segunda-feira, 26 de agosto de 2013

o teste do lenço encarnado



Quando conheço de novo alguém, amiga ou amigo putativos, faço um teste maldoso com vista à catalogação nos escaninhos da consideração. Cabe lá tudo, mas é sempre importante saber com quem se lida, no campo intelectual, neste caso.

Proponho um passeio no meu carro e a/o candidata/o senta-se no banco da frente e a conversa surge naturalmente. “Vareia” de pessoa para pessoa, e tenho um esquema pré-combinado, com uma empregada de balcão do Sr. Alberto, merceeiro de bairro, frequentado durante muitos anos pela minha Mãe em vida e que é o seguinte:

- a pequena que não é mal de todo, quero dizer não é um monstro, tem umas carnes roliças e chama a atenção pelos “alvos peitos branqueando” como diria o Poeta, põe ao pescoço um lenço encarnado vivo e posta-se na ponta do passeio;

- só um cego é que não a vê, mas por nada de especial, só porque está ali, é um ser humano e tem….aqui é a base do teste o dito lenço encarnado vivo, qual écharpe ao vento, ao pescoço

Passo devagarzinho, arrefeço a conversa e ponho-me a olhar para um lado e o outro como se procurasse alguma coisa em especial.

Depois arranco, com fúria e gula de saber o resultado do teste.

Pergunto em ar de nada: - Viste a rapariga de lenço encarnado?

Um sim ou um não, ditam o escaninho para aonde vão. 

Tenho um pequeno CD que a seguir ponho no respectivo leitor e cuja gravação pretende ser um alerta da polícia chamando a atenção para quem tenha visto uma rapariga de lenço encarnado ao pescoço que rapidamente se ponha em contacto, pois acabara de assaltar um banco.

Tenho tido enormes surpresas, umas muito agradáveis outras decepcionantes, por isso, já sabem, quando vos oferecer um passeio por uma área de Lisboa…também não posso dizer tudo, carambolas, “faites vos jeux messieurs/dames”…aahaha

Tão mais interessante olhar para o invulgar da vida, mas com olhos de ver!

« Le monde appelle fous, ceux qui ne sont pas fous de la folie commune. »

Madame Roland

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