quinta-feira, 31 de maio de 2018

Surpresa


Às vezes fica-se contente com situações inesperadas aonde nos sentimos pequeninos: fui expressamente à Feira do Livro para os autógrafos de um livro pelo seu Autor, que aliás já li e de que muito gostei, e depois de uma troca de impressões e conversa boa sobre um segundo livro, entreguei-lhe o meu exemplar e aguardei com amizade e distraído com o movimento da Feira, que ele assinasse o seu livro.

Devo dizer que o conheço desde há poucos anos, é um jornalista de base mas com ele trabalhei no meu voluntariado na prisão de Alta Segurança do Estado em Monsanto sendo ele o segundo na hierarquia da Direcção-Geral do respectivo Ministério. Homem simples e bom, inteligente e bem considerado no domínio do jornalismo penal e um escritor muito promissor sobre um tema difícil e que lhe exigiu bastante tempo de investigação e busca.

A dedicatória diz: " Ao meu grande amigo Manuel, com um grande muito obrigado pela sua presença na minha vida. Com um grande abraço."

Fiquei sem palavras pois não tinha reparado e acho que não se ouve muitas vezes isto, pelo menos eu. E escrevo isto, porque deve ser um incentivo para cada um de nós, com modéstia e genuinidade, tentarmos deixar um pouco nos outros que vão passando nas nossas vidas.

FEIRA DO LIVRO - LIVRARIA DA MINHA FAMÍLIA






FEIRA DO LIVRO - RECORDAÇÕES FAMILIARES

Fui à Feira do Livro que me traz tão boas recordações. O meu Bisavô foi Presidente do Grémio dos Livreiros, hoje seria a Associção dos Livreiros de Portugal. Era dono de uma Editora, das mais antigas de Portugal, chamada Editora Romano Torres. Aqui vão algumas fotografias indicativas aonde se vê o meu Bisavô no stand do grémio (de preto) e noutra a entregar um livro ao Presidente da República de então, General Carmona, noutra fotografia aparece o escritor afro/português Mário Domingues que escreveu muito para a Livraria, a colecção Salgari e alguns recortes ridículos da censura sobre livros do Pinóquio e de Sinbad o Marujo...ao que se chegou...e também em frente do stand da Romano Torres são identificáveis Mário Dionísio, José Gomes Ferreira e José Saramago, nos anos 70-80.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

A Eutanásia

A EUTANÁSIA

Confesso que não tenho tido muita paciência para ler os argumentos a favor ou contra.

Já pensaram como este tema faz vir ao de cima a ideia da morte com sofrimento, dor e tristeza para os que ficam.

Para todos, novos e velhos, a ideia da morte faz medo. Não acredito que não faça, ou seja, enquanto se está lúcido, não é fácil enfrentar o desconhecido sem temor, às vezes terror conforme as circunstâncias e a forma da morte, por isso custa-me ver este tema tratado como se passasse ao lado.

Não me apetece ter opinião, acho que ninguém tem uma razão absoluta. A morte para mim é um acontecimento triste e doloroso, quer num dia em que me aconteça quer para as pessoas de quem gosto.

É um tema tão difícil de ter certezas, por isso como se atrevem as pessoas a gritarem, fazerem abaixo-assinados, criarem discussões e divisões em debates públicos e privados, com extremismos de opiniões a favor e contra?

Tantas outras causas da dita morte que são desprezadas: a tortura, as perseguições, a pobreza, as doenças, a guerra e o ódio.

Se cuidássemos mais de evitar a morte em consequência disto tudo, talvez houvesse mais sintonia entre os homens e até encarássemos a morte como aceitável nas suas múltiplas escolhas.

A morte é inevitável, mas é sinistra e desagradável. Logo verei o que se passa a seguir, if applicable.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

O Peninha e uma carta amorosa que recebeu de uma admiradora


O PENINHA E UMA CARTA DE AMOR QUE LHE CHEGOU

Adorado Peninha,

Espero que esta te vá encontrar de saúde, que eu bem graças a Deus. Saberás que as nêsperas de que tu tanto gostas, os alperches ( há quem diga alperces mas também há quem diga hoize em vez de hoje) e as nectarinas estão viçosas e saborosas.

Tenho tido notícias tuas através da tua prima Felismina do Sul, que cá vem à aldeia com alguma frequência. Parece que estás rijo e com carnes apetitosas. Tu lembras-te quando éramos pequenos e íamos banhar-nos no rio. Já na altura eras malandro. Quando me despia e me propunha por o fato de banho, deixavas-me nua pois atiravas com a roupa para o rio. Eu tapava encolhida as virtudes, mas tu tinhas artes de te aproximar e a pretexto de me aquecer apalpavas-me toda. Ui o que eu gostava!

Brincavas com os meus seios roliços mordendo-me as pontas e de beliscão em beliscão, apesar dos meus ais desmaiados, punhas as tuas mãos aonde não devias.

Peninha, tudo isso passou o que eu quero é que venhas cá à aldeia e passes comigo uns dias. A casa é ampla, cheira a malvasia, tem luz e uma sala honrada aonde podemos estar juntinhos no sofá e fazer o que nos der para a loucura.

O quarto é de cores azuis às riscas brancas e a cama com um largo colchão de penas e com uma roupa de linho fresco convida ao amor quando nos metermos nús debaixo dela.

Peninha, traz-me de presente uns mirtilos e umas flores de que tanto gosto, as margaridas num ramalhete que porei numa jarra de cristal que me deu a tua mãe.

Mando-te à parte um bilhetinho terno e erótico do programa que quero fazer contigo. Há coisas que nunca experimentei. Falam-me de marmelada, de que gosto tanto, mas no sexo nunca provei.

Meu torrão de açúcar, minha fatia de ananaz do rijo, meu pepino atrevido...gosto tanto de imaginar-te a comeres-me a fruta e a derramares o suco, pelos meus sulcos da cabeça aos pés.

Vem para os meus braços e prometo-te manjares deliciosos de chorar por mais: doces-de-ovos de Ovar, pastéis de Tentúgal, Coninhas de Anjo ou também papos-de-anjo e para terminar um fogo de vista caseiro de que não te arrependerás.

Vou-te avisando amôr que ultimamente quando atinjo o êxtase, saem-me gritos lancinantes e insultos políticos contra o Governo. Uma vergonha para a família do Hilário que é do PS e já fez correr que eu possa ser ou do PC ou do BE.

Não importa. Um beijo grande aonde sabes desta que te ama à loucura

Adozinda de Jesus

sábado, 19 de maio de 2018

O PENINHA E O CASAMENTO EM WINDSOR


O PENINHA E O CASAMENTO EM WINDSOR

O Peninha esteve a transmitir uma reportagem sensacional do casamento para a rádio Roubacence ( do Senhor Roubado) com muito entusiasmo e informações precisas.

Atentou em todas as toilettes das/os convidados e foi fazendo uma apreciação rigorosa de cada uma, com gosto apurado e demonstrando experiência.

Gostou muito da cerimónia religiosa pois achou que foi muito digna, com os noivos comovidos discretamente sobretudo o Príncipe Harry que se devia estar a lembrar da Mãe, os hinos sempre uma maravilha, a homilia americana do bispo evangélico menos formal mas não menos genuína e com um conteúdo de fazer meditar a Família Real e os convidados, eventually, o povo muito contente, enfim um sucesso.

A mãe de nova Duquesa de Sussex, triste e sozinha, mas com dignidade. A vida é o que é.

A noiva vai provar, espera-se, que ama o Príncipe e que valeu a pena toda esta caminhada. Parece ser inteligente, e sendo actriz sabe bem representar e vai precisar de o fazer se quiser triunfar e até marcar uma nova presença um pouco ao estilo da defunta Sogra.

A Rainha, e tem-se constatado nos últimos anos, está mais seca e formal e não esboçou um sorriso, um gesto, um olhar para o neto de quem diz de que gosta muito, e que neste dia bem gostaria de ter a presença da sua Mãe. Quando se desloca no automóvel e responde com acenos faz lembrar a Rainha Vitória que o Peninha diz ter conhecido, que mal mexia os dedos. Está muito velha, ouve-se nos mentideros, mas o Peninha sabe que é por cada vez gostar menos de sair de casa….

O Peninha não foi convidado para o ágape, de maneira que apanhou o primeiro low-cost que encontrou e regressou a Portugal.



sexta-feira, 18 de maio de 2018

Só eu



SÓ EU

Entrei na FNAC aonde os empregados já me conhecem, mas tosquei um novo e aproximei-me e perguntei com o ar mais sério: - aonde é a secção dos sapatos?

O pobre ficou vidrado e respondeu:

- Nós não vendemos sapatos!

Eu abri um sorriso simpático e disse-lhe que era uma graça. Ele aliviado sorriu e repetia para ele: -secção de sapataria na FNAC teve muita pilhéria!

Entretanto mirosquei o que tinha saído e verifiquei que uma obra de grande valor informativo para o pessoal do Senhor Roubado havia sido publicado.

Numa das páginas a autora, Luisa Jeremias dos de Borba, revela que o que é chique fazer ao Domingo em Cascais, na sua opinião é ir à missa da paróquia ......e não quis ler mais...

Deixo a capa do livro para quem quiser pertencer ao jet set da Luisa Jeremias, dos de Borba.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Ajuda


Vim a pé do Chiado até ao Marquês de Pombal: deu para arejar as ideias.

1. O Chiado está pejado de pedintes que molestam insistentemente os passantes. Além destes, outros em grupo deitados no passeio na Rua Nova do Carmo, grupos de drogados sentados o dia todo sem nada fazerem e porquíssimos. Não devem tomar banho há meses. Convinha o Presidente da CML tomar providências no sentido de lhes dar abrigo, banho e comida e impedir que façam destas ruas local de culto. É indignante estarem todos os dias arrogantemente sentados no chão com cães lazarentos e magros para que os passantes se apiedem. Para se ter turismo em abundância é preciso saber como geri-lo. 

2. Ouvem-se muitos idiomas e estrangeiros com um ar feliz com o sol e com os nossos monumentos e esplanadas.


3. Parei para engraxar os sapatos num engraxador já mais velho, bem -educado e muito competente. Temos grandes conversas sobre a vida e ele tem uma sabedoria popular interessante. Sou fotografado sem cessar por estrangeiros de múltiplas nacionalidades “que espalharão o meu engenho e arte” pelo mundo global. Sinto-me ridículo por me tirarem fotografias mas vou distribuindo bilhetes de visita com o número do telemóvel e tenho tido já respostas e convites!


4. Subi a Avenida da Liberdade devagar e com uma grande angústia interior. Fui andando e olhando para todo o lado para captar sinais de alegria e de serenidade. São precisas de vez em quando “injecções” de optimismo e eu sou sensível à companhia dos amigos/as para desanuviar. Não acredito que ninguém não tenha estes momentos de desânimo.


5. Ao escrever este pequeno desabafo, estou a ouvir um coro maravilhoso a acompanhar a voz da Kiri Te Kanawa.

Instantâneo

INSTANTÂNEO

Vou de metro para o Chiado para almoçar no Clube. Á minha frente uma moça dos seus 24 anos. A falar alto e aparentemente sózinha. Zangada e contando detalhes da vida particular que incomodavam toda a gente.

Perguntei -lhe "delicadamente": - a menina sente-se mal? Está a falar muito alto sózinha e não temos interesse em ouvir o que diz.

- Ó seu parvalhão não vê que tenho uns "fones" nos ouvidos? Estou a falar com o meu namorado que se estivesse aqui lhe ia à cara!

Em silêncio e perante o espanto dos circunstantes pela mal-criação, arranquei-lhe os fones.

Depois disse-lhe: diga ao seu namorado que procure por mim na Brasileira e vamos ver quem dá a quem. Ele que pergunte por Luís Paixão ( o meu nome de duplo). E levantando-me deixei cair displicentemente os fones no regaço da provocadora. Reparei que tinha olhos azuis de gata!

terça-feira, 1 de maio de 2018

O PENINHA E A ROSA DO PCP


O PENINHA E A ROSA DO PCP

O Peninha pensou que o 1º de Maio é um dia para comemorar com o partido dos trabalhadores: o PCP.

Investigou aonde poderia entrar em contacto com o PCP e achou que o hotel Victoria, na Avenida da Liberdade, era a porta de entrada mais adequada.

E se bem pensou assim o fez. Apresentou-se à porta do edifício pelas 9h da manhã e já a azáfama das comemorações se sentia pelo entrar e sair constante de camaradas com cartazes, bandeiras e alto-falantes.

Não lhe tendo sido pedida a identificação na portaria, foi seguindo em frente e começou a subir pelas escadas que davam o acesso aos andares de cima.

No 1º andar encontrou uma sala todo ao longo da área total do andar e presumiu que seria para grandes reuniões colectivas. Estava vazia!

Seguiu para o 2º andar e ao cruzar-se com vários militantes saudou-os: bom dia camaradas! Eles responderam igualmente, mas ocupados com tarefas, nem perderam tempo a olhar para ele.

No 3º andar, encontrou vários gabinetes e ao avançar pelo corredor olhando para o interior, foi interpelado por uma rapariga nova, muito atraente, de jeans justos deixando realçar um traseiro bem feito. Usava um polo em bico por cima da pele e sem soutien, o que deixava entrever uns seios grandes e bem feitos que desde logo fizeram Peninha, olhar fixamente sem qualquer pudor.

- O camarada não é de cá? – perguntou com uma voz doce, a rapariga que risonha se lhe dirigiu com um ar troceiro.

- Desculpe, chamo-me Peninha, e já devia ter-me apresentado. De facto, não sou de cá e tenho vindo a subir os andares sem ser impedido de passar.

- Então em que posso ser-lhe útil? Chamo-me Rosa e sou a secretária do camarada dirigente desta célula aqui do Vitória.

- Eu gostava de me inscrever no vosso partido e achei que o 1º de Maio seria um dia festivo para os trabalhadores e por isso honroso para mim.

Rosa, levantou-se devagar e aproximando-se de Peninha abraçou-o demoradamente. Peninha sentiu os bicos do peito encostarem-se ao seu e retribuiu com entusiasmo o abraço.

- Vou buscar os papéis e já volto. – disse Rosa.

Peninha estava numa grande excitação: filiação no PCP e a Rosa que o deixara em polvorosa.

Rosa voltou e fez-lhe sinal para que Peninha se aproximasse da secretária para se sentar e começar a preencher os impressos. Peninha sentou-se na cadeira de Rosa e esta debruçou-se sobre os papéis mesmo ao lado de Peninha, como se fosse para o ajudar em qualquer dúvida que lhe surgisse. Os portentosos seios estavam à vista pois naquela posição viam-se integralmente através do bico do polo.

- O camarada já esteve filiado em algum partido antes? – perguntou Rosa.

- Sim, no CDS mas logo a seguir ao 25 de Abril, naquela confusão militei nos partidos da extrema-direita.

Shiu..fez Rosa beijando Peninha na boca…nada de por isso aqui. Eu também sou uma infiltrada.

E Rosa rebolou para o colo de Peninha e durante alguns minutos os beijos e as carícias atingiram uma sofreguidão que nunca as paredes do edifício Vitória teriam testemunhado, já depois de ter sido ocupado. Talvez antes, tendo sido um hotel, naqueles quartos muitas histórias quentes terão ocorrido, alcovas de prazer.

Ainda mal refeitos daqueles calores, e com medo que os apanhassem, Peninha perguntou:

- Rosa, há algum quarto neste hotel aonde possamos ir para a cama?

Rosa assentiu e disse baixinho: - no último piso, há o quarto do camarada dirigente. Ele já está na rua nas manifs e acho que não corremos risco. De mão dada subiram os dois até ao último piso e ao passarem junto dos outros camaradas, como Rosa era secretária do big-boss, não levantava suspeitas.

Chegados ao terraço, Rosa dirigiu-se ao dito quarto e abriu a porta com muitos cuidados, não fora estar alguém. Estava sem ninguém e com a persianas para baixo.

Fecharam a porta e aos beijos sôfregos foram começando a despir-se um ao outro a caminho da cama. Peninha viu nas paredes retratos de Lénine, Estaline, Trotsky e uma recente de Putin de tronco nú em cima de um cavalo.

Peninha de repente teve medo de ser apanhado e da temperatura na Sibéria para aonde seria enviado.

Rosa não o deixou pensar duas vezes e começaram numa marmelada comunista aparente, pois ela era infiltrada, e dando jus á situação Peninha infiltrou-a novamente.

O ninho de amor estava ao rubro, quando a porta se abre de repente e com o terror estampado na cara de Rosa e de Peninha, ouviram uma voz tonitruante dizer:

- Basta, já deram alegria suficiente aos camaradas que lá em baixo assistiam pela câmara à vossa folia. Agora vistam-se e vamos desfilar.

Ficou-se a saber que havia câmaras ocultas que deram momentos de satisfação aos restantes camaradas e que não deixavam margem a qualquer traição.

Meio perturbados, desceram as escadas dos diversos andares e a cada patamar eram aplaudidos pelos camaradas que lhes atiravam piropos que o pudor comunista me impede de transcrever.

Peninha foi fotografado a descer a Avenida da Liberdade de mãos dadas com Rosa na primeira fila da marcha do 1ª de Maio, e a faixa que levavam à frente com os outros camaradas dizia:

“ A DITA DURA DOS TRABALHADORES SEMPRE, SEMPRE AO LADO DO POVO”

Tinham impresso mal a frase que deveria ler: CONTRA A DITADURA DOS TRABALHADORES…

Não havia mais tempo de fazer nova faixa e o controleiro, disse que ninguém nunca olha para as frases. O que interessa é gritar e fazer barulho.

Peninha e Rosa olhavam embevecidos um para o outro e populares que estavam dos lados da Avenida afirmam ter visto mãos de 2 camaradas a mexerem atrás da faixa, e trocas de beijos lambidos.

O Peninha passou a ser amante da Rosa e agente duplo do PCP e do TRUMP….não sei a que propósito veio o TRUMP…no collusion!