Como Regedor do Senhor Roubado, fui, a convite do Instituto da Cultura Regional ( não existe) fazer uma visita a umas ruínas encontradas na minha freguesia.
Fui vestido de preto, com uma gravata negra, um botão de rosa na lapela e um chapéu de feltro também escuro.
Podia haver alguns restos mortais e competia-me mostrar-lhes o maior respeito.
Lá chegámos a uma vila romana, meia destruída e sem muita graça, e o Director do Instituto da Cultura Regional, deu ordem aos coveiros para começarem a escavar, mas com delicadeza.
Fomos descobrindo muros de quartos e salas de casas e de repente vemos deitado numa cama do Ikea um esqueleto de ouro.
Perguntei logo: - está vivo? Olharam todos para mim com um ar de troça e confirmarm-me que não.
Foi levado para o meu gabinete e pendurado na parede principal, o que fez o retrato oficial do PM que todas as Instituições do Estado, têm que mostrar a quem as visita ( ainda tenho guardada a do Dr. Salazar) vir para baixo rés-vés- Campo de Ourique.
Passei a consultar o esqueleto de ouro todas as vezes que queria tomar uma decisão: como não me respondia, fazia sempre o que queria.
A minha esposa foi um dia ao meu gabinete para ver o esqueleto e como era esperta, e agora com a crise e a inflacção, havia menos dinheiro, disse-me:
- Tive uma ideia, vou ao talho agora comprar umas costelas de porco. Que tal tirar uma de ouro, para mandarmos para a Suiça, e trazer uma de porco para a colarmos aonde faz falta....
Eu tinha com ela uma conta na Suiça que tinha dinheiro fácil...digamos assim...e achei uma óptima ideia, concentrei-me a ler um papel indiferente para não a ver roubar a costela.
E assim fomos fazendo a todo esqueleto, excepto as partes sexuais, e vinha um pintor meu amigo pintar de dourado as costoletas de porco que ficavam, iguaizinhas.
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