sábado, 18 de setembro de 2010

É difícil educar os filhos


Os cuidados com os filhos, têm estado de uma maneira geral a cargo da mãe por uma questão histórica e cultural: foi sempre a dona de casa e o marido passava a maior parte do tempo a trabalhar, sendo ela quem se tornava responsável e recorria ao pai quando a sua autoridade como mãe não era respeitada.

Mas nos tempos actuais, em que as mulheres também trabalham fora, sem muito tempo para se dedicarem aos filhos como gostariam, seria bom que a educação dos filhos fosse dividida entre o casal, algo que geralmente não tem acontecido, pois as mães continuam a educar os seus filhos e a despender o seu pouco tempo disponível para eles.

Mas este quadro vai mudando aos poucos, com muitos pais constatando a dificuldade das suas consortes em gerirem tudo da casa, propondo-se assim a colaborar tanto nas tarefas domésticas, como na educação dos seus filhos, acompanhando os seus trabalhos de casa e dispondo de tempo para conversar e brincar com eles.

O ideal é que a educação seja feita em conjunto entre o pai e a mãe e, principalmente, que ambos concordem entre si.

Um exemplo: o pai não deixa o filho ficar ao computador até mais tarde e a mãe, com pena dele, aceita contradizer a regra imposta pelo pai. Agindo assim, ela faz com que o pai perca toda a sua autoridade e, pior do que isso, intui ao filho de que há sempre uma maneira para conseguir o que ele deseja, achando que pode tudo! O inverso também acontece, quando o pai, por se sentir culpado de não estar mais presente, acaba por satisfazer as vontades dos filhos, contrariando a mãe.

Educar é dar o exemplo! Não adianta o pai dizer uma coisa e fazer outra, pois os filhos seguem o exemplo do seu comportamento e não as palavras! Educar também é estar presente, participar com os filhos em actividades comuns, saber ouvir o que os filhos têm a dizer e não os criticar pura e simplesmente, mas deixando bem claro que não concordam com determinadas atitudes quando não agem da forma como deveriam agir, mas deixando espaço para o diálogo, para que eles expressem as suas razões por terem actuado daquela determinada forma. Os castigos só funcionam quando os pais explicam a sua razão.

A base para uma educação eficaz está no estabelecimento de um vínculo afectivo duradouro e isso só se consegue com diálogo, convívio e respeito mútuo!

O ideal para educar uma criança, para que se venha a tornar num adulto seguro de si e bom cidadão, é que o pai e mãe se relacionem bem entre si, independentemente de estarem casados ou não.

Uma coisa é ser pai, ser mãe, outra bem distinta é ser um casal: o relacionamento pode acabar um dia, mas o papel de pais será pela vida fora! E é importante que estes pais, casados ou separados tenham consciência de que os filhos são para a vida toda e que os pais são os principais responsáveis pela sua educação. Portanto, devem sempre dialogar sobre como devem conduzir a educação dos filhos e o papel que cabe a cada um.

Muitos pais separados até gostariam de manter um contacto maior com os filhos, mas o seu trabalho e o seu tempo disponível nem sempre é compatível com o tempo disponível dos filhos, ou porque a lei os obriga a vê-los a cada quinze dias, o que dificulta a construção de laços afectivos entre eles ou até pela dificuldade de fazer acordos extra-judiciais com a mãe para ver os filhos em outros momentos importantes para o estabelecimento dos referidos laços afectivos.

É vulgar ver-se pais satisfazerem todos os gostos dos seus filhos, tendo dificuldades em dizer não e mimando-os excessivamente, como se isso fosse minimizar o seu sentimento de culpa ou fazer com que os seus filhos os amem mais.

Para que um pai possa estabelecer e manter um relacionamento saudável com os seus filhos durante toda a vida, é importante que esse contacto seja de qualidade, isto é,que ele esteja presente e faça actividades com os seus filhos.

Também é importante dialogar com os filhos sobre o dia a dia deles, como se sentem na escola, verificar os seus trabalhos de casa, conhecer os amigos e, porque não, promover programas com os filhos e os seus amigos.

Gostaria de salientar que, mais importante do que o tempo despendido com os filhos, é a qualidade deste tempo com eles que mais importa.

Muitas vezes, meia hora de conversa e atenção exclusiva para cada um deles é muito mais eficaz do que passar um dia todo sem se conversar, estando apenas e só debaixo do mesmo tecto.

2 comentários:

  1. Manuel
    Nesta síntese toca tantos pontos vitais!
    Há muito para reflectir nesta área!...
    Aposto vivamente na criação de espaços de reflexão para pais...reflexões por vezes difíceis mas extraordinariamente necessárias. Os pais que têm essa oportunidade, agradecem. Sei que agradecem!Trabalho muito nesta área.
    Obrigada Manuel

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  2. É uma excelente ideia, e tantas vezes alguma palavra de bom senso ou serenidade poderia salvar tantas famílias que dramatizam as situações e que as tornam irreversíveis.

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