SIMPLE TRUTH 1
Lovers help each other undress before sex.
However after sex, they always dress on their own.
Simple Truth: In life, no one helps you once you're screwed.
SIMPLE TRUTH 2
When a lady is pregnant, all her friends touch her stomach and say, "Congrats".
But, none of them touch the man's p....s and say, "Good job".
Simple Truth: Some members of a team are never appreciated.
FIVE Other Simple Truths
1. Money cannot buy happiness, but it's more comfortable to cry in a Mercedes than on a bicycle.
2. Forgive your enemy, but remember the asshole's name.
3. If you help someone when they're in trouble, they will remember you when they're in trouble again.
4. Many people are alive only because it's illegal to kill them.
5. Alcohol does not solve any problems but then neither does milk.
Bonus Truth:
Condoms don't guarantee safe sex. A friend of mine was wearing one when he was shot by the woman's husband.
domingo, 31 de agosto de 2014
sábado, 30 de agosto de 2014
o meu anticonformismo
Tento,
o mais que posso, ler, ouvir, trocar ideias com variadas pessoas de
distintas origens e pensamentos, antes de emitir opiniões.
Não porque o que escrevo tenha importância de maior, mas por uma questão de coerência interior e de respeito por mim próprio. O tolo é o que fala sem pensar.
Por isso, com o andar dos tempos reconheço, e também por características próprias, que esbato qualquer radicalismo nas minhas análises com prudência e equidade, fugindo, tanto quanto possível, a seguidismos políticos, morais ou cívicos.
Sou, em suma, um independente, um anticonformista, se bem que não descarte a influência da minha formação e educação na conduta dos meus procedimentos.
Não porque o que escrevo tenha importância de maior, mas por uma questão de coerência interior e de respeito por mim próprio. O tolo é o que fala sem pensar.
Por isso, com o andar dos tempos reconheço, e também por características próprias, que esbato qualquer radicalismo nas minhas análises com prudência e equidade, fugindo, tanto quanto possível, a seguidismos políticos, morais ou cívicos.
Sou, em suma, um independente, um anticonformista, se bem que não descarte a influência da minha formação e educação na conduta dos meus procedimentos.
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
Desassombro
Tenho andado distraído com outras coisas nas férias e confesso que
não tenho estado com vontade de me enfronhar na análise das notícias cá
do burgo.
Mas vejo com preocupação que começam a aparecer sinais de desculpabilização de tudo quanto se passou ùltimamente.
Quer os protagonistas directamente quer através de mandatários que vêm humildemente pedir desculpa, quer através de Advogados que com um ar sobranceiro dizem não acreditar no que têm lido na imprensa e em comentários e irrito-me e revolto-me sobremaneira pela aproximação subtil e subreptícia de uma estratégia de continuação do suborno, da compra de pessoas, da proclamação da inocência.
Mas vejo com preocupação que começam a aparecer sinais de desculpabilização de tudo quanto se passou ùltimamente.
Quer os protagonistas directamente quer através de mandatários que vêm humildemente pedir desculpa, quer através de Advogados que com um ar sobranceiro dizem não acreditar no que têm lido na imprensa e em comentários e irrito-me e revolto-me sobremaneira pela aproximação subtil e subreptícia de uma estratégia de continuação do suborno, da compra de pessoas, da proclamação da inocência.
E fica aqui feito o aviso claramente sobre o que penso:
- trabalhei para eles e conheço-os;
- não acredito um minuto que não tenham culpa e grande em isto tudo;
- usaram e abusaram do controlo do poder em Portugal corrompendo todos os sectores da sociedade civil para a prática de actos condenaveis como tem vindo a ser comprovado;
- prejudicaram uma série de famílias, empresas que confiaram de boa-fé na sua seriedade;
- vão seguramente contribuir para o pioramento da situação económica e financeira em Portugal, para mais desemprego e pobreza e dificuldades nas famílias, empresas que afectaram;
- nem todos são culpados e a maioria não o é, por isso é incrível que se tente inculpar o todo quando foram só poucos os que beneficiaram de tão wrong doing;
- infelizmente em Portugal, pelo menos eu não acredito que seja como noutros países, os culpados conseguem ficar impunes;
- não pretendo fazer acusações antecipadas mas pelas consequências causadas até ao momento deveria ter havido já uma mais EVIDENTE, PÚBLICA e DESASSOMBRADA denúncia da pouca vergonha cometida. O silêncio do Governo, do Parlamento e de tantas "forças vivas" que são as carpideiras do costume: Mário Soares, António José Seguro, José Sócrates, António Guterres, António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, Paulo Portas, Carlos Costa...tudo gente cuja opinião é ouvida e na maior parte das vezes pelas piores razões, estão calados suavemente...
- as pessoas sérias chamam as coisas pelos nomes: o que é mal feito é mal feito. E mesmo sem julgamento qualquer pessoa honesta e séria não deixa chegar até este ponto com provas já produzidas públicamente o que se tem passado.
Por isso temo que mais uma vez este seja um país de basbaques e moles e que tudo se resolva na sombra ao abrigo de prescrições e defesas inflamadas da virtude, com o prejuízo real de tanta gente que sofre, teme pelo futuro e que foi vilmente aldrabada.
Nota: não tinha nem nunca tive quaisquer acções nem aplicações e não sofri nenhuma perda, por isso estou à vontade para me pronunciar.
- trabalhei para eles e conheço-os;
- não acredito um minuto que não tenham culpa e grande em isto tudo;
- usaram e abusaram do controlo do poder em Portugal corrompendo todos os sectores da sociedade civil para a prática de actos condenaveis como tem vindo a ser comprovado;
- prejudicaram uma série de famílias, empresas que confiaram de boa-fé na sua seriedade;
- vão seguramente contribuir para o pioramento da situação económica e financeira em Portugal, para mais desemprego e pobreza e dificuldades nas famílias, empresas que afectaram;
- nem todos são culpados e a maioria não o é, por isso é incrível que se tente inculpar o todo quando foram só poucos os que beneficiaram de tão wrong doing;
- infelizmente em Portugal, pelo menos eu não acredito que seja como noutros países, os culpados conseguem ficar impunes;
- não pretendo fazer acusações antecipadas mas pelas consequências causadas até ao momento deveria ter havido já uma mais EVIDENTE, PÚBLICA e DESASSOMBRADA denúncia da pouca vergonha cometida. O silêncio do Governo, do Parlamento e de tantas "forças vivas" que são as carpideiras do costume: Mário Soares, António José Seguro, José Sócrates, António Guterres, António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, Paulo Portas, Carlos Costa...tudo gente cuja opinião é ouvida e na maior parte das vezes pelas piores razões, estão calados suavemente...
- as pessoas sérias chamam as coisas pelos nomes: o que é mal feito é mal feito. E mesmo sem julgamento qualquer pessoa honesta e séria não deixa chegar até este ponto com provas já produzidas públicamente o que se tem passado.
Por isso temo que mais uma vez este seja um país de basbaques e moles e que tudo se resolva na sombra ao abrigo de prescrições e defesas inflamadas da virtude, com o prejuízo real de tanta gente que sofre, teme pelo futuro e que foi vilmente aldrabada.
Nota: não tinha nem nunca tive quaisquer acções nem aplicações e não sofri nenhuma perda, por isso estou à vontade para me pronunciar.
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.
Alberto Caeiro
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.
Alberto Caeiro
terça-feira, 26 de agosto de 2014
O Rubém e a Adèlinha - Noivas de Santo António
A Adèlinha confiou ao
Rubém que se queria casar nas noivas de Santo António, pois havia uma bonita
festa, davam o vestido de noiva branco, um almoço e muitos presentes úteis para
a casa.
- Ó filha de branco? Isso
até parece mal, mas se queres muito, seja – disse o Rubém meio indignado.
- O D.Plínio disse que
tratava de tudo, pois como é da embaixada mete lá uma cunha na Câmbara. Em troca
pediu-me que eu não o largasse e eu disse-lhe que vinha perguntar-te.
- Ó filha dá sempre jeito
mais dinheiro para a casa, o que eu acho é que lhe devias pedir um aumento por
causa do IVA, está tudo tão caro…minha malandra, tu gostas de brincar – disse o
Rúbem já a pensar na Cátinha Alexandra. Assim ficava tudo na mesma e ainda se
ganhava com o quiosque!
Acontece que a Adèlinha
precisou que o Rubém assinasse um papel para o sr. Prior por causa das Noivas
de Santo António e lembrou-se de apanhar o autocarro e ir ter com ele à
oficina.
Nesse dia a Cátia
Alexandra escolhera uma roupa janota. Tinha levado para a pastelaria um saco de
plástico do Lidel com o traje que poria para ir ter com o Rúbem.
Ele contara-lhe das
Noivas de Santo António, sossegara-a quanto a manter-se tudo na mesma e até lhe
prometera nas férias uma ida ao Senhor Roubado, pois tinha aberto recentemente
um grande armazém chinês cheio de coisas baratas mas muito jeitosas e ela
ficara toda excitada.
Tinha comprado na
capelista da esquina que vendia de tudo, um verniz côr-de-laranja que estava na
moda das madamas da alta, e na loja do sr. Li de nome “Pérola do Oriente” uns
brincos a imitar as arrecadas do Minho mas só que em vez de douradas eram com
luzes fluorescentes, brilhavam muito, muito, o Rúbem havia de gostar! Ia
estrear uma blusa de fios brilhantes entre o verde e o amarelo canário e uns
shorts que quase deixavam ver as partes da vergonha quando se dobrava!
Uns
sapatos destes com uns saltos muita altos, que ela via no cabeleireiro nas
revistas do coração e um perfume muito leve de uma marca que comprara na farmácia,
chamado “Bien-être” que até tinha sido barato. Perguntara se era dos melhores
e ela que sim, a framacêutica sabe destas coisas!
Sem soutien, de peitaça a
transbordar da blusa de malha como ele gostava…e sem calcinhas pois já era tudo
tão apertado que já nem dava espaço…
A única coisa que lhe
começava a chatear era ela ir assim de arrasar e toda lavadinha e ele estar
sempre suado, cheio de óleo e com as unhas e mãos sujas. Fazia-lhe nojo quando
ele a agarrava e tocava mas ele era tão quente…havia de lhe dizer que alugassem
um quarto ali ao pé, com duche e tudo.
A Adèlinha estava
encantada com o casamento e toda a cerimónia. O D. Plínio tinha sido muito
amigo e ela sentia-se assim como uma dona, menos puta, sim porque estas coisas
da igreja sempre davam respeitabilidade e ela havia de ser muito feliz com o
seu Rubém.
Viu a porta da oficina
entreaberta e disse para si mesma: horas extraordinárias! Coitado, trabalha sempre até
tão tarde que só pode estar comigo nos fins-de-semana.
Entrou e pensou; vou
devagarzinho para lhe fazer uma surpresa e até já vou começando a me
desapertar. Hoje apetecia-lhe festa e havia de compensá-lo de tantos dias sem ela.
Luz meia mortiça no interior
da oficina, um barulho como se fossem gritos que ora eram altos ora baixinhos,
uns gemidos e uma chusma de palavrões “ meu cabrão, anda leão, mete-me essa
mudança, puseste-lhe freios novos, arranca-lhe as pastilhas”!
- Mas querem ver co meu
Rúbem está com uma gaja?
- Ah desavergonhada, ah
desgraça da minha vida, hás-me de mas pagar. Ah que me lixas as minhas ricas
Noivas de Santo António!
O Rúbem desprevenido
fugiu para o canto e a Adélinha de sacola em riste vá de bater sem descanso na
Cátia Alexandra.
Desfez-se o casório, a
Adèlinha ficou com o D. Plínio e quiçá até bem melhor, e o Rubém acabou por enjoar o “Bien-être”
e mudou de oficina.
domingo, 24 de agosto de 2014
O Rúbem e a Adèlinha - o Opel
A Adélinha foi o caminho todo até à praia, a chagar o Rúbem: porque queria mais dinheiro dele, que estivesse mais tempo com ela, que a acompanhasse às festas e romarias na Reboleira.
O Rúbem sabia que a Adélinha tinha um senhor mais velho do que ela que a visitava regularmente. Ele não se importava pois no fundo arredondava o mês da sua amigueta.
O dito cavalheiro chamava-se D.Plínio de Rodriguez y Muñoz e era da
embaixada da Colômbia, homem baixo, de farto bigode, muito escurito mas
com muita guita.
Trazia-lhe presentes: cópias de perfumes bons que comprava na rua dos Fanqueiros, bijuteria barata mas ostensiva que a Adélinha chamava de brilhantes, não passando mais do que vidro lapidado, tops dos chineses e até uma sacola falsa do Louis Vutton.
Na redondeza tudo elogiava o D. Plínio por tratar bem da Adèlinha.
Esta por sua vez, proporcionava-lhe carinhos e ternuras de que ele se babava: beijos profundos e longos, rebolanços no chão com gritinhos, e grandes solavancos na cama com a barriga do colombiano para baixo e para cima.
Tudo parecia correr no melhor dos mundos até que o Rubém arranjou uma garina lá para os lados da oficina, de sua graça Cátia Alexandra.
Trabalhava na pastelaria e arranjava à socapa sopas e rissóis que roubava ao patrão para levar ao Rúbem, de fugida, durante o almoço.
Começaram a andar durante os dias da semana enquanto a Adélinha estava servida. A Cátia, de raça cigana, saía às 20h da pastelaria e ia directa para a oficina.
O Rúbem tinha comprado a um cliente um modelo de Opel Rekord já antigo mas grande, tinha-o arranjado todo e estava um brinco.
Tudo se passava entre os dois, a Cátinha e o Rúbem, entre o tablier e os bancos estofados de veludo, macios e largos, quase como se fossem uma cama de casal.
Trazia-lhe presentes: cópias de perfumes bons que comprava na rua dos Fanqueiros, bijuteria barata mas ostensiva que a Adélinha chamava de brilhantes, não passando mais do que vidro lapidado, tops dos chineses e até uma sacola falsa do Louis Vutton.
Na redondeza tudo elogiava o D. Plínio por tratar bem da Adèlinha.
Esta por sua vez, proporcionava-lhe carinhos e ternuras de que ele se babava: beijos profundos e longos, rebolanços no chão com gritinhos, e grandes solavancos na cama com a barriga do colombiano para baixo e para cima.
Tudo parecia correr no melhor dos mundos até que o Rubém arranjou uma garina lá para os lados da oficina, de sua graça Cátia Alexandra.
Trabalhava na pastelaria e arranjava à socapa sopas e rissóis que roubava ao patrão para levar ao Rúbem, de fugida, durante o almoço.
Começaram a andar durante os dias da semana enquanto a Adélinha estava servida. A Cátia, de raça cigana, saía às 20h da pastelaria e ia directa para a oficina.
O Rúbem tinha comprado a um cliente um modelo de Opel Rekord já antigo mas grande, tinha-o arranjado todo e estava um brinco.
Tudo se passava entre os dois, a Cátinha e o Rúbem, entre o tablier e os bancos estofados de veludo, macios e largos, quase como se fossem uma cama de casal.
sábado, 23 de agosto de 2014
O Rubém e a Adélinha
A Adélinha e o Rubém esperavam pelo Sábado para ele ir buscá-la à Reboleira e poderem estar juntos. Ele era mecânico numa oficina, e ela excitava-se com a ideia do fato-de-macaco sujo de óleo com três botões desapertados deixando ver um peito farto em pelos.
Ela trabalhava no turno da noite de uma clínica, e não havia vez em que o Rubém não desse parte de doente para ser admitido nas urgências, para poder estar com a Adélinha na barbuda na enfermaria.
Ela usava uma bata branca nada apropriada para ajudante de criada, mas tinha-a comprado no “Rei das Fardas” e pedira uma assim ousada para excitar os patrões. De modo que era transparente e deixava ver a lingerie castanha côr da carne que adquirira na loja dos chineses.
Estava um dia de calor e preparavam-se para ir para a praia ali para os lados de Alfarim , pois ambos praticavam o nudismo.
Se estiverem interessados em saber como continua é pedirem aqui, senão atirem-me com ovos pôdres e tomates…chuuu…fora…cretino…indecoroso story teller…
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
que estranho é o amor
Que estranho é o amor
Um misto de emoções
de alegria, um bem estar que
se sente de dentro para fora
Um consolo pelos
maus momentos
Até o azul do céu parece
diferente
Olha-se à volta e os
detalhes parecem mais vivos, falantes
O verde dos campos, o
barulho de uma fonte num tanque.
Acordei.
Adormeço de novo. Os teus
cabelos que cheiram bem. As mãos que afagam e vão descendo para os olhos até os
fecharem devagarinho, com toques ao de leve. Os dedos roçam a boca e os beiços
entreabertos, e continuam na sua caminhada para o pescoço que torneiam e com
leveza encostam aos meus ombros.
Mas as mãos continuam
sôfregas pelo teu peito que apertam delicadamente e roçam com firmeza nos bicos
que endurecem.
As pernas macias
enroscadas no meu colo deixam que as festas se prolonguem docemente até aos pés
que massajam e retornam pela avenida do prazer até que te sinto dormida nos
meus braços.
Ajeito a cabeça e pouso-a
na cama com ternura.
Que estranho é o amor.
in poemas raros de Vicente Mais ou Menos de Souza
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
quando tu não estás
Quando tu não estás, sinto-te
em tudo quanto faço, digo, penso
pois é como se fizesses parte de mim,
não por abuso de te possuir obsessivamente,
mas porque és o meu sossego, o meu enlevo,
o prazer que não sendo só carnal,
me dá uma razão de existir no tempo e no espaço,
agora e aqui.
Quando tu não estás, sou e não sou diferente perante o mundo,
pois se a alma espelha mais este sentir profundo
que vem cá de dentro, e reflecte certezas de amor,
não muda de brilho o meu olhar para os outros,
a minha entrega é segura, precisa
e não cede aos apelos dos sentidos,
porque te tenho e me bastas.
Quando tu não estás, apago-me e faço-te o meu ídolo,
és tu que brilhas, que incendeias e acalentas sonhos
com quanta intensidade sou capaz de te fazer passar por mim,
e nas sensações que provocas pelo meu agir,
há esta pureza de saber que o faço por amor,
sem retorno e sem traição.
Quando tu não estás, qual amante velando pelo ser amado,
cuido no meu íntimo que o teu amor por mim é honrado e limpo
e que na lonjura da cidade onde mergulhas,
a saudade te fortalece a alma das sombras, dos medos e dos cansaços
e te esconjura da tibieza com que te seduzam,
pois o amor é frágil e mutável.
Quando tu não estás, tenho saudades das tuas mãos,
do meu olhar para ti que é o teu para mim,
do teu corpo em descanso no meu, lânguido e entregue,
dos teus beijos e jogos de amor, do teu eu tão intenso
e ao mesmo tempo tão inseguro do teu querer,
mas não estando estás, pois eu estou.
in poemas raros de Vicente Mais ou Menos de Souza
as tuas mãos seduzem-me
As tuas mãos seduzem-me! Deixaste-me estirar ao teu lado
e amacias as palmas das minhas e no silêncio dos corpos nus,
entregamo-nos mútuamente, cedendo meigamente aos sentidos.
As tuas mãos seduzem-me! Quando as fechas nas minhas
sinto o bater do teu coração, que te pede a minha boca
e ao encontrar-nos nesse oráculo de prazer imenso,
saboreamo-nos lascivamente e em jogos de amor
de intensidade infinda, como que um bocadinho de nós passa para o outro deixando uma presença perene,
reserva de afecto que preenche as nossas solidões.
As tuas mãos seduzem-me! Quando me acaricias o corpo
e perpassas as pontas dos dedos sobre lugares ocultos de prazer,
é como que uma partilha de paixão e intensidade insana,
despudorada e escandalosa do encanto de sabermos
que somos um do outro.
As tuas mãos seduzem-me! Quando as nossas bocas em uníssono
buscam sofregamente os dedos ágeis um do outro,
que intrusos acariciam o santuário do desejo,
em gestos ao mesmo tempo sensuais
e de procura de um prazer simultâneo, então sim,
os nossos corpos encontram-se em toda a sua complementaridade, confundindo-se num só.
As tuas mãos seduzem-me e enchem-me não já os sonhos, mas são o bater real do teu coração no meu.
in poemas raros de Vicente Mais ou Menos de Souza
o meu olhar para ti
O MEU OLHAR PARA TI
Quando nos olhamos nos olhos,
em silêncio e no meio da multidão indiferente que nos rodeia,
parece que um anjo perpassa e leva de um ao outro intensidades
e emoções que a palavra ou a escrita não conseguem traduzir.
E devolves-me o teu olhar, meio sorridente e entregue,
nesse despique para ver quem cede primeiro,
entre rendida e resistente.
Faço subtis meneios de cabeça, num vaivém leve e sensual
como que se desejasse dominar o movimento dos teus olhos,
e provoco-te,
nesse mesmo crescendo como o dos nossos jogos de boca
e de beijos fugazes e leves nos nossos olhos cerrados,
fuga e prisão dos teus beiços.
Tanto por dizer que fica dito num cruzar de olhos!
Nem precisamos mais de sussurrar palavras,
porque o meu olhar para ti leva sonhos de promessas,
de ternura, de entrega e tu com um ar doce já não resistes
e retribuis com o teu olhar que já não é só teu
mas o reflexo de um único que se funde nos nossos dois seres.
O meu olhar para ti, é o teu olhar para mim.
in poemas raros de Vicente Mais ou Menos de Souza
domingo, 17 de agosto de 2014
sábado, 16 de agosto de 2014
Reflecti e ide - Conselho intemporal
Quando na vida não souberdes o que haveis de fazer, quando uma sensação de impotência se impuser — não façais nada! Descansai! A alma repousada e o cérebro em stand-by têm muito mais criatividade e genica do que qualquer impulso de aderir a uma fação política.
Podeis pensar que
ao escrever isto faço mal. Mas em verdade vos digo que é um enorme
conselho intemporal. Já os antigos o davam — deu-o Jesus que era
bom; deu-o Buda que era despojado; deu-o o livro dos Mórmons, que foi
um achado; deu-o a Pitonisa no seu confuso tom.
Nada, niente, raspas, népia. Quietos, inertes, amorfos e pausados. A coisa é de ciência certa, de experiência feita e modos escarmentados. Basta estar quieto e em silêncio de feliz beatitude.
Porque muito acerta quem nada diz e muito ganha quem não toma uma atitude.
Reflecti e ide.
Publicado em Agosto 16, 2014 por Henrique Monteiro
Nada, niente, raspas, népia. Quietos, inertes, amorfos e pausados. A coisa é de ciência certa, de experiência feita e modos escarmentados. Basta estar quieto e em silêncio de feliz beatitude.
Porque muito acerta quem nada diz e muito ganha quem não toma uma atitude.
Reflecti e ide.
Publicado em Agosto 16, 2014 por Henrique Monteiro
A liberdade perdida - Crónicas - Apresentação
Nunca pensei que a visita
a prisões me pudesse provocar profundas transformações na minha maneira de
encarar a noção de culpa.
Estas duas aulas
semanais de duas horas cada, que dou a reclusos estrangeiros de alta segurança,
puseram-me em contacto com pessoas de várias nacionalidades. Assim sendo as
aulas são faladas simultaneamente em inglês, francês, espanhol e esporadicamente
em italiano. Sem referir claro que também falo em português, pois o objectivo é
o ensino da nossa língua para adultos estrangeiros.
O primeiro embate foi
tremendo, pois apesar de já ter no passado feito este tipo de voluntariado em
outras prisões e ir começar a partir de Setembro um projecto piloto para as
reclusas de Tires, nunca tinha entrado numa prisão de Alta Segurança do Estado.
Tenho um pouco de
claustrofobia, mas nada de perder o domínio, mas detesto uma série de coisas
que não vou mencionar aqui pois não é de mim que quero falar, por isso quando
na primeira aula me encontrei fechado a sete chaves numa sala não muito grande,
com guardas do lado de fora, com uma câmara permanente de vigilância, tive um
certo baque interior.
Não me preocupava a
segurança com os reclusos que iria conhecer, pois o Director dissera-me que
tinham sido escolhidos a dedo. Eram inteligentes e tinham penas elevadas e
complicadas.
Tinha dado aulas de
Direito na Universidade e no Liceu de Macau, quando lá vivi e trabalhei em Hong
Kong. Nunca, porém, a principiantes. Mas gosto de desafios e não me tenho saído
mal, pois eles progridem e já vou falando mais em português, sinal de que estão
a absorver os ensinamentos.
Na última meia hora de cada aula,
deixo tempo para conversarmos sobre tudo sem restrições.
Como me apetece tratar
este tema para poder captar um maior interesse de potenciais interessados/as em
me ajudarem num projecto de que vos falarei mais adiante e tentar consciencializar
a sociedade civil para a reinserção social após o termo do cativeiro, terei que
usar da minha criatividade e imaginação para relatar o que vou presenciando,
sentindo e o que proponho para melhor ser bem sucedido nesta minha tarefa tão
reparadora, sem contudo por em causa a confidencialidade de tal actividade.
Tenciono publicar uns
contos sobre o testemunho do que for observando, mas reconheço que este é um
tema que incomoda, provoca sensações contraditórias e tende a que as pessoas,
tal como em relação à morte, sintam uma certa repulsa e tentem afastá-lo da mente.
Pois eu sinto-me impelido
a extravasar sem temor o que me tem feito bem, me tem limpo a alma e a cabeça,
me expele preconceitos, me impõe maior tolerância e rigor na análise das
motivações dos actos dos outros e enfim me ajuda a aperfeiçoar os meus
sentimentos.
Garanto-vos que a cada
vez que lá vou, consigo desligar-me das minhas preocupações, problemas, estados
de alma, angústias e tão só pela simples razão de que me esqueço de mim
próprio.
É um bom exercício de
humildade, entrega e despojamento o que é importante pois não há tentações do ego para
me vangloriar. Não há tempo e o que se observa é tão vasto e complexo, que
quando se sai e se volta a respirar o ar livre, é como se trouxesse um aviso
para olhar para a minha vida e triar o essencial do acidental.
Os/as minhas benevolentes
leitoras do blogue e facebook impelem-me a escrever e por isso encaro este desafio como mais um motivo de
ocupação dos meus escassos tempos livres.
Ler e escrever sobre o
que se observa é um meio-caminho para um fim de vida mais tranquilo, quase como
que um abandono leve e suave á inesperada vinda da morte. Quase nada fica para fazer que
não tivesse passado por um crivo de maior rigor e serenidade na análise. O resto
são minudências…
Por isso, em guisa de
apresentação, deixo aqui o habitual (continua) quem sabe com que cadência, mas na
certeza de me apetecer mergulhar nesta apaixonante crónica da liberdade, que
tão difícil e dolorosa parece ser de alcançar para quem está em reclusão.
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