domingo, 19 de outubro de 2014

Era um sujeito probo, envaidecido

Era um sujeito probo, envaidecido
Por três filhos criados, já grandotes:
Dois machos e uma fêmea — que, paridos,
Cresceram a palmadas e chicotes.
Era um sujeito casto — nunca ria
Sobre matérias lânguidas, lascivas,
E por ser moralista perseguia
As próprias conjunções copulativas.
Era um sujeito crente — e ordenava
Aos filhos que rezassem na capela
Por uma pobre puta, que morava
Lá perto, de viés numa viela.
Morreu, coitado, um dia quando soube
Que a prole ia casar na capelinha:
Os filhos com dois homens de bigode
E a filha com a puta da vizinha.

Bruno Oliveira Santos

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