Peninha, acordou cedo, e começou a arranjar-se. A pele de leão com que iria vestido, pesava arrobas, e como não tinha dinheiro para um táxi, teria que ir a pé. Estava um pouco preocupado com as reacções de surpresa que pudesse causar nos passeios, nos bairros mais pobres, moceques, na miudagem e até nos outros animais que poderia encontrar em Luanda.
Lá se pôs a caminho e ao passar numa tabanca ali perto, verificou que um saguí já crescidinho, tentou encetar conversa com ele na linguagem da floresta. Uma data de gente negra rodeou-os, fazendo troça do Peninha- "boa mano! pra onde vais?" e batendo palmas num misto de admiração e de crítica.
O saguí vendo que Peninha não lhe respondia, começou a guinchar em tom muito alto e seguido e o Peninha teve medo que estivesse a chamar os da sua tribo e a muito custo começou a correr pela marginal, pois o raio da pele de leão era pesada "pra burro"!
Já estava povo de cada lado dos passeios à espera da passagem dos cortejo com a urna e Peninha reparou que vários Chefes de Estado antecipavam-se à chegada do cortejo e iriam esperá-lo no mausoléu Agostinho Neto.
De repente lembrou-se de que entre os convidados estaria o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, que sabia reconhecê-lo como seu admirador, pois já tinha tirado várias selfies com ele. Pôs-se a prestar atenção a quem vinha dentro dos carros oficiais, e sùbitamente viu aproximar-se o carro oficial com a bandeira portuguesa, e dentro o seu amado Presidente.
O cortejo ia num pára arranca e Peninha desata a gritar: "Presidente Marcelo, ó Marcelo" atraindo às tantas, as suas atenções. Marcelo, viu que era um branco, português e com uma pele de leão e deu ordens ao motorista para parar, e saiu do carro dirigindo-se ao Peninha.
" Ó homem que está a fazer aqui, assim nesta figura ( contendo-se para não rir)?"
Peninha respondeu-lhe que era para honrar Angola e o seu falecido Presidente, e por outro lado tentar conseguir uma selfie com o seu querido Presidente Marcelo, que muito admirava, tendo mesmo endividado-se para fazer a viagem.
Marcelo enterneceu-se com a sinceridade de Peninha, e tirou uma selfie com ele vestido com a pele de leão. Peninha pediu-lhe se aceitava tirar outra selfie, com ele sem a pele de leão e Marcelo disse-lhe:" vá despache-se a despir esse traje. mas não está nú por debaixo, não?" perguntou aterrorizado.
" Não, Senhor Presidente" e de repente aparecem umas cuecas à Tarzan, com a cara de Marcelo estampada nas zonas mais sensíveis....
Marcelo recusou-se a tirar outra selfie, e apressou-se a entrar no carro oficial. As tropas especiais do GOE que o acompanhavam aproximaram-se de Peninha, mas Marcelo disse-lhes que o largassem.
Peninha regressou a Lisboa nessa noite, esperando que o Presidente Marcelo também fosse nesse voo, mas como vinha sentado na última fila e ainda com o traje de leão, não pôde sair do lugar toda a viagem.
Teve um momento de necessidade para ir ao "toilette" e não o deixaram, de maneira que quando saiu no fim da viagem, tinha deixado um presente no seu lugar e uma mensagem..."com as carícias do Rei Leão".
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