sábado, 20 de junho de 2015

DE NOVO A GRÉCIA



Volto de novo ao tema do momento: o que vai acontecer à Grécia a curto prazo?

Li e reli dezenas de argumentos, em escritos de comentadores políticos, económicos e jurídicos nacionais e estrangeiros bem como o que diz a imprensa internacional.

Fico com pena que neste areópago que é o FB, a maior parte das vezes os comentários são emotivos, vingativos, politiqueiros e incompletos.

Realço de novo que se conseguirmos colocar-nos na pele de uma família grega desempregada, sem condições mínimas de dignidade de vida, sem vislumbre de soluções realistas se soçobrarem, o que mais desejam, colados ao vidro de uma televisão, é que não lhes cortem o futuro.

Transportem-se para cá, para vilas e aldeias, para cidades com velhos e reformados, desempregados de meia-idade, jovens sem o primeiro-emprego, pessoas com fome, sem casa, endividados, para já não falar dos espoliados do BES e vítimas dos rombos do BPN e similares e o que desejariam que os países ricos da Europa fizessem?

Sim, claro, os sucessivos governantes gregos foram corruptos, esbanjaram dinheiro, não foram exigentes na condução de um Estado rigoroso…tudo isto é verdade! E a Alemanha e a França e os outros países europeus quando venderam submarinos caríssimos à Grécia com as inevitáveis corrupções para todos os lados, e as armas e os aviões militares, etc, etc, etc

É uma situação de caos, pois é! O que se faz nestas situações quando se detém o poder? Organiza-se, ajuda-se, endireita-se o desequilíbrio, impõe-se medidas de correcção mas não se abusa, não se violenta nem se castiga…o dinheiro que a Europa se propõe pagar com fortes medidas de austeridade locais, entra e volta a sair para reembolsar os países "caridosos" da União Europeia…o que fica na Grécia para minorar as dificuldades, incrementar a economia e baixar o desemprego? NADA.

Por isso, volto ao princípio e lembro-me sempre do episódio do filho pródigo que não vou relatar aqui pois quem o não tem bem presente nas suas vidas, que o leia e aprenda pois é muito útil nas relações familiares, profissionais e sociais.

Transcrevo aqui um pequeno texto do Luis Osório que me parece muito a propósito daqueles, que na Grécia, esperam por dias melhores:

“O desemprego não é apenas a falta de um trabalho. Não é apenas a ausência de ocupação, a lentidão dos minutos, a ditadura das memórias, o olhar complacente dos outros, a falta de dinheiro, o sentimento de humilhação, a ideia de um não sentido para as vidas. Não é apenas cada uma dessas coisas, mas a soma delas e de todas as outras que aqui não cabem. O desemprego é o fim dos dias úteis, um Domingo em tamanho XXL, um Domingo onde até o Sol parece ter derretido, um Domingo que não acaba.”

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