domingo, 24 de agosto de 2014

O Rúbem e a Adèlinha - o Opel


A Adélinha foi o caminho todo até à praia, a chagar o Rúbem: porque queria mais dinheiro dele, que estivesse mais tempo com ela, que a acompanhasse às festas e romarias na Reboleira.

O Rúbem sabia que a Adélinha tinha um senhor mais velho do que ela que a visitava regularmente. Ele não se importava pois no fundo arredondava o mês da sua amigueta.

O dito cavalheiro chamava-se D.Plínio de Rodriguez y Muñoz e era da embaixada da Colômbia, homem baixo, de farto bigode, muito escurito mas com muita guita.

Trazia-lhe presentes: cópias de perfumes bons que comprava na rua dos Fanqueiros, bijuteria barata mas ostensiva que a Adélinha chamava de brilhantes, não passando mais do que vidro lapidado, tops dos chineses e até uma sacola falsa do Louis Vutton.

Na redondeza tudo elogiava o D. Plínio por tratar bem da Adèlinha.

Esta por sua vez, proporcionava-lhe carinhos e ternuras de que ele se babava: beijos profundos e longos, rebolanços no chão com gritinhos, e grandes solavancos na cama com a barriga do colombiano para baixo e para cima.

Tudo parecia correr no melhor dos mundos até que o Rubém arranjou uma garina lá para os lados da oficina, de sua graça Cátia Alexandra.

Trabalhava na pastelaria e arranjava à socapa sopas e rissóis que roubava ao patrão para levar ao Rúbem, de fugida, durante o almoço.

Começaram a andar durante os dias da semana enquanto a Adélinha estava servida. A Cátia, de raça cigana, saía às 20h da pastelaria e ia directa para a oficina.

O Rúbem tinha comprado a um cliente um modelo de Opel Rekord já antigo mas grande, tinha-o arranjado todo e estava um brinco.

Tudo se passava entre os dois, a Cátinha e o Rúbem, entre o tablier e os bancos estofados de veludo, macios e largos, quase como se fossem uma cama de casal.

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