segunda-feira, 7 de agosto de 2023

O Peninha e a vinda do Papa a Lisboa

 

O Peninha concentrou-se na melhor maneira possível de se encontrar com o Papa Francisco, durante a sua estadia em Lisboa.

Tinha em casa uma gravura de uma dama do tempo dos Bórgias e quis ter a possibilidade de beijar a mão a Sua Santidade. Sentia-se ao mesmo tempo honrado e desejando por outro lado ser visto, no meio das personalidades mais importantes: Cardeais, Bispos, Presidente Marcelo (o seu herói) e quiçá o Costa que já o tinha avistado no Parque Eduardo VII.

Toca de esperar a saída de algum Bispo ou Cardeal da Nunciatura, para se precipitar de joelhos e de lhe beijar a mão, apresentando os protestos do maior respeito.

Só que a PSP, não o deixava sair do espaço aonde estavam os outros peregrinos. Alguém, disse, que um dos Cardeais que saía nesse momento se chamava Cairolli e o Peninha, com toda a força dos seus pulmões grita em voz muito alta : - Eminência, Cardeal Cairolli e este vira a cara  para donde vinha o grito e aproximou-se e a PSP deixou o Peninha ir ao encontro.

Beijou-lhe o anel e disse em português: Vossa Eminência dá-me a honra de almoçar comigo no McDonalds aqui bem perto, para podermos conversar?

O Cardeal que ia almoçar sózinho, achou uma boa ideia até porque apesar do seu apelido italiano, era brasileiro e falava português corrente.

Entraram no restaurante e Peninha levou o Cardeal até um dos visores aonde se pode encomendar on-line e o Cardeal escolheu um hamburguer de queijo e como bebida uma coca-cola e Peninha, logo bruto, escolheu um hamburguer duplo de presunto, um batido e um sunday de chocolate.

Quando chegou o momento de pagar, o Peninha, disse que ia levantar dinheiro, mas o Cardeal disse-lhe que não era preciso e que ele pagava.

Peninha disse-lhe que era "amigo" do Presidente da República e nomeou outras individualidades da Igreja Portuguesa, que o Cardeal não conhecia bem, e solicitou-lhe que pudesse arranjar maneira de o fazer falar com o Papa Francisco e beijar-lhe o anel e pedir as bençãos para a sua família.

O Cardeal Cairolli ficou um pouco calado e disse-lhe que se o Peninha fosse humilde e simples, a melhor e mais fácil maneira, seria a do Cardeal pedir ao Núncio Apostólico, dono da casa aonde se encontrava alojado o Papa, admitir o Peninha como jardineiro e como o Papa, todas as manhãs, ia passear no jardim e falava com os jardineiros, assim poderia ter a oportunidade de lhe falar.

Peninha, teve um baque no seu coração e na vaidade, mas pensando bem se era a única oportunidade, aceitou.

O Cardeal ficou com o número de telemóvel do Peninha e no meio da tarde um secretário da Nunciatura pediu-lhe se ele comparecia para ser admitido, temporàriamente, como jardineiro.

Peninha assim fez, e conseguiu entrar no jardim da Nunciatura, aonde o chefe dos jardineiros lhe disse que ele dormiria com os outros numa tenda provisória, num colchão cama, e que os banheiros e outras necessidades poderiam ser feitas nuns WCs portáteis.

Peninha ficou a meditar nesta situação pois implicava uma modéstia e simplicidade, mas de que ele tinha ouvido o Papa falar e sabia-se que ele próprio as praticava!

Na manhã seguinte às 6h da manhã, todos acordaram e deram-lhes tarefas. Ao Peninha coube-lhe tratar de cactos cheios de picos, mas que usando umas luvas grossas, não magoavam.

Às tantas sai o Papa sòzinho do edifício da Nunciatura para o jardim. Traz o Breviário nas mãos e reza concentrado sem atalhar a nada.

No fim dessas orações, quando passava por qualquer jardineiro, dava-lhe os bons-dias e abençoava-o. Se eles falassem um pouco de espanhol ficava uns minutos à conversa.

Quando chegou perto do Peninha, viu-o a tratar dos cactos, e louvou-o pelo sacrifício doloroso que tais plantas causavam, e lembrou que Jesus quando se retirou para o deserto, eram só cactos que serviam para extrair um pouco de água, para Ele beber.

Peninha, aproveitou, no seu castelhano manhoso, para dizer a Sua Santidade que era muito importante e que conhecia muita gente no Governo e era amigo do Presidente.

O Papa olhou-o com caridade e bondade e disse-lhe: - não te gabes, segue tendo esta vida modesta e simples e o Senhor te ajudará a seres um bom cristão. Olha, o Presidente, de uma forma menos formal contou-me uma anedota picante a propósito do PM. Por uma questão de sensibilidade deitei-me para trás da minha cadeira de rodas a rir, e ia caindo.

E afastou-se dando-me a benção apostólica e seguiu falando com outros jardineiros.

Como vaidoso que o Peninha era, fez circular entre os amigos e desconhecidos que o Papa lhe tinha concedido uma audiência no jardim da Nunciatura.

Numa meditação pública que o Papa fez mencionou que tinha encontrado um modesto jardineiro, chamado Peninha, e que se ocupava de cactos, no Jardim da Nunciatura. Ora Jesus, no deserto, também se saciava de água dos ditos cactos.

Peninha, furioso, resignou a ser católico e decidiu ir até à Igreja Evangélica, do Bispo Edir Macedo, o qual estava preso por vários crimes de entre eles droga, bens imobiliários de grande valor no Brasil, à custa dos seus fiéis.

Peninha pensou: ora aqui está uma oportunidade de eu ser nomeado chefe desta Igreja e depois daqui uns anos falar com o Papa de tu para tu!

Entretanto, tirando as luvas, distraiu-se e fez um gesto de soberba, passando a mão por um enorme pico do cacto que estava próximo dele.

Caui para o lado, deitando muito sangue e teve que ir de ambulância para o Hospital. Não era nada de grave e foi cosido e depois foi para casa, tendo que voltar para renovar o penso.


 

 

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