sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Contos Imorais - Crime de colarinho branco (parte I)



Brien trabalhava num grande banco irlandês, o Abbey National e era o secretário corporativo da Administração.

Era filho único, tinha 34 anos, casado, sem filhos, ruivo e sardento, magro e de olhos azuis, fazia sucesso entre as amigas, empregadas do banco e não deixava indiferente quem com ele se cruzasse na rua.

Era católico desleixado e vagamente praticante – na Irlanda mesmo entre os mais novos, o catolicismo é muito frequente – e os pais viviam fora de Dublin, numa quinta antiga na posse da família.

Fora educado na escola rural da circunscription familiar e em casa com uma nanny até à idade em que entrou numa public school passando a viver em sistema de pensionato.

Frequentou uma selecta universidade em Dublin aonde se formou com honours em economia e gestão. Concorreu ao banco e foi contratado.

Morava com Susan, sua mulher, num flat numa zona central da capital e apanhava os transportes púbicos para se deslocar de casa para o banco, a cada manhã.

Ao fim da tarde, e durante três dias da semana, fazia work out num ginásio misto da moda, frequentado por muitos quadros do banco e pelos yuppies do jet set local, incluindo novos-ricos.

Tinha um descapotável vistoso com que saía aos fins-de-semana com Susan quando iam à quinta visitar os pais ou a casa de amigos que moravam fora do centro.

A sua cara-metade era sedutora, loira, de olhos côr de mel, bem feita de corpo e cuidava-se muito. Faziam um bonito casal sendo muito convidados para todo o tipo de actividades sociais, festas, cocktails e jantares.

Susan trabalhava como Advogada num dos escritórios mais cotados da capital e ganhava bom dinheiro.

Brien, punha de parte uma boa maquia todos os meses até ao momento em que a crise chegou à Irlanda.

Rose, uma secretária do banco, atirava-se descaradamente a Brien que adorava sentir-se amado, mas mantinha-se fiel a Susan. Já tinha havido convites para jantarem juntos, a pretexto de que tinha que fazer trabalho extra no banco, mas nada se tinha concretizado.

O sócio principal da firma aonde Susan trabalhava, Howard Stuart, era um QC, ou seja, um Queen’s Councillor, função prestigiante na Magistratura. Era ainda bem jovem e chegara a esta função fruto da sua inteligência, competência e relevância social, pois pertencia a uma das famílias mais importantes da Irlanda.

Arrastava a asa a Susan e como tinham muitos casos jurídicos em conjunto, tinham criado uma grande intimidade entre eles. Susan achava-lhe graça, mas mais nada do que isso.

Howard era solteiro e conhecia Brien do pub que ambos frequentavam, conversando amiúde. Davam-se todos muito bem e tudo não passava de flings, sem consequências.

(continua)

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