sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O BARBAS

O BARBAS

Hoje deu-me para estar reflexivo.

Neste meu incidente recente em que fiquei com o lóbulo da orelha rasgado, bem como de um corte profundo na cara, tudo isto já cosido e descosido e em franca normalidade, resta como vestígio uma barba que nunca tive.

Quando me olho ao espelho para tratar das cicatrizes, estranho-me e revejo a minha debilidade. Eu explico: meço 1,90m e estou forte e entroncado. Portanto uma massa corporal significativa....ahah

Quando, suspeito, depois de ter perdido e recobrado os sentidos na escuridão do meu quarto de cama, dei comigo desamparado, perdido, com dores enormes e quando abri a luz, a sangrar abundantemente, fiquei perplexo!

E é, não tanto nestas consequências já ultrapassadas, mas na minha sensação de impotência e de impossibilidade de antecipação para evitar, que vislumbro a ideia da morte.

Deve ser esta inevitabilidade de uma derrota depois de uma luta mais ou menos consciente ( hospitais, tratamentos, ciência, assistência médica e medicamentosa) versus o que me aconteceu, perfeitamente imponderado, que configurará a rendição sem condições.

Foi essa a visão que tive, não a da morte, mas a de nada poder fazer, no momento do acontecimento: ultrapassou a minha vontade e decisão.

Com esta vida danada em que andamos, é um azar se, podendo ir paulatinamente arrumando os cadinhos nas prateleiras da nossa vida, deixarmos como que uma cozinha num nojo ou um laboratório desarrumado.

Nestas coisas de boas intenções, dizem que está o inferno cheio, mas já agora vale a pena tentar dar um arrumo.

Até para quem fica!

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