Os olhos
São dos órgãos do corpo humano de que mais gosto.
Para além de haver homens e mulheres com um colorido nos olhos nunca imaginado, e serem atractivos, podem ser sensuais, caridosos, serenos, irritadiços, odiosos.
Mas o que mais me desperta a curiosidade é o ver, observar, manipular, julgar, amar e receber o amor.
Podem ser olhos aldrabões como o deste homem, também podem agir mal ou bem, no seguimento do que vêem, e sem os olhos vivos a verem, a vida dos cegos transforma-se, para quem não desiste de viver, num aperfeiçoamento do ouvido, na toada de sons, reconhcendo a voz e também com as mãos sentindo as formas do corpo.
Uma vez em Paris, numa viagem de trabalho, depois de um dia cansativo resolvi ir ao cinema e assim fiz.
Na fila para a compra dos bilhetes, reparei numa rapariga nova, linda, mas sobretudo com uns olhos que me trespassaram. Estava sòzinha e aproveitei para me dirigir a ela e dizer-lhe de chofre, que os olhos dela eram a coisa mais bonita que eu tinha visto.
Não respondeu ao cumprimento mas perguntou-me se eu queria comprar um bilhete ao lado dela.
Paguei, cavalheirescamente, as duas entradas uma ao lado da outra e antes de começar o filme parecia que os meus olhos estavam grudados nos dela, que não baixava o jogo, e me fazia sentir com um doce olhar, tudo quanto dois desconhecidos, se poderiam dizer.
Passámos o filme sem sequer olhar para a tela e a um dado momento saímos para o foyer aonde não estava ninguém, pois não tinha chegado ainda o tempo do intervalo.
Aproximámo-nos um do outro e abraçámo-nos, mantendo-nos envolvidos sem nada dizer até que nos beijámos sôfregamente e descansámos.
É sobre os olhos dela que contei esta história, por isso ficamos por aqui e com um conselho: não percam de vista uns olhos bonitos, maravilhosos de que não há réplica igual no mumdo.
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