domingo, 20 de dezembro de 2020

A análise de um ano complicado


A análise de um ano complicado

 

Para toda a gente 2020 trouxe uma surpresa que foi o Covid 19. Não importa escrever demais sobre os aspectos técnicos do vírus e da pandemia, se foram ou não previstos, cumpridos e bem geridos que pelo pelo Governo quer pelos cidadãos.

 

Importa-me mais olhar para dentro de mim e tentar generalizar um pouco para com quem interagi: familiares, amigos, profissionais.

 

Um primeiro aspecto que foi relevante foi o de ter criado uma sensação de impotência não só face ao desconhecido e sobretudo no início, como haver pouco a fazer em termos individuais para superar a insegurança, o medo e a impossibilidade de reagir.

 

Para o meu feitio (só sou parado quando me surge uma parede de betão e sem passagens, mesmo estreitas por baixo ou por cima) esta situação tornou-se insidiosamente incómoda, perturbadora do meu natural equilíbrio e cerceadora da liberdade de movimentação.

 

Sou muito cioso da minha liberdade e da de todos por isso odeio ditaduras de qualquer tipo. Isto não quer dizer que não seja “bem-mandado”, isto é, quando quem com razão e autoridade me indicar o caminho, nem hesito em obedecer. São por isso, coisas diferentes.

 

Entretanto, no mundo, ocorriam mudanças políticas em países importantes, dos mais significativos com um decorrer de tempo desesperante até a uma definição aceitável, o que me perturbava igualmente. Tendo mais tempo disponível e liberdade de distribuir as minhas horas de trabalho profissional, dedicava bastante tempo a acompanhar nos diversos meios de comunicação, o que se ia passando.

 

Uma impaciência enervante era o que sentia com as mudanças bruscas a cada dia que tinham impacto no mundo livre, na economia e nas reacções internacionais das grandes potências.

 

Ficou assim abalado o meu conceito de estabilidade e de paz interior, reagindo mais ansiosamente, menos compassivamente, com mais irritação com pessoas, ideias e coisas que se iam cruzando no meu dia-a-dia.

 

Claro que, dentro deste invólucro estão as redes sociais e os seus participantes no Facebook, WhatsApp, e-mails, canais de televisões com notícias e programas, conversas sociais e familiares – tudo a acrescer ao sucessivo desenvolvimento de vários tipos de confinamento que iam surgindo.


Ouvia-se vagamente falar que tudo isto causava depressões, separações e divórcios, suicídios, doenças penosas que terminavam na morte de quem muitas vezes nos sendo indiferentes e sem especial proximidade, respiravam o mesmo ar da nossa mesma comunidade.

 

Fui poucas vezes a psicólogos e psiquiatras. Aos primeiros, para além de gastar o dinheiro do tempo passado no gabinete, acabava por ser eu quem dava a consulta.

Os psiquiatras, salvo honrosas excepções aliás como para com os psicólogos, era entrar e na primeira vez explicar sucintamente ao que vinha, e na receita uma série de químicos que, na maior parte dos casos, tinham sucesso.

 

Isto vem a propósito de eu ter pensado fazer uma visita a um destes “sacrossantos habitáculos” para me queixar de…..o que eles próprios, quiçá, também sentiam. Gosto de chá, bebi-o em “piqueno” e parece que há uns quantos que acalmam os interiores. Só que ainda não se descobriu umas ervas contra o Covid, e o Earl Grey é um dos meus favoritos.

 

Assim que, continuei na mesma. Resolvi voltar-me para três “mèzinhas” que andavam há uns tempos enterradas no subconsciente: o esquecimento de mim próprio e a atenção aos outros que precisem ou simplesmente gostem de comigo estar; um adoçamento do coração e interesse em fazer novos amigos/as; procurar novos negócios em plena "crise" palavra a que os chineses chamam de "oportunidades".

 

Tem corrido bem, estou menos stressado e apesar de não me deixar vencer pelo desânimo e sucessivas "vagas" assustadoras da “Nazaré”, dar-vos-ei notícias quando algo de significativo merecer a caridade da vossa leitura…imaginam-me a pedir a vossa caridade, mas a aplicação desta expressão “caridade” estava eivada de cinismo e era uma brincadeira entre mim e um meu amigo e colega de Administração de um banco aonde trabalhámos.

 

Merry Christmas ou seja aguentem-se porque em português desejar um Bom Natal não faz sentido, se bem que valha a pena fazer uma visita ao presépio. É tão bom ser pequenino…as saudades que eu tenho de nascer e não ter responsabilidades.

 


 

domingo, 13 de dezembro de 2020


 Pesentes de Natal do Peninha


Este ano, por causa da pandemia, o Peninha resolveu presentear a família e amigos, com produtos do "comer".


Assim foi à Rua do Arsenal comprar bacalhau aos grossistas que vendem o "fiel amigo.


Foi à zona saloia de Lisboa, comprar couves, batatas, cenouras, aipos, alhos franceses, abóboras, bróculos, espinafres, tomates, courgettes e muita fruta fresca. Tudo isto biológico.


Foi à Beira Alta comprar cabritos, no Alentejo adquiriu borregos, em Sintra, perús e nas fronteiras com Espanha, produtos contrabandeados tais como café, bâtons, soutiens, cuequinhas de renda, perfumes chineses e outros produtos de consumo a preços irrisórios.


Também comprou algum produto à Maria Joana para a juventude.


Tudo isto ia para um armazém no Senhor Roubado aonde tinha um alarme que abria duas portas de ferro mediante uma frase que se tinha de dizer em voz alta: " o lobo que vá para o inferno".


O Peninha tinha vários inimigos, sobretudo na taberna do Neto. Com os copos os ânimos exaltavam-se sobre discussões entre adeptos do Sporting ( este era o clube do Peninha) e do Benfica.


O Sabastião era do Benfica e estabelecido na praça e quando o Peninha se gabou do que tinha comprado e disse que tinha guardado num armazém fóra dos limites do Sr. Roubado e que para se ter acesso tinha que se dizer uma frase em voz alta que só ele sabia, o Sabastião jurou que lhe havia de ir roubar tudo.


Havia um caminho que se fazia a pé muito bem de um extremo do Sr. Roubado até ao armazém do Peninha.


Peninha estava contente pelas compras que fizera e caminhava assobiando o hino da "Internacional" pois para além de ser bonito, o Peninha andava enviezado para os lados do partido comunista!


Sabastião seguia-o escondido no arvoredo sem se dar a ver.


Lá chegado, o Peninha gritou: " o lobo que vá para o inferno" e as portas abriram-se de par em par deixando ver o vasto e rico recheio.


Sabastião regressou à banca do mercado e pôs-se a pensar que nessa noite, de lua cheia, aparelharia o burro à carroça e ia "limpar" o armazém do Peninha.


Assim fez e lá chegando pôs-se a gritar " abre-te sésamo".."abre-te sésamo" e as portas nada.


Voltou furioso ao Sr. Roubado e cogitou ir de novo às escondidas quando topasse que o Peninha lá voltava.


Tudo isto ficou sem efeito porque o concelho ficou com um cordão sanitário um mês e toda a gente confinada em suas casas.


Sabastião desesperado à janela gritava para o ar " o lobo que vá para o inferno" e Peninha que passeava o cão no passeio por debaixo da janela do seu arquinimigo, sorria para si, sabendo que jamais alguém se lembraria desta palavra passe para entrar nos seus "domínios".


E assim se prova que a história do Ali Bábá teve sucessores, ainda que mais bem sucedidos, pois não foram roubados.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Shanghai e as minhas perplexidades

 



Uma das inúmeras vezes que fui a Shangai fiquei num hotel de 5 estrelas bem confortável. O gerente acompanhou-me ao quarto e quando me abriu a porta para entrar, qual não foi o meu espanto quando vi deitada na minha cama uma chinesa novinha e com uma cara gira que me dise "Hello".

Perguntei ao gerente se tínhamos entrado no quarto errado mas disse-me que não, era um costume nos hotéis e hospedarias chineses para agradar aos Clientes. Se eu não quisesse ou preferisse um rapaz também me arranjavam.

Disse que vinha cansado e que para já queria ficar sózinho, iria tomar um banho e fazer umas chamadas e trabalhar um pouco e que se ela quisesse a convidava para o jantar.

Saiu discretamente e reparei que tinha um bonito corpo, talvez de 20 ou poucos mais anos, falava inglês e tinha uma boca bem feita com bâton encarnado.

Acabei por sair, fiz uma compras, sirandei pela Bunt ( promenade ao longo da baía de Sanghai com uma vista esplendorosa sobre a ilha aonde se vislumbra a Sanghai moderna, como se fosse Manhatan) e almoçei num restaurante francês excelente pois já levava 8 dias de comida chinesa, de que aliás gosto muito. 

À tarde fui ao Consulado de Portugal aonde combinei com o Cônsul ele arranjar-me contactos de empresas para eu visitar e tentar fazer negócios.

Eram umas 18h regressei ao Hote e à entrada perguntei ao concierge se a menina que estava no meu quarto de manhã, sabia fazer massagens e se estavaa livre.

Enquanto trabalhei em Hong Kong todos os dias quando saía da empresa ia fazer exercício num ginásio e a seguir uma massagem. Sou um fanático de massagens e em todo o mundo aonde vou reservo sempre hotéis com spa.

Com o Covit faço massagens de juízo na cabeça.

A menina subiu e entrou no quarto. Devo dizer que para mim massagens é eu estar nu de frente e detrás e não há cá vergonha nenhuma....qual toalhinhas qual carapuça.

No meio da sessão, batem à porta e aí cubri-me e pedi à menina para ir ver quem era e dizer que agora não podia falar.

Eis senão quando vejo entrar dois chineses com cara de maus, que me pedem para pagar a massagem e levam a rapariga.

Telefonei indignado para a recepção do Hotel, contei a cena furioso e exigi uma explicação.

Vesti-me e desci e o gerente atrapalhado disse-me que ela pertencia a uma tríade e que a tinham vindo buscar por estar com um estrangeiro.

Refilei com o Hotel e fiz uma queixa para a Polícia....devia haver disto todos os dias e a queixa cairia em saco roto.

O Hotel, gentilmente, arranjou-me duas outras raparigas que me fizeram uma massagem excellente.

Conclusão: andar sempre com o bacamarte armado...ahhahahh