quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Deus comigo


Fiz ontem na CUF um exame à cabeça com doppler e correu tudo bem. O médico diz que não há nenhuma obstrução da entrada e saída do  sangue em catadupa no cérebro. O sangue era de cor violeta pela mistura do sangue azul e o de ascendentes sem nobreza...ahahaha
 

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Peninha presente no enterro de José Eduardo dos Santos e o seu regresso a Lisboa


 

Peninha, acordou cedo, e começou a arranjar-se. A pele de leão  com que iria vestido, pesava arrobas, e como não tinha dinheiro para um táxi, teria que ir a pé. Estava um pouco preocupado com as reacções de surpresa que pudesse causar nos passeios, nos bairros mais pobres, moceques, na miudagem e até nos outros animais que poderia encontrar em Luanda.

Lá se pôs a caminho e ao passar numa tabanca ali perto, verificou que um saguí já crescidinho, tentou encetar conversa com ele na linguagem da floresta. Uma data de gente negra rodeou-os, fazendo troça do Peninha- "boa mano! pra onde vais?" e batendo palmas num misto de admiração e de crítica.

O saguí vendo que Peninha não lhe respondia, começou a guinchar em tom muito alto e seguido e o Peninha teve medo que estivesse a chamar os da sua tribo e a muito custo começou a correr pela    marginal, pois o raio da pele de leão era pesada "pra burro"!

Já estava povo de cada lado dos passeios à espera da passagem dos cortejo com a urna e Peninha reparou que vários Chefes de Estado antecipavam-se à chegada do cortejo e iriam esperá-lo no mausoléu Agostinho Neto.

De repente lembrou-se de que entre os convidados estaria o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, que sabia reconhecê-lo como seu admirador, pois já tinha tirado várias selfies com ele. Pôs-se a prestar atenção a quem vinha dentro dos carros oficiais, e sùbitamente viu aproximar-se o carro oficial com a bandeira portuguesa, e dentro o seu amado Presidente.

O cortejo ia num pára arranca e Peninha desata a gritar: "Presidente Marcelo, ó Marcelo" atraindo às tantas, as suas atenções. Marcelo, viu que era um branco, português e com uma pele de leão e deu ordens ao motorista para parar, e saiu do carro dirigindo-se ao Peninha.

" Ó homem que está a fazer aqui, assim nesta figura ( contendo-se para não rir)?"

Peninha respondeu-lhe que era para honrar Angola e o seu falecido Presidente, e por outro lado tentar conseguir uma selfie com o seu querido Presidente Marcelo, que muito admirava, tendo mesmo endividado-se para fazer a viagem.

Marcelo enterneceu-se com a sinceridade de Peninha, e tirou uma selfie com ele vestido com a pele de leão. Peninha pediu-lhe se aceitava tirar outra selfie, com ele sem a pele de leão e Marcelo disse-lhe:" vá despache-se a despir esse traje. mas não está nú por debaixo, não?" perguntou aterrorizado.

" Não, Senhor Presidente" e de repente aparecem umas cuecas à Tarzan, com a cara de Marcelo estampada nas zonas mais sensíveis....

Marcelo recusou-se a tirar outra selfie, e apressou-se a entrar no carro oficial. As tropas especiais do GOE que o acompanhavam aproximaram-se de Peninha, mas Marcelo disse-lhes que o largassem.

Peninha regressou a Lisboa nessa noite, esperando que o Presidente Marcelo também fosse nesse voo, mas como vinha sentado na última fila e ainda com o traje de leão, não pôde sair do lugar toda a viagem.

Teve um momento de necessidade para ir ao "toilette" e não o deixaram, de maneira que quando saiu no fim da viagem, tinha deixado um presente no seu lugar e uma mensagem..."com as carícias do Rei Leão".




quarta-feira, 24 de agosto de 2022

O Peninha, as eleições em Angola e o enterro de Zé Du com a presença do Presidente Marcelo



O Peninha tem estado nervoso, com o resultado das eleições em Angola, pois sabe pouco sobre os candidatos, mas leu que o seu amigo Presidente Marcelo ( já tirou várias selfies com ele) iria estar presente em Luanda, com outros Chefes de Estado para o enterro do Presidente angolano José Eduardo dos Santos.

E ao mesmo tempo, uma vez que saiam os resultados das eleições, não fará outra coisa de dar passou-bens, a gente importante, ao lado Presinte Marcelo.

Com a inflacção e o magro salário que recebia, no único emprego que arranjara, sendo talhante num talho do Sr. Roubado, teve que optar por voos mais baratos para chegar a Luanda. Foi na AIR GABÃO, depois passou para a AIR TUNISIA, depois para a AIR ISLÂNDIA e finalmente numa companhia que o levou a Angola, a AIR SERRA-LEÔA.

Lá chegado, apanhou boleia no aeroporto de um angolano que lhe disse que se chamava BANGU OLIVEIRA e que lhe facilitaria um quarto modesto na sua palhoça, mas quase no centro da cidade.

Peninha tinha-se esmerado e alugado no guarda-roupa PAIVA em Lisboa, um traje que ele considerava típico e usado em enterros africanos: umas sandálias de antílope, uma pele de leão e uma coroa de plumas de várias cores.

Chegou o dia das eleições e perguntou aonde estava hospedado o Presidente Marcelo, mas disseram-lhe que só chegaria para o enterro do Presidente Dos SANTOS.

Foi-se treinando, num terreiro que o BANGU tinha atrás da palhoça e fazia batuques todos os dias, vestido com a pele do leão. Havia um moceque ali ao lado, aliás aonde estava integrada a palhoça do BANGU, e uma data de miúdos dos que vivem do depósito do lixo perto dos moceques, vinham assistir supreendidos primeiro e depois muito divertidos aos ensaios do Peninha, pois o Peninha que tinha uma certa barriguinha, quando dava voltas com os pés um em cima e outro no chão a dançar, estatelava-se no chão e as gargalhadas dos putos não paravam.

Decidiu votar!!!! Pôs-se na fila de uma mesa de voto, e quando chegou a vez dele, a menina preta perguntou-lhe o nome e ele disse PENINHA de AZURARA MALFEITO DA VIDA de MENEZES.

Acrescentou que era descendente dos primeiros colonos em Angola, e a menina preta, não fez mais perguntas, e apresentou-lhe os diversos boletins de voto dos diferentes candidatos, e ele às cegas, escolheu um, e a menina preta, pegou-lhe no dedo indicador, molhou-o em tinta preta, e aplicou no boletim de voto a sua impressão digital.
 

( CONTINUA)


segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Luis Bernardo - Carta do Paraíso

 

Se olharem bem para esta fotografia, aparece uma dualidade de imagens.

O meu primo Luis Bernardo há que tempos que não me escrevia. Eis, em baixo, a cópia da carta.

"Meu Querido Manuel,

Já ha anos que não te escrevo aqui do Céu. Vou-te dizer porquê: houve uma reforma administrativa

completa e fui o encarregado de a fazer. Muitos dos teus parentes, se bem que salvos e sem penas a pagar, estão, tout de même, a ficar velhos e sem uma modernidade que Deus exige.

Dou-te dois exemplos de teus ascendentes: um ainda muito falado em pontes, museus, prémios que é o Dom Vasco da Gama. Ora o teu avoengo não sabe fazer pouco mais de navegar e brilhantemente, e de gestão a sua fórmula na Índia Portuguesa, está ultrapassada.

O outro, o " Cid, el Campeador" fazem~lhe falta os cavalos de guerra e passa a vida a maçar Deus, que lhe responde que com a guerra da Ucrânea, morre muita gente que vem directamente para aqui e o orçamento deste ano tem aumentado muito..

Estive a jantar emcasa dos teus Pais, que têm muitas saudades de ti e dos teus irmão e irmãs e do resto da Família.

O teu Pai, aqui não faz Medecina mas gardening na esplendorosa relva rodeada de flores maravilhosas, da mansão aonde habitam. Já te contei para trás, noutras cartas, a descrição.

A tua Mãe, viaja para visitar os parentes e deixa o teu Pai bem acompanhado pelo Tomaz que sendo muito novo, ainda sabe das músicas, roupas e outras modernidades que vai ensinando ao teu Pai.

Quando chegar a tua vez de vires, há muita coisa de gestão de diferentes  empresas em que tu te podes ocupar. Eu tentei dar uma endireitadela, e agora está tudo mais moderno e bonito. 

A entrada é o princípio de uma estrada luminosa que conduz a um palácio de luz aonde as pessoas se registam e têm direito a todas as vantagens e mordomias.

Só depois vão saudar Deus e os anjos acompanham-os por uma volta do Céu e deixa-os no seu lugar.

Como aqui o tempo não conta, pode ser tudo feito de imediato ou o fazerem quando entenderem.

Meu Querido Primo, conta-me coisas daí de baixo, pois o Departamento da Terra está sempre cheio de pessoas ansiosas em saberem dos seus.

Um abraço afectuoso

Luis Bernardo"

Resumo: Imaginem vocês que recebi uma carta de um primo que já morreu há vários anos e que me chegou à caixa do correio. No meu blogue está tudo explicado e as cartas anteriores trocadas foram abundantes. Creio ser o primeiro ser humano a ter verdadeiramente notícias reais, de além-túmulo.

domingo, 21 de agosto de 2022

O espelho

O Espelho

Todos os dias nos vemos ao espelho. Ou para fazer a barba ou para as senhoras se pintarem, ou por uma questão de vaidade ou actualização da "juventude".

Mas o espelho da "alma", consciência é muitas vezes esquecido e de anos em anos temos tempo para o observar e daí tirar consequências.

Neste mundo actual em que vivemos do que eu tenho mais medo é a mudança do clima global (Climate change).

Antigamente não havia televisão e nós não nos apercebíamos das mudanças terríveis em quase, para não dizer em todos os cantos do mundo, aonde a cada dia acontece qualquer efeito desta mudança do clima.

Escuso de enumerar as "desgraças" todas, mas, repetindo-me, o que mais me assusta é a séca e os incêndios (Meseta Ibérica), furacões, cheias, tendo como consequência a fome, a pobreza, a destruição dos raros bens materiais que a raça humana vai perdendo bem como as doenças e sobretudo a morte.

Por isso, nestas minhas férias de alguns dias no sul da Espanha, tirei esta fotografia que inspira a tranquilidade, serenidade e paz de espírito.

Curiosamente havia um espelho ou seriam as águas tranquilas que espelhavam o que sobre elas se encontrava?

Aconselho-os a pararem na vossa vida vertiginosa de férias, sem um minuto de sossego, ou pelas crianças ou pelo social ou ATÉ por estarem ao sol estendidos o dia inteiro, o que para além de indutor do cancro na pele, revela uma estultícia ridícula.
 

sábado, 20 de agosto de 2022

Os dias da partida podem ser breves para cada um


 

Hoje, vou daqui a bocado à missa do 7 dia, de mais um amigo.

Para além da tristeza e o que causa a sua falta à sua família, temos que ser realistas e a partir de uma certa idade, encarar a morte.

Às tantas, é possível que nos conceda a paz. Não sei verdadeiramente como, nem, aliás ninguém.

 

sexta-feira, 19 de agosto de 2022


 Hoje, só para vos sugerir que leiam poesia durante o tempo que tiverem livre no Verão. Há desde autores clássicos até actuais e no meio deste mundo infernal, é um bálsamo termos a mente concentrada em "tesouros".

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Os olhos


 Os olhos

São dos órgãos do corpo humano de que mais gosto.

Para além de haver homens e mulheres com um colorido nos olhos nunca imaginado, e serem atractivos, podem ser sensuais, caridosos, serenos, irritadiços, odiosos.

Mas o que mais me desperta a curiosidade é o ver, observar, manipular, julgar, amar e receber o amor.

Podem ser olhos aldrabões como o deste homem, também podem agir mal ou bem, no seguimento do que vêem, e sem os olhos vivos  a verem, a vida dos cegos transforma-se, para quem não desiste de viver, num aperfeiçoamento do ouvido, na toada de sons, reconhcendo a voz e também com as mãos sentindo as formas do corpo.

Uma vez em Paris, numa viagem de trabalho, depois de um dia cansativo resolvi ir ao cinema e assim fiz.

Na fila para a compra dos bilhetes, reparei numa rapariga nova, linda, mas sobretudo com uns olhos que me trespassaram. Estava sòzinha e aproveitei para me dirigir a ela e dizer-lhe de chofre, que os olhos dela eram a coisa mais bonita que eu tinha visto.

Não respondeu ao cumprimento mas perguntou-me se eu queria comprar um bilhete ao lado dela. 

Paguei, cavalheirescamente, as duas entradas uma ao lado da outra e antes de começar o filme parecia que os meus olhos estavam grudados nos dela, que não baixava o jogo, e me fazia sentir com um doce olhar, tudo quanto dois desconhecidos, se poderiam dizer.

Passámos o filme sem sequer olhar para a tela e a um dado momento saímos para o foyer aonde não estava ninguém, pois não tinha chegado ainda o tempo do intervalo.

Aproximámo-nos um do outro e abraçámo-nos, mantendo-nos envolvidos sem nada dizer até que nos beijámos sôfregamente e descansámos.

É sobre os olhos dela que contei esta história, por isso ficamos por aqui e com um conselho: não percam de vista uns olhos bonitos, maravilhosos de que não há réplica igual no mumdo.


quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Regressei das minhas férias em Espanha











Regressei das minhas férias

Quando se volta à rotina há um certo desalento de mergulhar no que deixámos suspenso para trás.

Tenho vindo a construir a minha sabedoria, com prazer e aceitação da inevitabilidade de um dia morrer.

Tudo hoje em dia é analisado por mim com serenidade ainda que com decisões pensadas e inteligentes.

A morte não me assusta e será uma boa surpresa. Se puder aviso-os como é.

Hoje vim da Isla Canela no meu Mercedes, respeitando o limite de velocidade, ainda que se vier outro veículo contra mim, possa acabar ali ou passar a um estado de dependência ou vegetativo.
 
Nada melhor que legumes para perder gordura e quiçá prolongar a nossa vida com mais saúde.


 

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Os fins-de-tarde em Espanha no Verão




Os fins-de-tarde em Espanha no Verão

Passei por várias esplanadas e estavam amigos e amigas sentados em mesas, uns mais novos e outros mais velhos, na marginal pedonal do porto de pesca.

É um povo de que eu gosto bastante e que não é tão diferente assim do nosso.

A diferença é de pobreza e desilusão pelas nossas dificuldades esquecidas. António Costa vai à Ucrânea e Marcelo ao Brazil e uma quantidade de decisões ou ficam pendentes ou não são controladas....e postas à disposição de quem deve receber.

Voltando aos fins-de-tarde, pacatos, pacíficos e muito agradáveis de observar, está na massa do sangue...

Nós, nem nos apetece estar à beira-rio em sítios que nem existem ou poucos.
 

 

domingo, 14 de agosto de 2022

Na piscina a ler o "LIRE"



Que gira ideia no nùmero de Verão da revista "LIRE" haver sugestões de leituras de clássicos em textos de desenhos para miúdos e graúdos tornando mais leves a grandeza das histórias, como por exemplo, na capa as "ilhas literárias de Homero".

Estou em Espanha num óptimo hotel mas as crianças castelhanas berram dentro da piscina como uns cabritos. 

Ainda mato o instrutor que provoca a excitação para os jogos de bola.....ahahahahah 

 

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Férias


 O calor, a séca e a falta de água

Comecei as minhas férias e anseio por um período de descanso do corpo e sobretudo da cabeça.

Vou levar livros, earphones para ouvir música na piscina, tomar banhos nas praias do Mar Mediterrâneo. 

Vou andar kms e kms na praia, andar de bicicleta na vila, ser moderado na bebida e comida ( há sempre a antecipação de doenças mortais, por exageros) e fazer no ginásio treino sem suar demais.

Quantos mais anos poderemos ir assim de férias sem limitações e preocupações.

 Refiro-me ao calor excessivo, aos incêndios que destroem a cobertura verde dos montes e serras de muitos países, causando para além de tudo, prejuízos a pessoas, aldeias e vilas e bens agrícolas e casas rurais. É cada vez mais necessários "pulmões" que respirem por todos nós.

A água é um bem imprescindivel e a sua falta vai causando sécas e todo um conjunto de satisfação de necessidades vitais.

Será que pressionamos os nossos governantes, o suficiente, para evitarmos num futuro próximo um mundo em que é impossível viver?

Não vou mais, durante estes dias, pensar nestes assuntos.

Enchi o depósito do Mercedes sabendo que em Espanha é mais barato: minudências.

No fundo, quando morrermos, não levamos nem um tostão para o Paraíso.

O Circo - PENINHA voltou de férias

 

PENINHA voltou de férias

 O Peninha foi de férias para uma aldeia do outro lado da fronteira, perto de Badajoz. A inflacção também o afectou e com o salário baixo que recebe não se pôde dar a luxos.

Ficou num quarto de uma pensão, suficientemente cómodo para dormir. A maçada é que o colchão tinha pulgas e acordava de manhã cheio de bubões e com imensa comichão pelo corpo todo.

Queixou-se à dona da pensão e ela prometeu-lhe ir a Badajoz comprar um mata-bicho!

Chamava-se Doña Perpétua e de facto o nome correspondia à idade, pois tinha quase 90 anos e estava em óptima forma.

Fazia muito calor e o Peninha saía cedo para explorar os arredores do campo, e notou que o Circo Chen estava a montar tendas para ficar na aldeia uns 5 dias. Panejamentos descoloridos nas tendas, dando a presumir que o negócio estava mau e não dava para uma renovação do material.

Peninha meteu conversa com um don Álvaro, cigano, e perguntou-lhe se ainda havia chineses como proprietários, dado o nome de Circo Chen. Ele respondeu-lhe que há muito tinha sido vendido à sua família cigana.

Peninha quis saber se ainda havia tigres e leões, e ele disse-lhe que por causa de um partido político português de nome PAN, os animais tinham sido banidos dos espectáculos, o que tinha causado avultados prejuízos, pois o público era um grande entusista das malabarices que os animais faziam, ainda por cima sendo bem tratados pelos domadores.

don Álvaro, confessou-lhe que estava pereocupado porque um dos primos ciganos tinha ido para Portugal, e fazia um número de leão, pois hoje em dia fazem-se imitações de grande qualidade e ele fazia uns números com a pele de leão. Perguntou ao Peninha se conhecia alguèm que o pudesse substituir, pois pagavam bem.

Peninha confessou-lhe que era a primeira vez que estava nessa aldeia e não conhecia ninguém. No entanto ( pensando no dinheiro que poderia ganhar - mais uns €500 ) ofereceu-se para o papel de leão.

Lá foram os dois para dentro da tenda, don Álvaro todo contente, e Peninha meteu-se dentro da pele do leão, que lhe assentava que nem uma luva. Treinaram uns saltos a quatro pés no meio de uma argola, uns rugidos em cima de um tamborete, e umas voltas pela arena junto do futuro público da primeira fila, rugindo.

Tendo sido anunciado que o Circo Chen voltara a ter um leão equilibrista, e a publicidade tendo inclusivé passado de Badajoz para Portugal, à noite estava um casão.

Acontece que alguns militantes do CHEGA e André Ventura estavam a passar férias em Badajoz e resolveram ir à noite a um circo chinês, sem saberem que era actualmente de ciganos.

Lá se sentaram na primeira fila, e quando o espectáculo começou, com uma pequena apresentação do programa, André Ventura mexeu-se incomodado por ter percebido que o apresentador era cigano. Estavam em Espanha, numa aldeia cheia de espanhóis e nada disse. Os correlegionários, nem deram por isso e nem reagiram.

Quando chegou a vez do Leão/Peninha, este entrou a quatro patas ( o que lhe custava um pouco não pelo exercício, mas pela ideia de ser um animal irracional...) e a sala ficou suspensa! Peninha avançava com garbo e altivez e deu uma volta pelas primeiras filas.

Logo topou com André Ventura, que Peninha detestava pela sua "luta" racista contra os ciganos.

Ao invés de ser só don Álvaro, veio a troupe toda dos ciganos do Circo Chen, falarem para o público demonstrando a satisfação de terem um felino no novo cartaz. 

Nisto, André Ventura, levanta-se e começa aos gritos a dizer mal da raça cigana e que não tolerava estar num espectáculo por eles representado.

O leão/Peninha deu um salto para o lugar em frente da primeira fila no lugar de André Ventura e lançou-se sobre ele e deu-lhe uma coça das grandes.

Toda sala aplaudia e André Ventura saiu no meio de apupos e assobios e metendo o rabo entre as pernas fugiu para Portugal




quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Crâneo


 

Crâneo

Tanta gente a carpir os seus crâneos queridos, na guerra, de um lado e de outro, nas aldeias (é levado mais à séria a morte), no bulício da cidade, na visita aos cemitérios, mas será que vale a pena?

Mais tarde ou mais cedo tudo se transformará em cinza pó e nada.

Entretanto, durante a vida foram mais os momentos de desatenção do crâneo querido, de torpezas ocultas, de amor fingido, de relações tormentosas...num ápice pouco tempo de felicidade, se alguém sabe o que é...

Por isso o passado é o passado e talvez valha a pena guardarmos algumas boas mas pequenas memórias.

O presente já é difícil o futuro não se sabe o que é.

Um dia destes vos falarei de um "estado", conceito, realidade que é a SOLIDÃO, acompanhado ou não, rico ou pobre, saudável ou doente, culto ou uma besta...proponho para já um pequeno prazer, barato e ainda, creio, que com qualidade. Comprem numa patelaria um chupa-chupa da Regina ou da Rájá ou da Olá, ou mais provàvelmente da Imperial. Ou em alternativa rebuçados de alteia e mel do Dr. Bayard.

É curto o prazer, barato e dá-vos por uns momentos uma sensação de "crâneo querido"