terça-feira, 25 de agosto de 2015

Miserere Mei

Vai um tipo por um caminho fora, de férias, na aldeia, a olhar para a natureza, as árvores, as plantas, os frutos, um ou outro galináceo que atravessa sem medo o carreiro, um pombo ou um rouxinol que exibe o seu trinado num galho de uma árvore com uma copa acolhedora e topa, de surpresa, com um riacho de água límpida aonde apetece sentar-se nas margens.

E o barulho da cidade, e da gente e do desassossego da vida parece que se vão.

Apetece pensar em coisas boas, em pessoas que se amam, em tudo quanto afaste a intranquilidade. Até parece que o coração descansa de uma vida agitada e pede uma pausa no seu bater.

Claro que a modernidade dos tempos exige um contacto permanente e o telemóvel ligado, trouxe de súbito no écran, a aparição de uma mensagem. Parecia apetecível no seu conteúdo e desafiante para uma conversa calma e sem consequências.

O tempo é um barómetro da sensibilidade e temperamento dos homens e umas nuvens mais cinzentas no céu, toldam a harmonia de um dia que se anunciava promissor.

Foi-se o encanto, a magia do momento, e começou uma conversa taco-a-taco de tal forma desgastante que a caminhada continuou sem eito e só parou junto de um Convento, que tinha as portas da igreja abertas.

Dentro uma frescura e um silêncio que se impôs para por fim à chamada telefónica.

As monjas entraram para o coro e começaram a entoar o Miserere Mei, Deus.

Aplacou-se a ira e o transtorno emocional desvaneceu-se.

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