O Peninha anda meio perdido
Regressou do enterro da Rainha e de repente, admirando tanto a Inglaterra, vê que há uma crise grande quer de chefias quer financeira. A libra tem baixado imenso e o Peninha tinha umas poupanças nessa moeda e agora ao chegar a Portugal, não sabe o que fazer.
Anda enervado sobre o futuro de Portugal, vê o seu ídolo Marcelo ser atacado, o Costa sempre a viajar para reuniões na Europa (ele lá sabe porquê), a vida a aumentar diàriamente por causa da inflacção, as taxas de juro a subir (tem um empréstimo a correr com uma taxa de montante mensal de pagamento ao banco de €100,00 e já aumentou para €330,00!
Decidiu escrever ao Chefe do Estado que tanto admira, um conjunto de sugestões que têm sido objecto das suas reflexões íntimas:
1. O Presidente seria também o Primeiro-Ministro, com 2 ordenados e tipo ditadura, só ele é que mandava, ainda por cima sendo tão inteligente.
2. Os Ministros e o Governo seriam nomes sonantes mas ou sem resistência às ordens recebidas ou tão estultos que só fariam figura em altas cerimónias oficiais.
3. Não era preciso Parlamento nem distintos partidos de cores políticas diferentes, pois era o Chefe de Estado que mandava fazer as leis no seu gabinete.
4. Havia um corpo de conselheiros de confiança que tratavam de governar a Nação.
5. A Polícia não permitia manifs nem greves... porrada que fervia e prisões a pão e água.
6. Só um pequeno grupo de grandes empresários fiéis tinham satisfeitas as suas necessidades para se tornarem cada vez mais ricos.
7. A taxa máxima de imposto era de 3%.
8. Quanto aos pobres, desempregados e sem casa, o Presidente visitaria cada recanto do país e com selfies resolveria os assuntos.
Mandou assim, ansioso e esperançoso uma carta para Belém em papel perfumado e foi levá-la em mão ao Chefe de Gabinete.
Dois dias depois recebeu do Sargento da Guarda de Belém um telefonema para ir falar com a secretária do Chefe de Gabinete do Palácio, pois tinha uma resposta para ele.
Volveu a Belém e disseram-lhe para ir falar com a d.Indalécia que era a secretária do Chefe de Gabinete.
Foi-lhe entregue um envelope timbrado da Presidência da República, fechado.
Agradeceu e saiu e só na rua o abriu. Tinha o papel timbrado do Chefe do Gabinete do Presidente com uma linha pequena escrita à mão:
- Paneleiro! Entregar uma carta para o Presidente toda perfumada! Nem abri, rasguei-a e directa para o caixote do lixo!
Peninha ficou branco e sentiu-se mal e foi de urgência para o hospital.