sábado, 3 de abril de 2010

A aranha homossexual


Alfredo era um homão mas maníaco por tatoos e tinha-os por todo o corpo.

Eram para si motivo de orgulho pois, em boa verdade, havia verdadeiras obras de arte que ele deixava ao critério do artista.

Tinha-os feito em Jaipur, na Índia, em Java, em Acapulco no México e mais recentemente fora visitar o Toino, um homossexual especialista em tatuagens eróticas que morava na Buraca e que lhe tinha sido recomendado por Tânia, sua colega no clube dos fãs de tatoos, que fizera uma serpente enroscada à volta dos seios, numa obra de grande realismo em que se via a língua da cobra a lamber a ponta bicuda de um deles.

Alfredo, na lojeca manhosa do Toino, nos fundos aonde ele tinha uma pequena sala com uma maca com rodas para que os clientes se deitassem enquanto ele trabalhava, despira-se e deixara-o admirar a obra-prima do seu corpo.

Toino não poupava elogios ao trabalho dos seus concorrentes, com um manifesto exagero nas exclamações efeminadas e a certa altura Alfredo, incomodado com os avanços, perguntou-lhe para despachar o assunto de vez, o que lhe propunha fazer como tatuagem pois estava tentado a ter um tatoo erótico.

Toino disse-lhe que tinha uma enorme admiração pelo Homem-Aranha e que soubera até que ele e o Batman eram gays e por isso, discretamente, se Alfredo quisesse, como símbolo e assinatura das suas mãos lhe faria uma pequena aranha na testa como mote pelos seus heróis.

E assim foi e na testa de Alfredo passou a haver uma aranha homossexual!

MNA

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