domingo, 17 de junho de 2012

Bailarico de Santo António na China profunda



Lá parti para mais uma viagem, na China profunda desta vez.

Esperava-me uma gentil moçoila de 28 aninhos, de sua graça “Miss Mandy”, fluente em inglês e com um sorriso encantador.

Saímos do aeroporto desta cidade com mais de 10 milhões de habitantes, modesto aliás, comparado com o “internacional da Portela”, em Lisboa! No entanto servindo quase toda a população do nosso país.

Um bafo de calor (38º, com 90% de humidade) e um “fog” que me lembrou Londres nos seus piores dias.

Nas ruas e avenidas, milhares de habitantes com as máscaras na boca: a nossa Miss Mandy diz-me com um ar doce e convincente – esta manhã quando acordei para o vir buscar, fiquei pasmada pois nunca houve um dia assim aqui, com tanto nevoeiro!

A poluição entrava-me pelas “ventas adentro” mas por uma questão de delicadeza não lhe comentei a visão dos concidadãos com sinais indesmentíveis do medo ao “smog" chinês”!!!

Check-in num hotel por eles escolhido por ser perto da empresa, que nem sei bem como descrever: bastará dizer que me custava Euros 20,00 (vinte euros) por noite!

Acho que nunca estive numa coisa assim! Não que me caiam “os parentes na lama”, bem pelo contrário, acho graça a sítios exóticos e “very typical”, ainda por cima com um preço que me convinha, mas vou descrever sucintamente, algumas razões para o meu espanto:

- ninguém falava uma só palavra de qualquer língua, sem ser o mandarim;

- não aceitavam cartões de crédito, débito ou mesmo falsos…

- no corredor do andar para o meu quarto, a passadeira estava coberta por aquelas faixas de juta que se vêem nos prédios em construção a publicitar, tipo “J.Pimenta – Construções” em letras garrafais, só que do avesso e com caracteres chineses;

- o meu exíguo quarto tinha um chuveiro e ar condicionado e uma cama, tudo isto limpo, e sobretudo um apetrecho indispensável que não há mesmo em Pequim ou Xangai nas mais finas empresas: uma retrete, pia ou sanita como se queira chamar! Já várias vezes, em desespero de causa, “caguei de alto”, literalmente, perdoe-se-me a vulgaridade! Só na tropa e em pleno acampamento da recruta em Santarém e já depois do 25/4…sim porque eu sou militar de Abril!

- estaria, quiçá, incluído o pequeno-almoço ou café da manhã, mas sendo canja com asas de galinha ou guisado de vegetais, foi uma borla que dei ao estalajadeiro.

- não tinha, hélas, nenhum hot spot para internet, por isso fiquei isolado do mundo conhecido em pleno Império do Meio. O grave não era não poder ir ao facebook…ahahah….completamente barrado por ser perigoso para uma “primavera chinesa”, mas porque o quarto dava para umas traseiras sombrias e eu com a minha claustrofobia, nem com pastilhame em dose dupla para dormir, conseguia relaxar! Um horror. Acabei por adormecer exausto pelas horas de voo e jet lag e por não me restar outra alternativa.

Passo adiante a parte profissional que correu muito bem e na noite seguinte, véspera da minha partida para Hong Kong e Macau, jurei que iria ao melhor hotel da cidade, um internacional, nem que fosse para me consolar e comer e ter acesso à internet, com o meu iphone.

Estávamos em noite de santos e a caminho do hotel civilizado que foi um bálsamo, passo por um arraial popular que retrato acima. Por gestos ainda perguntei se tinham por lá uma marchinha, mas ou não me fiz entender (esboçei uns passos de dança e cantei umas trovas do “Lá vai Lisboa”) ou não tinham mesmo!

Madrugada adentro, ou seja pelas 4 da manhã, na rua de malas à espera para ir para o aeroporto, ficaram de me vir buscar. Miss Mandy mandou-me por sms a matrícula do carro, mas com espanto meu uns quantos carros-de-praça faziam fila à minha espera, por mais que lhes tentasse dar a entender que já tinha transporte.

Miss Mandy, segundo me disseram as coleguinhas da empresa, causa aos visitantes de todo o mundo a quem serve de intérprete, profundas marcas de afeição, amor, propostas de casamento, uniões de facto, de tudo um pouco.

A mim, fez-me um grande elogio: que sou forte e bonito. Este elogio faz-me lembrar o que se passa em Macau, para aonde partia: o túnel das vaidades.

No Hotel Lisboa, o primeiro casino de Macau do Stanley Ho, há uma passagem subterrânea cheia de lojas e aonde pululam “piquenas” de todas as nacionalidades, muito jovens e bem apessoadas.

Gente de Macau aconselha aos visitantes, que se passe por esse túnel: é uma massagem ao ego tremenda e sai-se tonificado, acompanhado ou não, isso depende mais do bolso de cada um.

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