quarta-feira, 28 de junho de 2017

O spleen e demais coisas

O spleen e demais coisas

Era uma vez um gajo chateado. A vida não corria nem bem nem mal e os anos iam passando e cada vez mais, Gonçalo sentia um certo spleen de tudo e de todos.

Consultara bruxas, adivinhos e tinha até ido à gruta de Melvar, aonde se dizia que de tantos em tantos anos se abria uma janela para o paraíso. Tinha ido na esperança de saber um pouco mais se valia a pena morrer ou tornar-se imortal.

Por azar nesse dia nada se passou a não ser uma incomensurável teia de aranhiços e poeira, uma escarpa danada a ter que subir e descer e um nevoeiro que o tornara ainda mais neura.

Gonçalo, sempre se sentira um deus do Olimpo disfarçado na terra como emissário de Zeus.

Mas tudo tem limites e os humanos são muito penosos de conviver e chatos e sempre com manias e histórias intermináveis. Não têm a capacidade de sintetizar e de sobretudo de se manterem em silêncio, pelo menos durante umas horas do dia.

Por isso Gonçalo, deu um bocejo muito grande e ao rever o dia anterior e pese embora a sua esmerada educação, não pode conter o riso ao pensar na surpresa dos milhares de assistentes e inclusive de S.Exa o Presidente da República, quando num concerto de benemerência, surgiu no palco um rapazinho aristocrata e sem mais afirmou em alta e boa voz:

- vou dar um peido, traque ou pum ou vento conforme a sensibilidade possidónia dos terráqueos a ver o que acontece!

E Gonçalo espreguiçando-se sentiu a flatulência sobrevir e pensou em voz alta:

- Nós, os Nobres, somos assim. Tudo nos é permitido.

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