mal e não serem como o esperado.

Embora possa haver outras causas para este tipo de situação, penso que um dos principais motivos disso acontecer são expectativas não-realistas.

Podem surgir de ti mesmo ou de outras pessoas, e as expectativas não-realistas fazem com que o teu subconsciente suba e desça, como numa montanha russa. Quando tens sucesso, ficas muito feliz e entusiasmado. Mas quando não o tens, podes sentir-te muito desanimado.

Precisas de evitar este estado de alma. Aqui te deixo algumas dicas sobre como fazê-lo de modo a que possas reduzir o stress e seres mais feliz na tua vida:

1. Deves concentrar-te nas acções e não nos resultados

Se te concentrares só em resultados é uma maneira de experimentares altos e baixos emocionais. Pior ainda, não há muito que possas fazer, já que não os podes controlar. Por isso centra-te em algo que possas controlar e isso são certamente as tuas acções.

2. Diverte-te! Não leves as coisas muito a sério

Às vezes levas as coisas muito a sério a ponto de ficares obcecado. Não faças isso, antes faz tudo o que achares divertido. Divertindo-te, vais certamente ter menos stress, e o teu dia-a-dia vai ser mais agradável. Uma maneira de fazer isto é procurares prazeres escondidos em tudo o que fizeres.

3. Não te compares com as outras pessoas

Deves olhar para o que os outros fazem, apenas para receberes comentários de como podes fazer as coisas melhor. Além disso, comparares-te com os outros, vai provocar duas coisas:

1. Sentires-te diminuído, se fores pior do que eles.
2. Impulsionar o teu ego, se fores melhor do que eles. Mas isto só fará com que o próximo fracasso seja mais doloroso.

Assim, aprende alguma coisa com os outros, define as metas, e refina as tuas acções.

4. Concentra-te em ser como és, em vez de tentares que todos te apreciem

Uma razão pela qual te podes sentir em baixo é estares muito preocupado sobre o que os outros dizem sobre ti. Podes perder demasiado tempo tentando satisfazer as expectativas de toda a gente. Cultiva as tuas paixões e faz aquilo que realmente é importante para ti.

5. Torna-te amigo do insucesso

O insucesso é normal na vida de uma pessoa bem sucedida.

Quanto mais falhas, é bem provável que venhas a ser mais bem sucedido. Faz do teu fracasso um “amigo”.

6. Olha de vez em quando para trás, e não sempre em frente

Veres como estás distante dos teus objectivos pode deixar-te em baixo, em especial, se estás sempre a pensar neles. Portanto, é necessário que também olhes para trás e vejas quanto já progrediste. Que realizações alcançaste. Quais as tuas histórias de sucesso. Relembrar tudo isto vai fazer com que te sintas bem com a tua posição actual na vida.

7. Cultiva o teu entusiasmo

O entusiasmo deixa-te animado com a vida e dá-te energia para fazeres sempre o teu melhor.

Na verdade, a capacidade de manter o entusiasmo apesar das falhas e dificuldades é um traço essencial das pessoas de sucesso.

O sucesso é a capacidade de passar de uma falha para outra sem perca de entusiasmo.

Com um abraço amigo

Manuel

domingo, 2 de janeiro de 2011

Saber sair a tempo



Saber sair a tempo

Uma das coisas que aprendi com pessoas de grande sabedoria é saber sair de cena, deixar o palco, mudar de assunto.

Saber o momento exacto em fazer com que os holofotes fiquem sobre os outros e não sobre nós.

No mundo competitivo em que vivemos a nossa presença “marcante” pode marcar demasiado. A nossa ideia “brilhante” pode brilhar demais. A forma “inovadora” de pensar pode inovar demais. E nem sempre as pessoas estão dispostas a deixar-nos brilhar impunemente. É preciso sair de cena. Nem que seja por algum tempo.

É preciso fazer os outros pensarem que desistimos. É preciso criar a impressão de que não queremos estar mais tempo no palco. Mas saber sair de cena é uma arte tão importante como a de saber entrar em cena. Todos os actores o sabem.

Por isso é preciso sair de cena com classe. É preciso sair de cena com a discrição de um “lord” inglês.

Quando as pessoas se sentem ameaçadas por nós e começam a ter respostas agressivas desproporcionadas, talvez seja o momento de sair de cena. Quando nós, sem termos desejado ou planeado, começarmos a aparecer muito na nossa área de actuação ou no nosso sector profissional, talvez seja o momento de sair de cena por algum tempo.

Saber sair de cena é também saber mudar de assunto.

Os astutos sabem que nada ganhamos ao falarmos de nós próprios. Nem bem, nem mal. Devemos mudar de assunto. Sair de cena.

Não devemos cair nessa armadilha. Quando o embate for com poderosos e conhecermos antecipadamente o poder destrutivo desses poderosos, devemos pensar bem antes de entrar em combate. Talvez ganhemos mais saindo de cena.

Devemos deixar a luta entre mastins para grandes cães. Saibamos sair de cena. Teremos outras oportunidades. Ganharemos outras batalhas com menos desgaste, com menos esforços.

É preciso fazer um grande esforço de sabedoria para saber quando sair de cena.

É preciso ter uma grande capacidade intelectual para saber como sair de cena.

Será que temos tido a sabedoria e a arte de sair de cena, deixar o palco, mudar de assunto, no momento certo?

Pense nisto: o momento de falarmos vem sempre depois do momento de ouvirmos.

sábado, 1 de janeiro de 2011

lista de desejos para o Novo Ano



Faz uma lista de grandes amigos, dos que não vês há mais de dez anos, daqueles que encontras quase todos os dias e os que já não encontras mais…

Faz uma lista dos sonhos que tinhas e dos que desististe de sonhar!
Quantos amores juraste para sempre e quantos conseguiste manter…

Em que te reconheces ainda, numa fotografia antiga ou no espelho de agora?
És o que achastes que serias? Quantos amigos perdeste?

Dos mistérios que sondavas, quantos conseguiste perceber?
Dos segredos que guardaste, quantos são hoje inúteis e ninguém quer saber?

Quantas mentiras criticaste? Quantas cometeste?
Quantos defeitos sanados com o tempo eram o melhor que havia em ti?

Quantas foram as canções que não cantaste e que hoje assobias para sobreviver?
Quantas foram as pessoas de quem gostavas e que hoje ainda acreditas que te amam?

Bom ano de 2011

Os ombros suportam o mundo


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espectáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade