domingo, 8 de outubro de 2017

O PENINHA IA SENDO ALDRABADO


O PENINHA IA SENDO ALDRABADO

Um conhecido do Peninha, o Carlos, andava há que tempos a dizer-lhe que conhecia um príncipe que o Peninha só tinha interesse em encontrar.

Morava fora de Portugal mas o Carlos estava disposto a levá-lo de carro até aonde ele morava. A única pergunta que lhe fazia era se o Peninha tinha algumas poupanças assim de montantes importantes para poder pagar ao príncipe uma grande honra.

O Peninha escondera de Adélinha, a existência de uns €100,000 que juntara no Montepio desde que era novo. Foram os seus padrinhos que se quotizavam e depositavam a cada mês um montante, que ao ser bem administrado, lhe deu para dispor agora desta quantia importante.

Carlos e Peninha partiram de carro uma manhã cedo e a desculpa para a Adélinha era a de que iam buscar tâmaras a Marrocos a um preço muito baixo para lançarem no mercado nacional.

À Adélinha pouco lhe importou pois planeara um novo encontro com o Alípio que faria vir de Braga e lá em casa mesmo fariam um ninho de amor. Peninha falou-lhe em pelo menos 4 dias de carro mais o ir e voltar, e assim Adélinha podia estar tranquila uns 6 dias, sem medo do regresso inopinado do Peninha.

No caminho Peninha que levantara os €100,000 e os sentia junto ao seu bolso, estava curioso em saber de que honra se tratava e perguntou a Carlos se podia guardar alguma soma do dinheiro total para o que desse e viesse.

Carlos abriu o jogo e disse: - vais encontrar-te com o rei da Ruritânea, que se chama don Rosário Helder e que vive no seu reino no meio de Itália.

Peninha não era muito culto nestas coisas de reis e príncipes, mas retorquiu:

- ouve lá se ele é rei da Ruritânea como é que vive em Itália e o reino é dentro de Itália?

Carlos respondeu:- é porque na Ruritânea há uma república e ele está no exílio. Este argumento convenceu um pouco Peninha.

- E ele fala português? Senão como é que eu lhe falo? – disse Peninha.

- Não te preocupes eu trato de tudo. Ele vai dar-te um título de duque de Gibral-Faro e umas condecorações e isso custa tudo os € 100,000 mas ficas com um diploma e passam a chamar-te de duque e a Adélinha é duquesa. Isso é que ela vai gostar.

- Mas não pode ser mais barato, perguntou o Peninha aflito.

- Sim, disse Carlos agastado pela sua comissão que via diminuir. Tens um título de Barão de Odivelas (ao Senhor Roubado) ou Visconde da Baratã de Baixo, mas tem muito menos graça e é menos sonante.

Entretanto estavam a chegar a uma cidade italiana de nome Sebenta do Pó, aonde o don Rosário tinha o palácio real quando viram uma série de carabinieri (nada a ver com os carabineros a la plancha) que são, vá como a nossa GNR, à volta da porta do palácio e a trazerem para um carro celular o don Rosário Helder que olhou desolado para Carlos!

Peninha ficou siderado e perguntou a um casal de emigrantes que assistiam ao acontecimento, o que tinha acontecido:

- Parece que prenderam um gajo que se fazia passar pelo rei da Ruritânea e vai de cana. Fartou-se de enganar papalvos.

Carlos regressou nesse dia mesmo com Peninha que vinha esfusiante de alegria pois não tinha gasto os €100,000 e em Elvas compraram umas caixas de tâmaras para darem à Adélinha e assim justificarem a ausência.

O Alípio não pode vir a Lisboa nesses dias pelo que quando Peninha chegou a casa de surpresa, tudo estava em ordem e depois de se explicar à Adélinha que estava mau tempo em Algeciras para atravessar de barco com o carro, Peninha deu um ligeiro apalpão no rabo grande da Adélinha e disse-lhe baixinho:

- Minha duquesa de Gibral-Faro, havemos de lá ir, mas tens que perder peso para seres uma verdadeira aristocrata.

Ao que se sabe, Carlos continuou com as suas vigarices e foi criando, a troco de comissões chorudas, toda uma corte de nobres genuínos do reino da Ruritânea.

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