quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Portugal


Indignar-se só não basta!

Já pouco ou quase nada que no peito cala
nesta onda que arrasta, imobiliza e abala
os pilares da "falsa" moral que fala
de mente descarada, perante a nação

tanta gente privada mete a mão na coisa pública
saqueiam os bens de quem quase nada tem
destroem os valores do povo que emprego suplica
mantêm a política imoral e humilhante

cestas, bolsas, telhas, migalhas e outros favores
como se bestas fossem seres humanos aos milhares
apenas lembrados em sazonais períodos eleitorais,
roubalheira nos meandros de poder nacionais

e, ainda têm a cara de pau de dizer convencidos
que o poder emana do povo
e que em seu nome será exercido,
mas, sugam as tetas com tentáculos de polvo

Ó gente, de vielas, cidades e aldeias
- Que mais penas, ó nação Portugal ainda temos que pagar?
- Quanto tempo ainda haverá para se libertar?

De tanta gente impune que nos explora, saqueia.
Pratica há séculos a especulação, sangria.
Empurram o povo para uma vida de pobreza

Das iniqüidades acaso és Mãe gentil?

Corrupção histórica a corroer o frágil tecido social,
engendram tácita e imposta aceitação de métodos,
amparam colarinhos brancos e com projecção social,
Condenam à morte em lenta agonia os excluídos,

Aqueles que só representam números (ou votos)
nas estatísticas, nas camas dos hospitais,
nas filas dos desempregados, sem tectos,
excluídos do PIB, mas números, pois são eleitores.

Num modelo de uma “farsa”, falsa democracia,
de um desgoverno, de promessa em promessa,
vazia de uma minoria que fala em nome de uma massa,
na premissa de passiva, indolente, amorfa.
(afinal tudo se repete, mudam os actores, mas a peça é a mesma no arena da política)

Vagando qual zumbi nos comboios lotados da vida,
na imoralidade da informalidade forçada,
na carência absoluta de meios de sobrevivência
e ainda assim de uma gente que luta e que anseia.

Por mudanças, em quotidiana luta aguerrida,
com o seu suor mantém este país, essa sim brava gente portuguesa.

António Araújo

1 comentário:

  1. Um poema a ler por todos,
    porque por todos nós sentido,
    neste Portugal que parece calado,
    mas cada vez mais, potencialmente explosivo.
    Erga-se a voz, uma voz,
    ampliada pelo sentido
    e alguns,
    dos que aparentemente calados estão
    hão-de erguer-se
    e reerguer este Portugal entristecido!
    A sua voz é importante "Vicente mais ou menos de Souza", ou Manuel?
    Força!

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