terça-feira, 18 de julho de 2023

Segundo Conto (final)


  Os pais de Nina, já depois de uma convivência diária de vários meses entre os dois, resolveram convidar Luis para ir almoçar lá a casa. Só o conheciam de fotografias com Nina e se bem que tivesse um ar de rapaz bem-educado, a paixão de Nina por Luis, era escaldante, aumentando de dia para dia e não pensava noutra coisa senão em breve propor a Luis que se casassem.

Como era habitual, Luis já tinha levado Nina para a cama, e davam-se muito bem e ele era um bom amante. Nina era a primeira vez que tinha tido relações sexuais e espantava-se com a facilidade com que Luis dominava-a na cama em prazeres de que ela nunca tinha ouvido falar.

Até desconfiava que ele já tivera muitas outras namoradas pois a experiência era grande, mas não lhe perguntou nunca pois sentia como uma espécie de ciúme...que disparate, um dia ele lhe contaria, já depois de casados.

Tinha finalmente dito o nome dele, Luis Maria Branco e Nina disse-o aos pais que se puseram a procurar entre os amigos pessoais e profissionais. Entretanto, surgiu o convite para ir lá casa e numa conversa fluida e normal ao almoço perguntariam várias questões que tinham preparado.

- Olá Tia Madalena, disse o Luis quando cumprimentou a mãe de Nina, beijando-lhe a mão. Deixou muito boa impressão, pois era o comportamento esperado de alguèm bem-educado sem nenhuma intimidade.

Enquanto Nina foi buscar umas bebidas e uns aperitivos, Luis ficou a conversar com o pai de Nina.

Comentaram a política e Luis mostrou-se equilibrado nas suas opiniões, deixando sobretudo Paulo, o nome do pai de Nina, expandir-se nos seus comentários. Luis, apercebeu-se que Paulo tinha muitos amigos na política e na sociedade, pois não parava de os nomear.

Entretanto, quer Nina quer Madalena, estavam caladas ouvindo o pai e o marido, com uma certa discordância de o ver a manipular a discussão e não dar a ocasião a Luis de se pronunciar.

Foram para a mesa, e Madalena disse a Luis que eram uma família devota e católica, e que rezavam sempre no princíopo das refeições, e Luis recolheu-se abaixando a cabeça e no fim benzendo-se depressa.

O almoço era uma sopa fria, vichysoise, que Luis nunca tinha comido, mas viu pegarem nas chícaras e beberam-na devagarinho. Assim o fez também.

No intervalo, decidiram então fazer, amàvelmente, umas perguntas a Luis.

- O apelido era só Branco?  - Luis respondeu que nunca se interessou pela história da família, mas tinha ouvido que vieram do Brasil. Já não conheceu nenhum dos avós.

- E o pai fazia o quê? - O pai passava a vida a viajar, sobretudo para o Brasil, onde tinha negócios.

Luis antecipando-se à pergunta seguinte, disse que o pai nunca falava em casa dos negócios e nem a mãe sabia. Era uma pessoa muito reservada, mas dava uma boa vida à mãe e a ele, filho único.

- E a tua mãe, trabalha? Luis repondeu que não, que era uma dona-de-casa.

Veio um criado servir o primeiro prato que eram espargos cozidos com mayonaise e Luis viu que todos pegavam à mão os espargos e deixavam a parte mais dura no prato. O resto era todo comido. Luis assim fez, também.

Nina, meteu conversa e gabou Luis dizendo que ele dançava muito bem e era admirado pelos amigos. Luis aproveitou para falar do tipo de música de que gostava, o que para os pais de Nina, era "chinês" pois só conheciam as clássicas do seu tempo.

O criado de novo, trouxe uma travessa com carne assada às fatias muito fininhas e acompanhadas de batata palha e molho espesso de maçã.

Comeram com muito apetite e naturalmente, enquanto se come, tem-se a boca fechada e calada. No fim e antes da sobremesa, voltaram mais umas perguntas:

- Onde morava e em que bairro? Luis disse que estava em casa de um amigo que morava na Estrela, porque estudavam juntos Direito, na Católica.

A sobremesa era um pudim de gelado de nata com morangos à volta e chantilly. Luis viu-se um pouco atrapalhado para cortar uma fatia e Madalena, ajudou-o naturalmente.

Passaram de novo para a sala para beberem cafés e eventualmente um drink que Luis, porventura, lhe apetecesse.

Nisto toca o telemóvel de Luis e ele pediu licença para atender e esteve um pouco apartado em conversa com alguém. Voltou, e com um ar tímido e atrapalhado, disse que era o amigo da Universidade, que lhe disse que ele teria no dia seguinte uma oral importante.

Pediu se podia ir e se não ficavam ofendidos e disse à Nina que depois do exame no dia seguinte a vinha buscar, mas tinha que rever a matéria sem falta.

Concordaram sem qualquer rebuço e quando Luis agradeceu o óptimo almoço de que tinha gostado muito, os pais de Nina foram muito afáveis e disseram que tinham tido muito gosto em conhecê-lo e seguramente haveria muitas outras oportunidades de voltarem a almoçar juntos.

Nina deu-lhe à despedida um beijo muito ternurento e desejou-lhe boa sorte.

Nina passadas umas semanas começou a ter dores na barriga e a mãe levou-a ao médico da família, de Clínica-Geral e ele depois de a examinar, disse com um sorriso aberto para Nina e para a mãe:

- A Nina vai ter um bébé! 

Nina e a mãe ficaram atónitas e recompuseram-se dificilmente perante o médico, e sairam do consultório.

A conversa ao jantar foi silenciosa e escassa. - è do Luis, não? - perguntou o pai.

Nina disse que sim, e apesar de ter planos para se casarem mais tarde, quando melhor se conhecessem,  ficou angustiada pela pressa e pelo descuido dele.

Passaram dois dias, e o Luis, tal como tinha prometido de a ir buscar quando acabasse o exame, não foi. E mais, o número de telefone foi cancelado e era daqueles sem identificação, com um simples SIM card.

Nina não sabia aonde morava o amigo com quem estudava, nem a sua residência habitual....nada...

Paulo, pai de Nina, começou a actuar e deu parte à Polícia com um fotografia comum do Luis com Nina, mas aonde se via pouco os detalhes da cara dele. O nome também foi dado.

Semanas depois, o nome era falso, e a Polícia tinha rigorosamente scaneado fotografias de delinquentes e pareceu-lhe que talvez pudesse ser um jovem do Casal Ventoso, ligado à droga, mas sem certeza nenhuma.

Em casa de Nina, espalhara-se o terror, a tristeza e a indignação, mas tinham que cuidar de Nina cuja barriga se começava a ver. 

Meses depois, vieram a confirmar que se chamava Ogando, tinha fugido para o estrangeiro e era filho e neto de ladrões de telefonias de automóveis, no bairro da Musgueira.

Nina deu à luz um bébé rechonchudo e lindo, igual ao pai e chamaram-lhe Luis!

3 comentários:

  1. Terminou a história?O que acontece com a criança?

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  2. Terminou a história?E a criança ,o que acontece com ela?

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  3. A Nina ficou uma mãe solteira e educou muito bem o filho e quiçá mais tarde encontrou um marido e foram muito felizes....nunca se é...ahahahahah

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