terça-feira, 9 de novembro de 2010

os dias cinzentos voltam sempre


Há dias em que tudo é cinzento.

Não só o céu e o ar, mas a alma também.

São dias em que pensamos na vida e, por mais que estejamos felizes com ela, não nos sentimos satisfeitos.

Dá para pressentir esses dias à distância, e é engraçado porque parece que os dias cinzentos são colectivos.

Dá cá uma tristeza... uma tristeza que não é egoísta, pois também se apoia nas coisas do mundo: uma criança na rua sem abrigo, um amigo que perdeu uma pessoa querida, um desconhecido chorando no metro.

Dá vontade de abraçar todas as tristezas do mundo, e dizer que tudo vai ficar bem.

São dias em que tudo parece sem sentido, porque mesmo que tudo esteja a correr bem na nossa vida parece que ainda falta alguma coisa que não sabemos identificar o que é.

Mas a verdade é que por mais tristes que esses dias sejam, são eles que nos apelam ao nosso melhor.

Ao pensarmos no que nos falta, descobrimos outras (maravilhosas) coisas que não conhecíamos de nós próprios.

E por mais que nos completemos, por mais que fiquemos felizes, os dias cinzentos voltam sempre, porque, afinal, precisamos muito deles.

8 comentários:

  1. ...é..., além de que nesse cinzento que decretaram cinzento mas pode ser azul, ou até verde, nos tornamos mais produtivos porque mais reconhecidos e conscientes do que somos, nós e os outros e porque somos também mais produtivos em matéria interior...

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  2. nem sei, não. Às vezes os meus dias cinzentos são mesmo de "spleen" na definição magistral do Eça, uma espécie de neura, uma imbecilidade para nada nos apetecer fazer, não nos mexermos...sobretudo não falar e não nos obrigarem a falar..

    percebo que nos manicómios, se esteja bem a dormir...sedado...é tudo cinzento.

    Acho que estamos num grande manicómio chamado Portugal...é tudo cinzento!

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  3. Manuel
    confesso que às vezes tb tenho "desses"... mais do que dias, fases cinzentas, se lhes quer chamar assim... é que o cinzento nem me "chateia" e fica bem com outras cores!... não choca!..., enfim, mas cinzento nessa acepção do Eça... seja,... estou eu agora, em baixo de forma, em cima de tensão arterial, a precisar ganhar juízo e com a coluna a gritar por socorro!... quase “coitadinha” se gostasse dessas coisas do coitadismo tão português... mas, nos meus mais recônditos genes, portugueses quase de certeza, continuo cheia de vontade na mesma de tantas coisas, caramba... ou precisamente por isso, ainda com mais vontade! cinzentisses... pronto! ganhou na cor! Ah, ah, ah!...
    Abraço, Manuel
    Isabel

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  4. Eu gosto bastante do cinzento num fraque, num colete, numas calças de flanela, numa camisa de riscas brancas e cinzentas com um colarinho branco, de luvas de pelica cinzentas....quando em Buckingham visitar a Rainha.

    Mas prefiro cores garridas dentro da alma, com vida e movimento.

    Neste momento de "podridão" do regime, apetece-me pensar no futuro, lutar, conseguir transformar o desânimo em inventividade e inovação.

    Não é a época da melancolia debaixo dos ulmeiros, mas sim a da reacção contra o pessimismo, apresentando-NOS alternativas e pelo menos tentando a saída para a frente!

    Bravery my friend!

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  5. "bora aí" como diz o Manuel...
    ...estou a ver se ganho coragem para escrever sobre alguns projectos que tenho!...
    ... Sei que preciso mudar algumas coisas que se traduzem talvez em muitas... mas tenho que me saber cuidar primeiro!
    Quanto ao fraque... porquê só para visitar a raínha? e porque não visitar a raínha quebrando protocolos que provavelmente ela agradece... embora provavelmente não possa?... que maçada que deve ser, "ser raínha"!... quando era miúda sonhava, como todas as miúdas ser princesa..., mas era uma princesa super revolucionária... e quebrava os protocolos todos!
    ... e o cinza fica bem com rosa forte... ou com azul claro... e com roxo!...
    Viu?????
    beijinho
    Isabel

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  6. o seu estilo de escrita ganha em ser sucinto e directo ao assunto, pois sabe muito bem organizar as ideias e exprimi-las.

    nada cinzento, mas também o côr-de-rosa tem os seus próprios leitores e neste momento a Isabel poderia ser mais abrangente, sair dos seus domínios e saltar para o mundo, cada dia ou quando puder, dando vida ao blogue, reportando as impressões, mesmo telegráficas, do que é e foi relevante.

    Mas é a minha opinião.

    De resto, a Raínha só tem interesse como é, imagina as milhares de pessoas que diáriamente acorrem a Buckingham, para verem um "Cavaco"?

    Eu não...francamente: como se diz, o que atrai é o show (glamour) da Monarquia com as suas pompas e rituais.

    Daria para outro tema...fica para a próxima!

    Curta bué o seu dia...era o que eu deveria dizer a Sua Graciosa Majestade, quando me despedisse...eheheheh

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  7. "Curtir", "Curtir"... não posso, não por estar "de baixa" mas porque o motivo da baixa não me deixa e me chateia que chegue... só que memso assim...(pausa) acho que curto sempre o que posso e à minha maneira!... e esse é o meu lema!
    Mas vou tentar, para já, escrever mais... a variação dos temas... ainda me inibo aqui, confesso!
    abraço
    Isabel

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  8. La lassitude de soi . Pas besoin de chercher au dela ! são momentos tão presentes como ter fome ou ter sede,; acontecem porque somos feitos de insatisfações de imponderáveis ,raramente há um dia de sol sem que uma nuvem nos atravesse. O melhor que temos a fazer é viver com esses momentos como se fizessem parte da nossa mobília espiritual e sensitiva e não lhes darmos a importancia que acham que lhes devemos. Ninguem pode ser derrotado por nuvens passageiras,mesmo q ás vezes a sua duração se torne imcompreensível !

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