quarta-feira, 31 de maio de 2017

thrombocid


Estou cansado

Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.


Álvaro de Campos

Le livre

Il est un bonheur pur auquel mon cœur se livre,
C’est d’avoir un ami sage, instruit, parlant bien,
Qu’à mon gré je consulte en intime entretien,
Et chacun peut avoir cet ami, c’est le livre !

H. Laroche

La paix universelle

La paix universelle se réalisera un jour non parce que les hommes deviendront meilleurs (il n’est pas permis de l’espérer), mais parce qu’un nouvel ordre de choses, une science nouvelle, de nouvelles nécessités économiques leur imposeront l’état pacifique.

Anatole France

sim, sei bem

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.


Fernando Pessoa

sábado, 27 de maio de 2017

Viver sempre também cansa!


Viver sempre também cansa!
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinza, negro, quase verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O Mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico e exacto.
Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.
E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...
E obrigam-me a viver até à Morte!
Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois, achando tudo mais novo?
Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima dum divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela."
E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo...


José Gomes Ferreira

leitura


O essencial é ler muito: pouco importa o quê. O que nos apeteça ler. A triagem é feita depois. E mesmo a literatura estéril, a literatura filosoficamente pretensiosa e pedante, é segura para as crianças porque elas não podem entender. Elas rejeitam-na, como mudam o botão da TV quando lhes aparecem discursos políticos. São estes, os sábios. "

Barjavel

profiteroles


animal simpático


estúpido


sexta-feira, 26 de maio de 2017

O dia do vizinho

O DIA DO VIZINHO

Lá no Senhor Roubado aonde moro, foi uma animação quando cheguei ao meu tugúrio. Dia do bizinho!
Foi um apertar de mãos e beijocas, abracinhos e tudo.
Mesmo à ranhosa da d.Mécia que me vende o peixe que vem já mal congelado e tresanda a pôdre.
Ao Vítor do talho foi com custo que lhe estendi dois dedos. Imaginem que apanhei o marafado a esquartejar um cavalo russo nas traseiras e cuja carne vende como de vaca japonesa kobe se tratasse!
Á Celeste florista foram sentidos os meus dois beijos, pois vende-me sempre flores frescas para as garinas que ando a galar.
Meteu sardinhada e churrasco de que venho a chegar. A d.Felismina da taberna tem dedo de fada a grelhar a carne e apesar de ir soltando uns palavrões quando se queima, é boa criatura. O Lopes da papelaria sempre trombudo hoje distribuía confettis chineses por todos.
Quem me faz sempre muita comoçãozinha é a lépida da Dina que está cada vez melhor. Não fora eu morar ao lado da garagem do pai, que me arranja o Taunus, já a tinha levado a ver a lua à Póvoa de Santo Adrião.
Mas que boa ideia a do dia do bizinho!

Papa

1. Não falta — a esta hora — quem, além da admiração pelo Papa, se aperceba de um certo contraste entre ele e muitas estruturas da Igreja.
É natural, por isso, que, neste tempo novo, surjam perguntas novas: que tem de especial o Papa Francisco?; o que levará tantos a admirá-lo tanto?
É então que sobrevirá a pergunta de sempre: o que falta na Igreja para cativar, para convencer de modo persistente e para motivar de forma duradoura?
2. O que tem faltado à Igreja é o que abunda no Papa: «vinho»! Sim, falta-nos «vinho». Aliás, não custará muito imaginar Maria, na eternidade, a continuar a dizer a Seu Filho o mesmo que disse em Caná: «Não têm vinho» (Jo 2, 3).
Parece que, como há dois mil anos, o «vinho» se esgota rapidamente. Este «vinho» não é o líquido que costumamos ingerir. Este «vinho» é, como notou Carlo Maria Martini, «a alegria do Evangelho».
3. De facto, às vezes dá a impressão de que «a Igreja se assemelha mais a um velório do que a uma festa».
Não é tanto o riso que está em défice. O que parece escassear é a vivacidade, a transparência, a substância, a autenticidade, o sabor!
4. É preciso recolocar no centro duas atitudes que tendemos a subestimar: a transparência do testemunho e a paciência na missão. Convém não esquecer que Jesus sempre verberou a hipocrisia, o jogo escondido, a intenção subterrânea e a cobardia.
5. A mudança é um processo demorado e, quase sempre, doloroso. É tecido com resistências e nem sequer está imune a recuos e atropelos. Começa por implicar algo elementar, mas inquestionavelmente difícil: reconhecer os erros e assumir as falhas.
6. Uma coisa é certa. Nunca há fraqueza na franqueza. Não pode haver desconfiança em relação ao diferente, nem receio diante do novo. Não estará o Espírito de Jesus a falar-nos, nestes tempos, como falou nos primeiros tempos?
7. No entanto, é fundamental que a franqueza seja temperada pela paciência. O embate com uma realidade granítica pode atrair a impaciência e conduzir à desistência. Não podemos viver obcecados com o imediato. As dores da mudança são dores de uma vida que nasce e não de um corpo que adoece.
8. É por isso que a paciência pode ser mais importante do que a própria inteligência.
9. A paciência ajuda a persistir mesmo perante os dados da evidência. A paciência vive de uma saudável transgressão das evidências. De resto, a experiência mostra que as evidências também se alteram.
10. A paciência põe a esperança em dia. A paciência não exclui a acção. A paciência é o melhor combustível para a acção. É o combustível que nunca se extingue. A paciência pode exasperar. Mas não é a paciência que complica. A falta de paciência é que tudo destrói!

João Teixeira

corte na casaca


choses


segue o teu destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

Ricardo Reis

Homens


Homens que são como lugares mal situados
Homens que são como casas saqueadas
Que são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
Como crianças órfãs
Homens sem fuso horário
Homens agitados sem bússola onde repousem

Homens que são como fronteiras invadidas
Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos
Desempregados das suas vidas
Homens que são como a negação das estratégias
Que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se com facas
Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são sítios desviados
Do lugar

Daniel Faria

sabedoria


No Livro da Sabedoria vem um elogio da mesma, da sabedoria: «Quem vigia pela sabedoria logo se isenta de preocupações». É por isso que a sabedoria, não dispensando o conhecimento, vai mais longe que o conhecimento. Há uma sabedoria que se apreende numa única universidade: na universidade da vida!

intelligence





"On mesure l'intelligence d'un individu à la quantité d'incertitudes qu'il est capable de supporter."
Kant

quarta-feira, 24 de maio de 2017

O facebook



Quando se trata de assuntos sérios e importantes que se relacionam com Estados, guerras, decisões políticas ou económicas é desolador ler os comentários do cidadão comum que na maior parte dos casos não só não é versado na matéria ou é um enraivecido partidário de um lado ou de outro. A reflexão, a correcta informação, o due diligence sobre quem afirmou, o quê e quando é tábua rasa. Por isso o facebook que tristemente vai perdendo a cada dia os personagens categorizados, com provas dadas e uma vida profissional ou de cidadania conhecida, deixa a escória da população imbecil, sem opinião e "maria-vai-com-as-outras", emocional e irracional à primeira vista, tantas vezes limitando-se a pôr likes ou a repetir o que outros já disseram mas sem chama ou através de vulgaridades, reinando no povoado.
Para não falar da feira das vaidades tão comezinha e estulta em que as pessoas não se vêm ao espelho ou não fazem a menor ideia de que não interessa para nada o que estão a comer ou a fazer dentro da esfera privada.
Graça e humor, criatividade e educação, respeito cívico, linguagem apropriada e correcta e sobretudo discrição poderiam ser um meio para aproximar esta aldeia que é Portugal.
Vejo que as pessoas não têm coragem de dar a sua opinião fundamentada por que estão de acordo ou contra qualquer tema ou debate ou susceptíveis de rectificarem as suas opiniões.
Por isso temo que um dia se apague o facebook e esta oportunidade de união entre os cidadãos em quererem participar mais na vida comum, pois é um instrumento rápido de acesso a informações globais e nacionais.

silêncio


Rei impecável, discreto, patriota e inteligente.


Ponte levadiça

Ponte levadiça......o ideal para só deixar entrar quem se quer. O mesmo devia acontecer na vida.

Belo rosto


aperitivo


TO BE OR NOT TO BE ANYMORE



TO BE OR NOT TO BE ANYMORE

As senhoras dos 40 em diante, compram soutiens generosos, exibem peitos mascarados e fazem dietas horrorosas passando fome, não aproveitando a vida. Será que pensam que disfarçam a idade?

Erro: pois as sérias, casadas ou uniãodefactadas têm já companheiro. As pouco sérias, ou seja as putas, mesmo que não ganhem dinheiro, não enganam se comparadas com moças novas, frescas e jeitosas.

Entendamo-nos, estou de acordo em que se cuidem e sejam garbosas, bonitas e vistosas do que gordonas, com rabo em forma de pêra ou de outro fruto, usando vestidos ratões de padrões do tipo cortinados, sem jeito.

Mas nada melhor do que chamar as coisas pelos nomes: mulheres ou homens novos não são comparáveis com a geração mais velha.


Cada geração tem o seu encanto!


É um fato ou será um facto!

domingo, 21 de maio de 2017

She looks like my aunt Emilly

Dez Coisas que Levei Anos Para Aprender

Dez Coisas que Levei Anos Para Aprender

1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa.
2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.
3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.
4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.
5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.
6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.
7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria "reuniões".
8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".
9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.
10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.

Luis Fernando Veríssimo

anti-copianço

Capacetes anti copianço numa Universidade na Tailândia.

pic-nic


Deixem-me andar em paz...chato a querer ultrapassar. Era o mordomo com o pic-nic para o lanche e que queria chegar primeiro...

made in China

sábado, 20 de maio de 2017

casamento com arqueólogo


O que há de verdade nisso?


O QUE HÁ DE VERDADE NISSO?

O meu Avô paterno foi muito cedo para Lourenço Marques, aonde foi com 29 anos, Director do Porto e dos Caminhos de Ferro de Moçambique bem como Administrador da Companhia de Cimentos da família Sommer, mais tarde Champalimaud. Era um óptimo engenheiro e tinha uma excelente vida, ganhando em libras de ouro, o que lhe permitia ter uma série de mordomias. Entre elas tinha um Mordomo indiano que adorava os alemães e suspirava que ganhassem a 1ª guerra mundial. Estava sempre a taquinar o meu Avô, que sabia ser anglófilo e um dia perguntou-lhe:

- Senhor Engenheiro, ouvi dizer que o hino inglês é igual ao hino alemão. O que há de verdade nisso?


O meu Avô riu-se e deu-lhe uma resposta adequada.


Na família quando queremos brincar a propósito de alguém que nos faz perguntas bestas, piscamos o olho e repetimos a frase do Mordomo.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

malditos zapatos

Un señor entra a una zapatería y se le acerca el vendedor:
-Buenas tardes, ¿En qué puedo ayudarle señor?
-Quiero unos zapatos del número 42.
-Verá, señor, no es por llevarle la contraria, pero a simple vista puedo ver que usted calza almenos un 46.
-Eso no me importa, yo quiero un número 42, si no, no compro nada y me voy a otra tienda.
-Está bien (le contesta el vendedor con cara de asombro).
El dependiente le trae unos zapatos del número 42; el hombre se los prueba y le dice:
-Perfecto, me los llevo puestos.
Cuando va de salida del comercio, el vendedor se da cuenta de que el hombre va sufriendo porque los zapatos le aprietan mucho. El vendedor, intrigado de por que compró unos zapatos tan pequeños, se le acerca y le dice:
-Señor, disculpe, pero no me puedo quedar con la intriga, ¿cómo es que compra sus zapatos tan pequeños, si se ve que está sufriendo porque no le quedan bien?
- Mire, le voy a contar mi historia: mi mujer me engaña con un compañero de trabajo; mi hija es prostituta; mi hijo es yonki; mi suegra vive con nosotros y me tira en cara la culpa de todos los problemas familiares... ¡El único placer que tengo en esta vida es llegar acasa y quitarme estos malditos zapatos!...