quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Os desafinados também têm um coração


   A música de João Gilberto, "os desafinados também têm um coração" é uma maravilha pela poesia e palavras escolhidas e que eu adoro. 

Mas hoje quero dar um sentido diferente em relação a um desafinado/a que o não é, da música.

Todos nós desafinamos nas nossas vidas, uns mais do que outros, mas é comum a todos, 

1. sermos brutos e desagradáveis para quem nos ama, e agora estou pensando na geração acima da nossa, os nossos Pais. Tantas vezes, em resposta a ternuras e amor e dedicação, a cuidados sobre os nossos comportamentos, a nossa reacção foi violenta em tom de voz, para alguns malcriadas, agressivas e com um ar superior de que já não precisamos de conselhos....o desafinado aqui é a falta de amor, carinho, reconhecimento de que as nossas vidas muitas vezes se lhes devem a eles...o remorso vem depois, ou não para os mais frios, e distraídos. Pode-se sempre dizer que discordamos com alguma argumentação, e depois normalmente, o que acontece, é seguirmos e fazer a nossa vontade...mas provarmos que temos um coração.

2. relações complicadas, contundentes e em disputa constante com os nossos companheiros/as. Conta-se pelos dedos os casais que mesmo nem sempre tendo momentos de paz e de acordo, vão vivendo a vida como uma caminhada a dois até à velhice. Hoje em dia o desafinado é a traição à fidelidade e ao amor, desrespeito um pelo outro por discussões violentas, gritos, pancada, insultos ou silêncio, revelando um desprezo gritante e uma superioridade de quem não quer perder tempo a discutir. São ambientes de tristeza e desespero interior e vontade de fugir e de sair...muitas vezes é impossível por razões económicas e financeiras e possibilidade de autonomia.

3. tudo isto tem influência nos filhos/as que crescem desde pequenos num ambiente de desacordo, discussões e violência de voz e até física, contribuindo para o desafinado de futuro que os esperará. Quer na vida pessoal e profissional há dificuldades de se ser sereno, ter paz, tratar bem os outros e até se preocuparem com os mais necessitados e pobres ou infelizes. Há um mundo de desejo sexual inveterado que torna o amor sexual desinteressante quando se unem....já se conhecem e já fizeram entre ambos o que acima disse. Não é de admirar que se separem, divorciem voltem a casar ou se tornem namorados/as de gente igual e com as razões que os fizeram separar-se da primeira vez e seguir cada um o seu caminho...O sexo num casamento, numa união de facto ou numa relação que não é fortalecida por outros interesses da vida, pelos outros, por si mesmos, pelos filhos que pagam as favas...é uma rotina sem vigor e sem esplendor e uma obrigação...claro que há excepções seja porque se amam ou não se excitam fóra de casa aonde são aventuras que acabam logo, senão tornam-se as mesmas rotinas. Tanto haveria para dizer de bem e de mal, mas cada um reflectirá e tirará as suas conclusões.

4. Os amigos/as são muito importantes pois são o apoio e encosto de quem vive cada uma das situações acima descritas. Os verdadeiros amigos/as são um ombro aonde descansar a nossa cabeça, um silêncio atento para nos escutar, uma experiência e bom-senso para nos aconselhar a fazer o bem. Naturalmente aqui o desafinado é o amigo frio, calculista, que se aproveita da nossa fraqueza, esmorecimento, desânimo, sofrimento, solidão para tirar todo o tipo de vantagens.

Em todos estes 4 pontos, é preciso que se procure a frase completa de que ""os desafinados também têm um coração".

Devemos por isso ser cuidadosos para sentirmos que no fundo também temos um coração.



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