domingo, 7 de julho de 2013

Carta aberta ao Presidente da República




Sr. Presidente da República
Excelência

Domingo, 7 de Julho de 2013

Posso sugerir-lhe que reflicta em algumas ideias sobre como solucionar a actual crise?

Espero que aceite com simpatia o que abaixo expendo:

1.  V.Exª é, neste momento, a chave da solução.

2.  V.Exª tem, desta vez, que decidir em função de si próprio, dos poderes que a Constituição lhe confere e sobretudo no interesse dos Portugueses.

3.  V.Exª sabe que o poder implica, tantas vezes solidão. Eu próprio e por algumas vezes, no mundo empresarial, fui confrontado com esta constatação: consulta-se, ouve-se, discute-se com quem se tem que estar e depois, só nós temos que decidir em consciência.

4.  V.Exª, como qualquer ser humano, não gosta, fica magoado, ressente-se com os apupos, vaias, insultos, críticas injustas e no geral, com os excessos a que o povo português se tem vindo a habituar. Nunca há justificação para se ser mal educado, desrespeitador de ninguém, sobretudo de um Chefe de Estado, eleito democraticamente, pese embora se possa ser de côr política diferente, monárquico, apático e indiferente. Por isso é duro e tantas vezes intolerável.

5.  V.Exª sabe que quanto menos falar, mais os governados mal interpretam os seus silêncios e as suas posições.

6.  V.Exª tem que dosear as suas intervenções mas deve manter os portugueses informados do que vai fazendo, mesmo que sem entrar em detalhes, prove que está activo e busca as soluções a que um Estadista está obrigado. O dr. Mário Soares, no seu estilo discutível mas eficaz, verberava os jornalistas e mandava-os calar, explicando com veemência que estava a tratar dos assuntos e quando tivesse alguma coisa para dizer, logo saberiam. E todos metiam a “viola no saco”. Há silêncios assassinos e ensurdecedores.

7.  Mas, neste momento, o mais importante é que V.Exª decida bem.

8.  Decidir bem é em primeiro lugar ir ao encontro das expectativas da maioria do povo português e não de partidos no poder ou na oposição, de líderes mais ou menos carismáticos, espertiosos, sedentos de poder, ou sem visão de futuro.

9.  V.Exª tem na sua mão, a decisão histórica de neste momento, reabilitar-se e ao povo português.

10. V.Exª pode, e a benefício de vários passos relevantes que mantém preservar (tais como a estabilidade orçamental, as relações com a troika, com a Europa, a diminuição do desemprego, o retomar da economia), nomear alguém da sua confiança que por sua vez constitua uma equipa de gente séria, competente e capaz para governar o país até ao momento oportuno de haver novas eleições.

11. Tudo se pode fazer e V.Exª terá atrás de si a maioria do povo português com uma alma nova e esperançada. Nada é impossível quando o que está em causa é o BEM do povo português.

E era isto que queria deixar como uma visita, quiçá menos protocolar a V.Exª, mas não menos relevante para mim, como mais uma contribuição para o ajudar a criar forças e tomar as decisões que houver por bem considerar serem as melhores. 

Manuel de Noronha e Andrade

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