segunda-feira, 7 de julho de 2014

2ª viagem a Luanda com o Príncipe de Sabóia e Embaixador americano para encontro com o Presidente dos Santos



Completados os estudos, propostas e estratégias que a cada um competia, centralizou-se em Washington na empresa de lobby do Capitólio, do Embaixador C., a respectiva análise.

Veio de lá um documento pré-final para o nosso nihil obstat e após algumas correcções e acrescentos, assentou-se que o Presidente dos Santos:

- tinha uma cara apelativa para aparecer nas capas da TIME e NEWSWEEK durante a sua viagem oficial  aos USA, com uma extensa reportagem no interior sobre o seu trabalho como Presidente de Angola e sucessor de Agostinho Neto: um homem moderado, empreendedor e que mesmo durante a guerra civil tinha conseguido desenvolver Angola e que no dealbar de uma paz frágil era mais convincente e consistente do que Savimbi;

- visitaria o Capitólio, os principais Senadores, o Presidente dos USA, e receberia doutoramentos honoris causa por Universidades negras do Sul dos Estados Unidos, viajaria em aviões particulares, limousines presidenciais, honras militares, com todas as despesas pagas pelo Governo;

- teria encontros com homens de negócios americanos e investidores potenciais importantes e poderosos com interesses em Angola;

- receberia a promessa do apoio total dos USA na organização das primeiras eleições livres em Angola;

- receberia outros apoios de vária natureza…

Pusémo-nos de acordo sobre o texto final e encetei os meus contactos com a presidência de Angola para marcar a data da viagem.

Confirmado o acordo para uma data, combinámos que partiríamos todos de Lisboa. Vieram assim juntar-se a mim o Príncipe Victor Emanuel de Sabóia, o Embaixador americano C. ( não de carreira mas colocado em Genebra como homem de confiança de Bush e já do tempo de Reagan), e o meu sócio e amigo Advogado que já mencionei em anteriores crónicas.

À chegada a Luanda tínhamos no aeroporto à nossa chegada várias limousines oficiais e o Chefe de Gabinete do Presidente José Eduardo dos Santos bem como uma escolta militar, armada até aos dentes. 

Ainda havia nessa época em Luanda e nomeadamente na zona para aonde nos dirigíamos, o Futungo de Belas, “compound” militar e residência do Presidente, ataques perigisíssimos de milícias de Savimbi.

Lembro-me bem do medo com que estávamos pela velocidade tresloucada a que circulavam as nossas limousines, com a escolta armada que fazia afastar o trânsito.

Lá chegados fomos conduzidos para uma moradia muito bem cuidada com um jardim e um pequeno relvado à volta, já dentro do Futungo. Era a residência oficial para os convidados presidenciais.

Como éramos quatro, e apesar da casa ser confortável, não era muito grande. Tinha uma sala razoável com o necessário e uma casa de jantar acoplada, dois quartos e uma suite. 

Os quartos eram um, com duas camas, o outro com uma mais pequena e a suite com uma cama de casal e uma casa-de-banho própria. De resto havia mais duas, que serviam os outros quartos.

Antes de nos distribuirmos, tomei a iniciativa e propus que a suite fosse para o Príncipe, o que de imediato foi arrogante e malcriadamente negado pelo embaixador americano, que disse que quem era o chefe da missão era ele e que no seu país não havia príncipes por isso sendo a pessoa mais importante. Um selvagem!

Bem educadamente o Príncipe respondeu que não se importava de dormir no quarto de duas camas comigo pois não só me conhecia bem, como não cabia na cama do outro quarto!

Ficámos logo a embirrar com o embaixador que se veio a revelar um companheiro insuportável!

(Continua)



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