segunda-feira, 5 de maio de 2014

RICARDO SALGADO - em contracorrente


Conheci Ricardo Salgado há uns largos anos. Em diversas situações profissionais e nunca dependendo dele, apesar de ter sido eu quem fundou a ESSI que viria a transformar-se no BESI, mas foi no tempo do Manuel Ricardo Espírito Santo. Outros laços familiares me ligam a esta "dinastia" com quem sempre me dei bem, que conheço e respeito e de que sou reciprocado.

Custa-me que no momento em que alguém atravessa "tempestades", nomeadamente correndo o risco de ser destituído de um cargo e responsabilidades que exerceu por largos anos com brilho, admiração e resultados visíveis e palpáveis para um Grupo e Instituição, se carregue de ânimo leve no "bota abaixo", com uma total falta de solidariedade e até de reconhecimento ou gratidão.

Não me compete a mim julgar Ricardo Salgado. Mas a presunção da sua inocência deve-se respeitar até  prova em contrário.

Venho a terreiro sem qualquer pedido ou interesse directo ou indirecto e totalmente livre para expressar a minha opinião.

Já me aconteceu na minha vida ir em contracorrente contra tudo e contra todos e não veio daí mal ao mundo. É só preciso ter o que os ingleses chamam de “gut feelings” ou seja coragem nas minhas posições.

E nada disto implica que seja menos rigoroso, assertivo e completo tanto quanto possível, na pesquisa de informações para formar uma opinião justa e verdadeira.

Ainda não vi, nem li, nem possuo qualquer prova documental inequívoca da sua culpa. Até lá preservo a imagem respeitável da pessoa e do banqueiro internacionalmente conhecido, bem como a do Grupo a que preside.

É, sobretudo, nos momentos de perturbação quando a amizade, a solidariedade mais precisa de ser demonstrada, sem que com isso se esteja a concordar ou a validar o que provadamente se possa eventualmente ter feito e de que se discorde.

A debilidade humana tem múltiplas facetas e só quem nunca prevaricou é que pode insensatamente julgar os outros impiedosamente.

Para isso se fizeram as leis e o Direito e é a estes a quem se deve confiar a administração da Justiça. Diga-se o que se disser sobre a sua confiabilidade, não há outra alternativa.

Por isso termino com esta frase de Graham Greene que bem exprime o sentimento que sinto nestes momentos:

“You cannot conceive, nor can I, of the appalling strangeness of the mercy of God.”

MNA


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