terça-feira, 23 de setembro de 2014

o teu lânguido sorriso


Hoje precisara da tua mão, que cautelosa tocava devagarinho na minha e como que a media, afagando-a ao de leve.

Encostaste a tua cabeça no meu colo e eu desprendi-te os cabelos que tomei nas minhas mãos.

Descansaste no teu silêncio e ouvíamos ao longe o barulho da cidade. Cheiro a chuva vinha da janela entreaberta.

Passava-te com doçura e leveza os meus dedos compridos e finos entre os anéis dos teus cabelos, que beijava.

Desejávamo-nos mas era bom o sossego e a quietude, e a seu tempo te tomaria nos meus braços e te estreitaria com paixão e sentiria que te entregavas.

Mas o que mais gostava, quando cansado chegava a ti, era o teu lânguido sorriso que me tranquilizava do bulício do dia.

Contara-te que tinha inventado um beijo só para ti que registara como uma patente valiosa.

Sôfrega estendias a tua boca para a minha e aproximáva-nos com luxúria e pressa para confundirmos os nossos corpos enlaçados.

Perguntaste-me se era paixão e eu respondi-te que era loucura sem razão.

E tu estremecendo de prazer deste a razão à minha loucura.

in poemas raros de Vicente Mais ou Menos de Souza

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