quarta-feira, 3 de julho de 2013

UM NOVO PRAGMATISMO E UMA GRANDE COLIGAÇÃO


Antes de mais, carecemos de um novo pragmatismo. E, a partir dele, necessitaremos também de uma grande — de uma enorme — coligação: de uma coligação efectiva entre todos os partidos e de uma coligação efectiva e afectiva entre o poder e o povo.

2. O pragmatismo que tem de nortear a política é a vontade de resolver os problemas das pessoas. Ou, pelo menos, a determinação em não agravar a vida dos cidadãos. É preciso que a cada lar chegue o pão. É imperioso que cada família tenha uma casa. É urgente que ninguém seja impedido de trabalhar.

3. Gostamos da política com ideias e excelsamos a política com ideais. Mas devíamos perceber que o melhor ideal é absolutamente pragmático. Haverá ideal mais elevado do que aquele que concorre para que as pessoas ascendam a uma vida mais digna?

4. O mal é que muitos dos ideais na política não passam de enunciados grandiloquentes. Acresce que há ideais que se atropelam entre si. Cada um procura desmontar os ideais dos outros e alardear a pretensa superioridade dos seus. Nesta disputa, são gastas as energias que bem necessárias seriam na tarefa primordial: ajudar as pessoas em dificuldade.

5. É por aqui que passa a grande carência. Pressentimos que é também por aqui que passa a maior urgência. Receio por isso que, nesta altura, muitos saibam com maior nitidez quem não querem do que quem desejam.

6. Diante de problemas novos, vamos optar pelas soluções habituais e pelos protagonistas de (quase) sempre? Situações excepcionais não deviam gerar opções excepcionais? Porque é que só pode haver uma coligação entre dois partidos? O estado a que chegamos não justificaria uma coligação entre todos os partidos?

7. Porque é que não hão-de ser todos (os partidos) a cuidar de todos (os cidadãos)? O povo elegeu 230 deputados e não somente 132. Os restantes 98 não poderão ser chamados a cooperar numa alternativa?

8. E, já agora, porque é que os partidos têm de ter o exclusivo da acção política? Os partidos são obviamente necessários, importantes, decisivos. Mas serão únicos? A governação de um país não poderá incluir representantes das empresas, dos sindicatos, das universidades?

9. Os partidos crescerão se souberem abrir-se. Continuarão a decair se continuarem a enquistar-se em si, a ensimesmar-se. E, para cúmulo, a desagregar-se.

10. Os partidos deviam estar habilitados para cooperar. Infelizmente, parecem apenas formatados para competir. 
No fundo, falta o sentido do outro. Falta ver a realidade a partir do outro. Ainda estamos muito «ego-centrados», muito «ego-sentados»!
João Teixeira

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