domingo, 16 de junho de 2013

Júlio ( o da Quinta das Lapas) mas de momento em Lisboa, de eléctrico e subindo para a Graça

Querida menina que me lês,

Estejas aonde estiveres espero que esta te vá encontrar bem de saúde.

Ando cá por Lisboa e apetecia-me a tua aldeia, as tuas ovelhas e os teus pomares…mesmo que não sejam teus. Olha, roubarmos umas uvas em cachos generosos e arrancados das parreiras não há melhor e mais ousado. Ser apanhado em pleno trespasse da propriedade alheia, neste caso de roubo de fruta, torna o pecado de Eva numa perfeita minudência.

O cheiro da tua roupa meia assaloiada, o do teu corpo a sabão azul ou parecido, as pernas de pele de veludo, que ao roçar-me por ti se sentem e fazem trepar sensações crescentes de sensualidade e de desejo irreprimíveis em mim, tudo isto torna esta carta numa verdadeira proposta indecente de contigo querer fazer amor. O que queres? Mais vale ser verdadeiro do que mentir-te e de ti não receber acolhimento nas minhas tentativas de te possuir, porque desconheces este meu fervor em que vivo.

Mas não me fico pela pele das pernas: e que dizer do teu peito redondo, com bicos perfeitos e de romã, que deixas espontaneamente entrever, por um decote de um vestido de mau corte e fóra de moda, como só podes encontrar na costureira da aldeia. Bendita “ponta a cima e ponta a baixo” de tecido que desequilibradamente permite a antevisão do teu paraíso.

Peço-te matreiramente que subas o escadote de madeira encostado à parede e me colhas umas nêsperas da árvore do pecado, pois o que quero é ver-te por dentro e pressinto que nada trazes.

Roubo-te um beijo e recuas entre surpresa e agradada: que loucura ser vistos, o filho do patrão e a filha do caseiro nestas intimidades. Ele há lá ligação mais saborosa e pecaminosa do que esta combinação.

Pelo que, menina que me lês, saberás que estou ao rubro e que tomarei a primeira camioneta para te ir visitar com intenções boas por um lado, acho que para os dois, mas com impuros intuitos.

A relva fresca da manhã servirá de tapete para te despir com vagar e te desnudar, gozando cada pedaço do teu corpo jovem, leitoso, macio e apetecível…Deus meu!

Ao contrário dos botequins que frequento em Lisboa aonde as putas se oferecem e propõem prazeres invulgares mas carnais, insossos, repetitivos, qual pedaço de carne do talho, sem gosto e a ser usado até ao enjoo, tu, boa e linda menina destinatária desta minha carta que espero que te encontre em boa forma, os teus gritos de prazer e entrega ouvir-se-ão, misturados com o meu arfar, pelos campos e aldeias vizinhas adentro, confundidos com o tocar dos sinos a chamar ao fim do trabalho, porque sim, passaremos o dia inteiro em tais preparos.

Não posso terminar, menina que me pões de cabeça às voltas, sem te pedir que rezes aos Santos para que desde já nos abençoem em tão grande amor e paixão.

Aquele que se assina, sem mais, menina do meu coração, o teu devotado e louco apaixonado.

Júlio ( o da Quinta das Lapas) mas de momento em Lisboa, de eléctrico e subindo para a Graça.

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