quinta-feira, 15 de agosto de 2013

delicodôce



Às vezes eu penso que tudo tem limites. 

Frases bonitas sobre a caridade, paciência e bondade que se deve ter, amar o próximo como a nós mesmos…bem se eu o fizesse assim, seria odiar-me, não provocar, não chocar os mais velhos, no fundo deixar correr…e fazer figura de parvo e de tudo aceitar.

Porquê? Aonde está escrito que é positivo, que faz bem, que é justo? Mas que critérios são esses que defendem quem no fundo abusa e ainda por cima tem que ser tolerado?

Quando há que dizer as coisas, que se digam! Pouco importa se nos apelidam de termos mau-feitio, menos tolerância, menos isto e aquilo…

A ideia que eu tenho é a de que se estão perdendo “beau gestes” para o ar…ou seja, por uns momentos alguém, sem saber, ganha com o sofrimento de um terceiro injustiçado, mas em efeitos práticos é só uma construção teórica do bem, que não se materializa em nada…é uma ausência da boa e aberta discussão sobre o mérito de saber quem tem razão.

Há uma eterna cobardia de enfrentar as coisas e de as chamar pelos nomes, mesmo que cause, temporariamente – deseja-se – divisão, afastamento ou zanga, mas paciência. Como se dizia lá em casa, não há pior do que arcas encoiradas, cheias de coisas que cheiram a mofo, mas que são intocáveis de geração em geração e que não saiem para fora nem se usam...

Vem isto a propósito da política, das relações familiares, das amizades…aplica-se a um largo espectro de situações.

Hei-de morrer com a fama de truculento, mas não me apetece ceder em atitudes delicodôces só para não incomodar…

É como o outro: fulano que faz o favor de ser meu amigoqual quê! Ou é ou não é, não há cá favores…

Enfim, hoje estou irritado e por isso vou beber uma caipirinha…dizem que tem efeitos sedativos do melhor!  

3 comentários:

  1. Sabe, "Vicente"? Às vezes calo muito para não magoar, não ofender, não ferir susceptibilidades, não criar possibilidades a más interpretações... mas detesto o "Glicodossismo"... porque podemos fazer o esforço de não magoar os outros, mas devemos ser honestops no que temos a dizer e no que demonstramos do que sentimos... e, talvez seja da idade... ou das mudanças que vou operando nesta minha vontade de mudar ainda tanta coisa... acho que se for preciso mostrar aborrecimento, desacordo, irritação, desentendimento... devemos fazê-lo... de forma assertiva!
    Detesto o Glicodoce... soa-me e cheira-me a maneirismos!
    Gostei do texto
    Beijinho
    Isabel

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  2. É um dos textos de uma colecção de uns quantos que tenho escrito subtilmente e que deixam transparecer, tristeza.

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  3. A tristeza está bem mais presente do que gostaríamos... e escrevi "Glicodoce" de Glicose... açucarado... (lol)... que chega a fazer mal à saúde... mas queria referir-me à sua critica ao "delicodoce"... que, mantenho, deve ser combatido, como diz e bem.
    ... mesmo que de alguma forma, através de textos que nos ajudem, ou ajudem mais, esse grupo de pessoas que vai querendo mudar um pouco, a repensar as suas posturas.
    Esses textos subtis, por certo... poderão conter uma bela dose de assertividade.
    Ser assertivo é uma conquista, mas pode contagiar-se se for disseminado com a subtileza das palavras e dos gestos... os que levam à reflexão e à vontade de querer aprendê-la e pô-la em prática!!!
    Já lhe disse, várias vezes que gosto de si.
    Tenho dito.
    Beijinho,
    Força...
    Isabel

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