PENINHA voltou de férias
O Peninha foi de férias para uma aldeia do outro lado da fronteira, perto de Badajoz. A inflacção também o afectou e com o salário baixo que recebe não se pôde dar a luxos.
Ficou num quarto de uma pensão, suficientemente cómodo para dormir. A maçada é que o colchão tinha pulgas e acordava de manhã cheio de bubões e com imensa comichão pelo corpo todo.
Queixou-se à dona da pensão e ela prometeu-lhe ir a Badajoz comprar um mata-bicho!
Chamava-se Doña Perpétua e de facto o nome correspondia à idade, pois tinha quase 90 anos e estava em óptima forma.
Fazia muito calor e o Peninha saía cedo para explorar os arredores do campo, e notou que o Circo Chen estava a montar tendas para ficar na aldeia uns 5 dias. Panejamentos descoloridos nas tendas, dando a presumir que o negócio estava mau e não dava para uma renovação do material.
Peninha meteu conversa com um don Álvaro, cigano, e perguntou-lhe se ainda havia chineses como proprietários, dado o nome de Circo Chen. Ele respondeu-lhe que há muito tinha sido vendido à sua família cigana.
Peninha quis saber se ainda havia tigres e leões, e ele disse-lhe que por causa de um partido político português de nome PAN, os animais tinham sido banidos dos espectáculos, o que tinha causado avultados prejuízos, pois o público era um grande entusista das malabarices que os animais faziam, ainda por cima sendo bem tratados pelos domadores.
don Álvaro, confessou-lhe que estava pereocupado porque um dos primos ciganos tinha ido para Portugal, e fazia um número de leão, pois hoje em dia fazem-se imitações de grande qualidade e ele fazia uns números com a pele de leão. Perguntou ao Peninha se conhecia alguèm que o pudesse substituir, pois pagavam bem.
Peninha confessou-lhe que era a primeira vez que estava nessa aldeia e não conhecia ninguém. No entanto ( pensando no dinheiro que poderia ganhar - mais uns €500 ) ofereceu-se para o papel de leão.
Lá foram os dois para dentro da tenda, don Álvaro todo contente, e Peninha meteu-se dentro da pele do leão, que lhe assentava que nem uma luva. Treinaram uns saltos a quatro pés no meio de uma argola, uns rugidos em cima de um tamborete, e umas voltas pela arena junto do futuro público da primeira fila, rugindo.
Tendo sido anunciado que o Circo Chen voltara a ter um leão equilibrista, e a publicidade tendo inclusivé passado de Badajoz para Portugal, à noite estava um casão.
Acontece que alguns militantes do CHEGA e André Ventura estavam a passar férias em Badajoz e resolveram ir à noite a um circo chinês, sem saberem que era actualmente de ciganos.
Lá se sentaram na primeira fila, e quando o espectáculo começou, com uma pequena apresentação do programa, André Ventura mexeu-se incomodado por ter percebido que o apresentador era cigano. Estavam em Espanha, numa aldeia cheia de espanhóis e nada disse. Os correlegionários, nem deram por isso e nem reagiram.
Quando chegou a vez do Leão/Peninha, este entrou a quatro patas ( o que lhe custava um pouco não pelo exercício, mas pela ideia de ser um animal irracional...) e a sala ficou suspensa! Peninha avançava com garbo e altivez e deu uma volta pelas primeiras filas.
Logo topou com André Ventura, que Peninha detestava pela sua "luta" racista contra os ciganos.
Ao invés de ser só don Álvaro, veio a troupe toda dos ciganos do Circo Chen, falarem para o público demonstrando a satisfação de terem um felino no novo cartaz.
Nisto, André Ventura, levanta-se e começa aos gritos a dizer mal da raça cigana e que não tolerava estar num espectáculo por eles representado.
O leão/Peninha deu um salto para o lugar em frente da primeira fila no lugar de André Ventura e lançou-se sobre ele e deu-lhe uma coça das grandes.
Toda sala aplaudia e André Ventura saiu no meio de apupos e assobios e metendo o rabo entre as pernas fugiu para Portugal
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