sábado, 4 de janeiro de 2014

O psiquiatra - Um breve conto



Luís era psiquiatra. Desde muito novo gostava de se meter na vida dos outros, no bom sentido, é claro. 

Dava opiniões e bons conselhos aos amigos na escola, era ponderado e observador e foi crescendo e inclinando-se para ser médico. 

Ainda não sabia que especialidade escolher até que quando teve que optar, decidiu-se por psiquiatria sem hesitação, por uma história que vou contar.

Tinha boa figura, alto, magro, com mãos finas e dedos compridos, cabelo preto e um sorriso acolhedor, uns olhos vivos e uma permanente actividade cerebral, fazendo e desfazendo cenários.

Era de espírito aberto e liberal, desempoeirado de ideias, sem preconceitos e um pouco desarrumado quanto à sua pessoa, isto é, aparência e vestimenta. Eram detalhes secundários. 

Um dia, ainda estudante, e na Universidade, foi-lhe pedido pelo Professor da cadeira que simulasse um diagnóstico psiquiátrico de uma suposta paciente.

Era de fóra e ninguém a conhecia, por isso não havia hipóteses de truques. Este era o primeiro encontro com a turma aonde iria ser entrevistada por um aluno, que ainda não sabia quem seria.

Chamava-se Sandra, tinha uns olhos verdes impressionantes, mas sobretudo uma boca de fazer parar o trânsito. Beiços carnudos, corpo sensual e insinuante, um sorriso estudado, umas pernas bem feitas que traçava com matreirice deixando ver as coxas até ao nível do permitido pela decência, umas mãos bem tratadas e com unhas de côr-de-carne, com um belo vestido que se colava ao busto e ao traseiro, fazendo ressaltá-los convidativamente.

Luis tinha a ficha dela com uns dados mínimos: insatisfação sexual com o companheiro, ansiedade, descontrolo de comportamento, sentimento de culpa por infidelidades cometidas.  

Os seus colegas-homens da turma, diziam-lhe graças e animavam-no a tornar picante a sessão mas as colegas femininas, esperavam com interesse que Luís se comportasse como um futuro médico e profissional, pois era isso que lhe tinha sido pedido pelo professor.

(continua)

1 comentário:

  1. Nova história... e para quando um livro? Aguardo com carinho e vontade de ler.
    Força!
    Sempre,
    Isabel

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