terça-feira, 27 de setembro de 2011

Como sei que estou em Portugal?


Gosto da ideia de Portugal.

Tenho um passado familiar importante em Portugal mas que alcanço só através da História. Não me chegou assim de uma forma directa..tipo caiu-me em cima da cabeça o peso da tradição (lembro-me do meu Avô Vasco da Gama, de toda uma plêiade de Noronhas que fizeram Portugal) mas tive que recomeçar o meu lugar em Portugal, por mais modesto que ele seja ou esteja a ser ou venha a ser.

Mas sim, gosto do meu País e irrita-me quando tenho razões para dizer mal e tenho várias e não são as habituais. Nem me apetece aqui louvar as costumeiras qualidades dos Portugueses nem de Portugal: outros já o disseram e basta.

Portugal é um país foleiro...do tipo da pessoa que quando em recato, ao nos aproximarmos de mansinho vislumbramos-lhe de perfil um sorriso alvar e de bonomia silenciosa, em permanência.

Porquê, co os raios? Está-se infeliz, tem-se uma vida de rafeiro, caminhamos para o abismo porque carga de água é que temos este riso alvar?

Canga, digo eu! Somos um país de canga, como dizia o meu Avô!

Dos espanhóis, dos estrangeiros, do vizinho, sempre a querer agradar sem que, e quando venha a propósito, mostremos que estamos carrancudos, soltemos um berro de indignação, corramos com o carrasco que nos oprime, sejamos brutos, duros e frios e chamemos as coisas pelos nomes.

Ladrão é ladrão e deve ir para a cadeia, corrupto é corrupto e deve para além de devolver do que se apropriou ilegítimamente, ir passar uns tempos ao xelindró, pobreza é pobreza e merece apoio directo, claro, sem vergonha disfarçada; desemprego é desemprego e traz aflição e perturbação à alma, ao espírito, ao estômago e causa infelicidade material, familiar, de harmonia entre as pessoas...

"Tout m'est bonheur"...qual quê! Como tudo pode ser bem-vindo e ser felicidade às colheres?

E é isto que me irrita neste povo a que pertenço e de que me orgulho temperadamente: não totalmente como toda a gente faz, sem fazer ressalvas.

Sim, nalgumas coisas tenho orgulho e até ao fim, noutras não: critico, digo mal, não concordo e pouco me importa se é Portugal!

Se nas nossas vidas devemos ser assim, como não no sítio que nos deu o berço?

Por isso, quando penso em partir, vou em busca do Eldorado, mesmo! Quero sossego, horizontes largos, dinheiro, cultura, um fim de vida merecido. Vou trabalhar no duro mas com a certeza de ser compensado. Cá, neste momento...impensável!

Quero poder comprar Cds, livros, viajar, experimentar novas culturas e gentes sem contar os tostões e isso por cá nos próximos dez anos não dá mesmo, e depois veremos se acontece!

Bem, voltando à pergunta inicial, infelizmente de momento pelas más razões.

Mas espero que um dia quando regressar sentimentalmente (porque fisicamente é um até já e não um adeus) me sinta tranquilo debaixo da sombra de um choupo e consiga encontrar a paz, a luz e o encanto de uma bonita tarde de Outono.

Mas tal como os filhos, não é obrigatório que os Pais biológicos sejam os melhores...quantas vezes não o são.

Em todo o caso, gosto da ideia de um Portugal desconhecido à procura do qual irei, pois o conhecido é um pesadelo.

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