quinta-feira, 20 de agosto de 2015

CARTA ao MEU PRIMO LUÍS BERNARDO - Agosto de 2015


Imaginem vocês que recebi uma carta de um primo que já morreu há vários anos e que me chegou à caixa do correio.
Creio ser o primeiro ser humano a ter verdadeiramente notícias reais, de além-túmulo. Finalmente aparece alguém a explicar como tudo se passa. Aliás, nunca percebi porquê tantos mistérios!
Desde há três anos tenho mantido uma correspondência frequente com ele, que poderão ler no meu blogue “Vicente Mais ou Menos de Souza”. Esta foi a última carta que lhe escrevi hoje, perguntando uma série de coisas que nos perturbam, suscitam curiosidade e até inquietação. Costuma ser rápido. Aqui a têm.

Agosto de 2015

Querido Luís Bernardo,

Hoje esteve um dia lindo, daqueles de sol luminoso e um céu azul sem uma única nuvem no firmamento.
Diz-me desde já se continuas a ter este espectáculo admirável e quando para aí formos, os luares de Agosto, os pôr-do-sol continuarão a ser momentos únicos, ou como é?

Agora outros assuntos, pois há muito que não te escrevo.

Tens estado com os meus Pais? Tenho tantas saudades deles e aliás de todos. Manda-lhes um grande beijo.

Este Papa tem sido danado e dá cada abanão na Igreja! Vai haver um Sínodo lá para Novembro, mas claro que deves saber, e muitos temas tabus serão discutidos. Dá-me pistas sobre o que vai acontecer, qual a visão daí e a tua opinião.

Aqui no burgo, tudo a partir ao mais pequeno sinal de uma nova oportunidade profissional e o nosso país, que é uma beleza, a ficar sem quadros jovens e de uma nova geração a tomar as rédeas do país.

Ouve lá e esta treta do fim-do-mundo em Setembro com o choque do asteróide contra a Terra? É que se vou mais cedo para perto de ti, tenho umas quantas preparações a fazer: revisão da minha vida, escolher o que vai ser ou não útil levar…porque me cheira que pode ser boring…diz lá tu da tua justiça e dá-me umas dicas…deixa-te de segredinhos, vá.

Finalmente aqui vai-se ouvindo um pouco por todos os lados um sôfrego apelo à memória de Salazar. Se estiveres com ele outra vez, pergunta-lhe o que opina sobre como ele faria para sairmos deste enorme sarilho em que estamos metidos…

Bem vistas as coisas, se em Setembro formos para o galheiro, desculpa o palavreado, pouco importa já.

Hoje fartei-me de tomar banhos aqui pela zona da capital e arredores e digo-te que esta mania de tantas pessoas se endividarem para irem para o Algarve e frequentarem as festas badaladas sem terem um tuste, é para além de ridículo, uma tragédia.

Vou dormir porque o sol cansa e faz sono.

Vê lá se respondes depressa, pois fico em picos.

Um afectuoso abraço do teu primo que muito te estima

Manuel

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