segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Cremação ou fogueira?


Um corpo inteiro, obeso ou magro, velho ou jovem, com cabelos, roupas, ossos e vísceras em questão de segundos transforma-se em alguns resíduos. As cinzas dão lugar ao personagem que saiu da vida para retornar à natureza em forma de carbono: isto é, basicamente, o que acontece na cremação de um morto.

As temperaturas dos crematórios excedem os 1000ºC, o que é possível derreter até metais, que dirá o nosso frágil corpo nessa tradição milenar que é a cremação.

Embora não seja tão difundida no Ocidente, no Oriente essa prática é mais consagrada, dialogando com o sagrado onde a queima do cadáver costuma significar um acto de purificação, limpando o “profano” do corpo e tornando a alma liberta.

Na história, vemos a cremação muito utilizada nas grandes derrotas para “limpar” a chacina depois de uma grande guerra, como faziam os gregos antigos queimando as “sobras” das batalhas. Com a chegada e forte influência da religião judaico-cristã a prática passa a ser vista como uma heresia, sendo reservada apenas como castigo aos transgressores.

A justificação era a de que a alma levaria certo tempo para se desvincular do corpo. Muitos espíritas, por exemplo, não admitem que o corpo seja incinerado antes de pelo menos 72 horas. Já nas religiões protestantes, não há restrições de acordo com as respectivas directrizes, no entanto, há sempre uma certa relutância por parte dos fiéis. Talvez devido ao imaginário do inferno.

Em termos económicos a cremação é muito mais barata nos crematórios públicos.

O processo é rápido e não é doloroso – claro. Antes do morto dar entrada no forno, passa um certo tempo numa câmara de refrigeração que serve como que uma espécie de “pausa” para fins burocráticos ou de outros empecilhos familiares que possam ocorrer. Depois, o morto, dentro de um caixão, é levado a uma temperatura de 1200ºC que o transforma imediatamente do estado sólido para o gasoso. Após umas 2 horas o estado gasoso passa e solidifica-se, e os restos ainda passam por um triturador e por fim, a famosa "caixinha" com as cinzas do morto é entregue ao familiar (que tem um prazo para reclamar as cinzas).

Diz-se que uma pessoa com uma média de 75 kg fica reduzida a menos de 1kg de pó! – O meio ambiente agradece!

Particularmente, não tenho dúvidas quanto a essa preferência quando eu morrer – tenho claustrofobia – o fogo vai encarregar-se de me “matar” realmente, caso tudo não passe de um erro. Embora seja raro hoje em dia, é possível encontrar notícias de pessoas que foram dadas como mortas por engano... Já imaginou como seria acordar preso dentro de um caixão?!

3 comentários:

  1. Não quero imaginar, por isso, também prefiro a cremação. Em que momento podia neste caso acordar e sentir que estava a ser imolada pelo fogo? Melhor em todo o caso do que na caixa ou caixão, fechada e sem poder mexer-me e respirar.Também sou ligeiramente claustrofóbica. Sim sim é preferível, é mais seguro ser cremado nessas condições que expôs. E tb acho que tudo isso se processa normalmente em silêncio e,pelo menos nesse momento, tenho direito ao silêncio.

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  2. não sei o que me deu em falar de tão tétrico assunto, hélas...incontornável.

    Tempus fugit....

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  3. Não é tétrico, pode ser divertido. É divertido. E conveniente. É bom ter todos os assuntos arrumados com tempo.

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