segunda-feira, 27 de agosto de 2012

História de absoluto terror que me aconteceu há uns tempos ( parte 4)


Quando chegaram a meio da manhã, voltaram a pousar a mala em cima da minha secretária e abriram-na.

Disse-lhes que queria ser eu a escolher as notas e meti as mãos e tirei à sorte, de várias camadas distintas, um grupo de papéis em forma de nota de dólar. Podia ser que só as genuínas estivessem à superfície.

Avançámos para a cozinha aonde tudo se passaria no lava-loiças pelo “líquido” ser corrosivo ou pelo menos, segundo eles, poder deixar marcas.

Ao desenrolarem as gazes sujas que envolviam a garrafa aonde estava o “liquido” , o líder dá um grito de furor súbito e diz-me que só restam poucas gotas pois teria secado por ter estado enterrado. Verifiquei que assim era!

Eu tinha tirado o equivalente a USD 20,000, mas foi-me dito que não daria mais do que para limpar os tais USD 1,200 de que me tinham falado antes. Acedi, pois o problema era mais deles do que meu e eu queria ver e crer, como S.Tomé! A curiosidade ardia-me por dentro!

Um deles, que declinou ser o “especialista” na limpeza, pegou numas quantas notas de papel preto e começou a esfregar numa a uma, algumas gotas do “líquido” e qual não é o meu espanto quando, pouco a pouco, começaram a aparecer os contornos das figuras e dizeres dos bilhetes de 100 dólares.

Parecia um parto difícil…suspiros, trejeitos, conversas entre eles num dialecto para mim desconhecido, e cada nota limpa era secada numa toalha que eu improvisara, com um secador de cabelo.

Passada uma boa hora estavam USD 1,200 à vista e secos, aparentemente com a mesma rugosidade e consistência das notas genuínas.

Disse-lhes que fossem almoçar e que voltassem a seguir e peguei nas notas e fui ao meu banco e depositei-as na minha conta. Vi o caixa, por pura rotina, passá-las na máquina verificadora da autenticidade de notas, e seguidamente entregar-me um recibo do depósito.

Fiquei a matutar em tudo aquilo e decidi que aguardaria uns dias, não fosse o banco devolvê-las numa segunda triagem.

Regressaram pelas 15h e perguntaram-me se eu agora acreditava no que tinha visto. Falei-lhes do meu teste de tê-las depositado no banco, o que suscitou preocupação e alguma fúria no líder.

Perguntei a razão desta reacção e a resposta foi a de que contavam com aquele dinheiro até que viesse o emissário com uma nova garrafa de “líquido”.

Propus-lhes que me deixassem tirar uma porção pequena do que restava na garrafa para mandar analisar num laboratório local, mas eles negaram-se dizendo que primeiro tinham que se pôr de acordo comigo quanto às condições em que tudo se desenrolaria.

Mandei-os embora, dizendo-lhes que voltassem uns dias depois porque iria viajar e levaram a mala com eles, sempre atada ao pulso de um dos capangas por uma corrente com um cadeado.

No fundo queria esperar por uma resposta eventual do banco, devolvendo-me as notas por serem falsas.

(continua)

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