segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O psiquiatra - Um breve conto (continuação)



Sandra reparara em Luís quando lhe anunciaram que ia ser ele, o seu interlocutor.

Achara-o giro e sensual e de imediato decidira que o havia de encantar e deslumbrar, e para isso preparava cuidadosamente a sua “história”, ou seja o papel que incarnava e o perfil de “paciente” virtual.

O seu objectivo era claro: queria-o na cama e depressa nem que para isso tivesse que usar de todo o seu charme e persuasão.

Escolhera com critério a roupa que ia usar: uma tee-shirt de fina popelina branca entreaberta deixando ver duas “maçãs” roliças e com bicos pontiagudos, pois iria sem soutien, o que normalmente atraía a atenção de toda a gente.

Levaria por cima um pullover em v, de cachemira beije, de toque impressionantemente macio e umas calças apertadas e justas ao corpo, de pelica castanha, moldando um traseiro bem torneado. Calçaria uns sapatos de salto alto deixando ver um pé bem feito e harmonioso.

Se pudesse, em algum momento, apetecia-lhe beijá-lo loucamente com a sua boca fogosa e enlaçá-lo atraindo-o para os seus braços, inebriando-o com o seu perfume fresco e irresistível.

Tentaria revelar-se uma vadia e insaciável “valquíria” pois o “papel” de esposa insatisfeita assim o sugeria.

Tinha, porém, algum receio de que Luís pudesse achá-la uma desavergonhada e atrevida, mas começaria por anunciar em voz alta que tudo quanto ali fizesse ou dissesse, não correspondia ao seu verdadeiro eu.

No fundo, por prudência, preferia salvaguardar-se e até desempenhar a função de uma excelente “actriz” representando o seu papel, de acordo com o “guião”.

Luís, por seu lado, cogitava em como poderia aprofundar mais a verdadeira personalidade da “paciente” e gostaria que depois do seu “espectáculo” pudesse guardar alguma cumplicidade com a “modelo” da sua experiência.

Luís era muito atreito às tentações e resistia-lhes pouco e quando provocado com sensualidade e subtileza, gozava muito mais do que com vulgaridades.

Sucumbia à sedução mais pela mente combinada com o físico, do que só pelo instinto sexual. Era importante para ele ter alguém que fosse capaz de lhe fazer despertar os sentidos e aí, sim, mergulhava irresistivelmente no desfrute completo do prazer e tornava-se o parceiro ideal.

(continua)


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