quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O ALMOÇO DE CABRITO NO MEU CLUBE

O ALMOÇO DE CABRITO NO MEU CLUBE

Hoje havia cabrito ao almoço no meu Clube, oferecido por um sócio.

Nunca vou nestas festas natalícias ou outras do género, de carro para o Chiado e assim apanhei o metro cuja linha, a azul, dá acesso à Rua Garrett através de umas longas escadas rolantes de quatro patamares.

Já tenho aqui refilado pela inércia do Metro ou seja de quem for responsável, por deixar invariavelmente, em épocas festivas e ou de grande afluência, vários lanços sem funcionar.


Esta manhã, para quem descia, havia umas quantas em reparação. Ora vindo eu no sentido contrário, ou seja a subir, pus-me do lado direito para deixar passar quem assim quisesse.



Um rapaz dos seus 23 a 24 anos, vinha, qual borboleta, salteando pelos degraus acima, como se as escadas não fossem rolantes! Fiquei mesmo cheio de inveja, pois ainda que me sinta capaz de o fazer em caso de emergência, tipo ter a ameaça de uma bomba, ou de algum terrorista perseguindo-me para me matar, tenho a convicção de que chegaria ao cume e cairia, com dignidade, esfalecido de tanto cansaço, entregando-me, por isso, às mãos de tão ferozes algozes!


Lá saí no luminoso Largo do poeta Chiado, que cheio, regurgitava de músicos ambulantes e dançarinos, de estrangeiros divertidos pela animação, encantados pelo movimento.


Encontrei dois parentes a engraxarem os sapatos, encostados às paredes do antigo Ramiro Leão, que iam almoçar para o outro Clube em frente do meu.


Conversa amena, sobre tudo menos de política e continuei, depois das boas-festas dadas, em direcção à Bertrand, aonde tentaria comprar dois livros que me interessam e que me presenteio em época natalícia.


Muita gente dentro a folhear e ler livros, e apesar de ir com tempo, deixei para a tarde quando saísse do Clube.


Quando lá voltei, fiquei a saber que estavam esgotados e ainda tentando na FNAC, tive a mesma sorte.


Eram para aí umas 19h e já com o Chiado todo iluminado, o movimento parecia imparável: gente a entrar e sair das lojas, mil idiomas falados, gargalhadas, música tocada por amadores nos passeios, um fim de tarde próprio da época.


Ao descer para a Rua do Ouro ainda passei na Livraria Férin, aonde o dono, o meu amigo João Paulo tem sempre últimas novidades sobre livros que estão para sair ou de recentes edições. Também não tinha e segui. Dirigi-me então ao Rossio para apanhar o metro de retorno a casa, nos Restauradores. Também muita gente e então no Rossio nem se fala.


Vinha calmamente a observar as gentes, a escrutinar as caras, as conversas, as emoções que deixavam transparecer…frases soltas, e pensei como somos ainda sortudos aqui em Portugal de não termos o sofrimento de povos martirizados pelo ódio, pela guerra e pelas bombas, pelo terrorismo.


À despedida no Clube, um amigo perspicaz, diz-me : - que o Costa se mantenha e que continue pelo mandato até ao fim. São todos iguais, e sabes, eu não vivo disto por isso, não me importo nada nem dramatizo.

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