sábado, 7 de abril de 2012

Aimberê - Meus contos brasileiros (continuação 3)


Chegamos à Aldeia da Serra e nos dirigimos para a praça. Aí, nos encontrámos na Igreja Matriz, património honroso da nossa terra - disse eu orgulhosa para Manuel - e um bonito jardim para descansar, e ainda, e neste, algo representativo da tradição secular agrícola: um carro de bois e uma amostra de um lagar de azeite, indústria de outros tempos.

A caminho do bairro onde se situa a casa de meus pais, ainda muito perto da Igreja Matriz, encontra-se uma fonte de mergulho, onde outrora se ia buscar a água potável para abastecimento dos lares.

No centro (largo principal), existe um pequeno café, instalado na antiga escola primária, onde descansámos um pouco para tomar uma bebida.

Estava uma tarde cálida e o sol ainda tinha brilho por mais umas horas por isso resolvi ir mostrar a ele um local sossegado, entre duas serras, de excelente ar puro e onde o silêncio se faz sentir, tornando-o belíssimo para passar uma tarde de paz, sossego e tranquilidade.

Vieram as primeiras perguntas:

Quem eu era? Como me via e me definiria se estivesse a apaixonar-me por um homem que eu só conhecesse superficialmente e a quem eu quisesse convencê-lo “que sou a única”?

Ele me pegou de surpresa e lhe pedi que me desse alguns minutos para refletir e nos sentámos olhando para o horizonte em silêncio.

Como vou conseguir lhe dizer que quando cedinho o despertador canta de galo eu não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede. Não queria ter que trabalhar. Quero ficar em casa, ouvindo música, cantarolando, até! Se tivesse cachorro, passearia com ele pelas redondezas. Aquário? Olhando os peixinhos nadarem. Espaço? Fazendo alongamento.
Leite condensado? Brigadeiro.

Tudo menos sair da cama, engatar uma primeira e colocar o cérebro pra funcionar.

Eu quero alguém que abra a porta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela. Chegue do trabalho, sente no sofá, coloque os pés pra cima e diga "meu bem, me traz uma dose de whisky, por favor?", pois eu descobri que é muito melhor servir.

Antes eu sonhava, agora nem durmo mais.

Eu sei perfeitamente que quando penso “como posso fazer que ele se interesse por mim?”… já me estou a meter no estado mental que vai afastar ele de mim e tornar a relação com ele menos provável.

Primeiro, é garantido e sei por experiência que isso NUNCA vai funcionar comigo. Assim vou tornar-me numa mulher que ele sente que é carente à volta dele.

Eu sei que quando um homem sente que uma mulher está a ser carente e chata, não importa a beleza e a generosidade dela… ele vai ter uma mudança emocional e vai deixar de sentir ATRAÇÃO por ela.

Ele capta alguns sinais ou algumas palavras erradas, a linguagem corporal errada ou demasiadas emoções intensas que ele não entende mas que sabe que tem a ver com ele… vai soar o alarme de “mulher carente”.

(continua)

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