domingo, 3 de outubro de 2010

O prazer de manusear um livro, de o abrir e fechar


Há alguns anos, li um artigo de opinião sobre o futuro da informação. Não me lembro do nome do autor, lembro-me muito bem do conteúdo, porque me impressionou bastante porque francamente ainda não tinha percebido o impacto da “revolução digital”.

Segundo o autor, o novo meio de difusão do conhecimento é mais barato, mais rápido e mais eficiente e portanto torna-se inevitável que a informação digital, em todas as suas formas, ultrapasse e suplante a informação impressa.

Era esta a tese.

O prazer de manusear um livro, de o abrir e fechar, ler devagarinho, saborear a nosso bel prazer... O conforto da leitura, que pode ser feita em todas as situações imagináveis e em todas as posições físicas possíveis... A posse dos livros, a estante cheia de tantos conhecimentos, tanto conforto, tanto prazer...

O prazer de manusear um livro, de o ler ao nosso ritmo... continuarão a existir bibliotecas e livros. Continuarão a fazer-se livros — como ainda se fazem pianos de cauda, colheres de pau e filigrana: por prazer, por arte.

Dito isto, há que acrescentar as desvantagens da informação impressa. Gasta papel, que gasta árvores, que fazem falta na natureza. O número de árvores destruídas para que as pessoas leiam todos os dias os jornais é arrasador. Milhares de milhões. O papel é impresso em máquinas que gastam toneladas de energia. Distribui-lo é lento, complicado e também gasta toneladas de energia. Guardá-lo é difícil, caro, perigoso até. Os produtos químicos usados para branquear o papel são corrosivos, maus.

O papel é uma catástrofe ecológica.

Depois, os livros são pesados e volumosos; um livro pode ser portátil, mas uma biblioteca é um pesadelo logístico. E o custo?

Podemos acrescentar, até, que são difíceis de esconder, em caso de perigo.

Não preciso de salientar como a informação digital resolve todos estes problemas de maneira mais racional e mais barata.

Isto para não falar na grande quantidade de livros e livrinhos disponíveis on-line, e portanto acessíveis em qualquer sítio, de graça, ou muito baratos. Agora, quem escreve pode ser lido em qualquer parte do mundo, e quem lê pode ir buscar o seu prazer de leitura ao outro lado do planeta.

Pois é, os livros provavelmente vão acabar. E os jornais também. Mas a escrita está mais viva do que nunca. E a crescer.

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