terça-feira, 9 de julho de 2013

As putas da minha rua


Este calor dá cabo de mim, mesmo! O não dormir tranquilo e pouco escangalha-me o dia seguinte.

Estou aqui de janela aberta e não vejo uma folha mexer. Lá fora passa gente acalorada, as putas do costume à porta de minha casa, vão-se queixando de que o negócio vai mal. Até o sexo está em crise.

Uma noite destas, com as janelas escancaradas por causa do forno que estava a minha casa, tive de novo que dar um berro que ecoou no quarteirão, mandando-as calar. Álcool, alguma maria joana…, esperas infindas, ciúmes e brigas entre elas, põe-nas aos gritos e a falarem alto.

Nenhum de nós está interessado nas aventuras delas, sobretudo quando estamos desesperados para adormecer…

Dizem-me da Câmara Municipal, do departamento respectivo, que nem o Presidente Sampaio conseguiu mudá-las daqui…foi o Santana Lopes que as trouxe de Monsanto…sempre era mais fresquinho, nas ervas e tudo…

Olham lúbricas e com um ar trocista quando meto a chave à porta: sabem-me como sendo o dos gritos de ordem, vêm-me passar por elas com naturalidade e por isso há um pacto de não agressão…

Um dia estando “de Rodriguez” e entrando mais tarde não resisti a meter dois dedos de conversa com o grupo: foi uma festa, queriam todas dizer-me tudo quanto andava reprimido…ahaha

Desde brejeirices, convites, menus detalhados, tudo me foi proposto sem vergonhas ou pudores e diria até com sensualidade e graça…ordinária, confesso.

E quando lhes disse que era como vizinho que me apetecia trocar uns dedos de conversa, não acreditaram.

A muito custo lá se foram resignando e foi uma sessão de esclarecimentos bem completa.

Olha para o que me havia de dar!

Vou tentar dormir…

Sem comentários:

Enviar um comentário