quinta-feira, 9 de outubro de 2014

a insustentável leveza do ser


Não sou dado a R.I.P.s secos e impessoais. Prefiro uma oração pela alma (PN - AM) ou escrever palavras e frases completas manifestando a amizade por familiares, a dor sentida, alguma observação relativa ao defunto.

Mas o Facebook faz-nos a cada dia contactar mais com a morte que sobrevém, rápida e sem piedade, ceifando gente de todas as idades e profissões.

Acaba por ser um exercício edificante, pois chama-nos a atenção para como devemos estar disponíveis para quando isso aconteça, a uns mais previsivelmente a outros inesperadamente.

Por isso é preciso estar leve para o caminho: foi sempre uma expressão que me agradou. O conceito de leveza, tão magníficamente tratado na literatura, na música, na poesia, na saúde e na filosofia é uma espécie de bálsamo.

Alguém que acabe de comer uma rica feijoada, um barrigudo, um sôfrego por comida....intui sempre a percepção de que vai ser penosa a caminhada, a pé, de carro pela sonolência, em casa deitado numa cama pela má digestão que fará...

Uma ou um bailarino, um ginasta bem musculado e treinado, um corredor habitual ou um caminhante diário....são bem mais leves para tudo quanto se lhes exija ou queiram empreender.

Uma última observação que captei com a mensagem deixada pelo actor Rodrigo de Menezes, na sua página do facebook: é bom anteciparmo-nos nas despedidas, falarmos de quem nos amou e a quem amamos, talvez evitar grandes palavras cruas e duras sobre quem nos infernizou, mas que a imagem que se deixe seja de paz e de alegria na expectativa de uma partida inevitável, quando ela acontecer.

Não importa as crenças, se católica, se cristã, se judia, se muçulmana, se budista, se nada...mas o mais relevante é sem "a mania das grandezas", deixarmos uma imagem arrumada e resolvida da nossa vida.

Se isso ainda não acontecer no presente, bem....o melhor é começarmos a tratar disso quanto antes...

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